quinta-feira , 14 novembro , 2024

Crítica | A Vida Pode Mudar – Romance da Netflix é igualzinho àqueles de banca de jornal

Quem se amarra num romancezinho fofinho como aqueles livros vendidos em bancas de jornal, em tamanho de bolso, sabe exatamente o que significa a expressão “romance de banca de jornal”: histórias de amor do tipo mocinha encontra mocinho, em que os dois se apaixonam ou resgatam uma paixão mal resolvida do passado e que, independentemente da época em que se passa, a trama é centrada na realização amorosa do casal. É exatamente assim que é ‘A Vida Pode Mudar’, filme que já entrou direto no Top 10 da Netflix já na semana de seu lançamento.

Laura (Saskia Hampele) é uma advogada super dedicada ao trabalho, entretanto, mesmo assim não consegue a promoção de virar sócia da empresa. Então, o poderoso bilionário Graham (Martin Portus) aparece na empresa com um pedido muito especial: quer a ajuda de Laura para convencer o neto dele, Chip (Liam McIntyre), a assinar o contrato de sucessão na empresa da família, para que Graham se aposente tranquilamente. Isso significa que Laura precisa voltar para a ilha onde cresceu, Sapphire Cove, o que pode acabar reacendendo não só as memórias da infância, mas uma paixonite pelo seu melhor amigo.



Como dá para ver, o plot de ‘A Vida Pode Mudar’ segue direitinho a cartilhinha do romance romântico de entretenimento, reforçado pela belíssima paisagem de Queensland, ao nordeste da Austrália, que serviu de locação para as gravações paradisíacas da fictícia ilha de Sapphire Cove. Ou seja, uma ilha dos sonhos e um romance de pano de fundo não tem como dar errado, né?

Mas tem, pois o roteiro de Georgia Harrison foca exclusivamente no desenvolvimento do romance do casal protagonista, em dar andamento à proposta da relação dos dois – Chip fala que vai ler uma página do contrato para cada aventura que Laura se dispor a viver com ele, desconectando-a do trabalho excessivo dela –, de modo a pouco costurar não só os personagens secundários como até mesmo os dramas dos protagonistas. A ambição da melhor amiga, Gem (Lynn Gilmartin), de se tornar gerente geral do hotel, fica descompassada com a inquietação da protagonista de convencer o amigo a assinar o contrato, ao ponto de, de repente, Gem abandonar o trabalho para consolar a amiga; o noivo da protagonista aparece e sai de cena com a mesma velocidade, como uma pedra no meio do caminho que nem precisava existir; entre outras impaciências do roteiro. Parte disso recai na edição final do filme de Christine Luby, que picota a história paralela de tal modo, que literalmente deixa os próprios personagens perdidos em cena.

Mas ninguém procura um filme como ‘A Vida Pode Mudar’ para analisar a parte técnica da produção, mas sim para ser embalado por uma história de amor. Neste quesito, ‘A Vida Pode Mudar’ é um filme que deslumbra muito pela paradisíaca paisagem, com um casal protagonista com uma química razoável porém que conduz o enredo com um tom leve de um amor de verão. Não é um filmaço, mas consegue fazer o espectador sonhar com uma paixão à beira do mar.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Laura (Saskia Hampele) é uma advogada super dedicada ao trabalho, entretanto, mesmo assim não consegue a promoção de virar sócia da empresa. Então, o poderoso bilionário Graham (Martin Portus) aparece na empresa com um pedido muito especial: quer a ajuda de Laura para convencer o neto dele, Chip (Liam McIntyre), a assinar o contrato de sucessão na empresa da família, para que Graham se aposente tranquilamente. Isso significa que Laura precisa voltar para a ilha onde cresceu, Sapphire Cove, o que pode acabar reacendendo não só as memórias da infância, mas uma paixonite pelo seu melhor amigo.

Como dá para ver, o plot de ‘A Vida Pode Mudar’ segue direitinho a cartilhinha do romance romântico de entretenimento, reforçado pela belíssima paisagem de Queensland, ao nordeste da Austrália, que serviu de locação para as gravações paradisíacas da fictícia ilha de Sapphire Cove. Ou seja, uma ilha dos sonhos e um romance de pano de fundo não tem como dar errado, né?

Mas tem, pois o roteiro de Georgia Harrison foca exclusivamente no desenvolvimento do romance do casal protagonista, em dar andamento à proposta da relação dos dois – Chip fala que vai ler uma página do contrato para cada aventura que Laura se dispor a viver com ele, desconectando-a do trabalho excessivo dela –, de modo a pouco costurar não só os personagens secundários como até mesmo os dramas dos protagonistas. A ambição da melhor amiga, Gem (Lynn Gilmartin), de se tornar gerente geral do hotel, fica descompassada com a inquietação da protagonista de convencer o amigo a assinar o contrato, ao ponto de, de repente, Gem abandonar o trabalho para consolar a amiga; o noivo da protagonista aparece e sai de cena com a mesma velocidade, como uma pedra no meio do caminho que nem precisava existir; entre outras impaciências do roteiro. Parte disso recai na edição final do filme de Christine Luby, que picota a história paralela de tal modo, que literalmente deixa os próprios personagens perdidos em cena.

Mas ninguém procura um filme como ‘A Vida Pode Mudar’ para analisar a parte técnica da produção, mas sim para ser embalado por uma história de amor. Neste quesito, ‘A Vida Pode Mudar’ é um filme que deslumbra muito pela paradisíaca paisagem, com um casal protagonista com uma química razoável porém que conduz o enredo com um tom leve de um amor de verão. Não é um filmaço, mas consegue fazer o espectador sonhar com uma paixão à beira do mar.

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