domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | A Vilã – ‘Atômica’ sul coreana com esteroides

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A Assassina

Para um filme obter um bom resultado não é necessário o mais criativo dos roteiros. Um roteiro inovador nem sempre renderá o melhor dos filmes. A Vilã aposta em certa reciclagem de temas em seu roteiro, mas compensa com todo o resto.

Produção sul coreana, escrita e dirigida por Jung Byung-gil, o filme mostra a que veio já em sua primeira cena, nos jogando dentro da ação sem tempo para retomar o fôlego numa mistura da cena do corredor de Oldboy (2003) com a estética de primeira pessoa, na qual vemos tudo pelos olhos do protagonista, no caso a própria câmera. Uma cena dificílima e extremamente elaborada. Que abertura para um filme de ação!



Como dito, A Vilã é um deleite desde a largada. Uma obra criativa em sua confecção, que abusa em quebrar as estruturas do cinema de gênero. Devo deixar claro também que este é um filme de ação, então espera-se AÇÃO. E neste quesito, poucos filmes foram tão inventivos, não somente neste ano, quiçá nesta década.

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São constantes as cenas desafiadoras de nossa compreensão em tentar decifrar como foram rodadas. Ao contrário das enfadonhas telas verde, nas quais tudo é criado de forma artificial, sem qualquer apreço artesanal por sabermos que nada está verdadeiramente ocorrendo, A Vilã é um filme old school, que chuta categoricamente o traseiro de qualquer superprodução leite com pera hollywoodiana. Tudo é feito na marra: coreografias, uso de dublês e efeitos práticos. Os efeitos de computador aqui até existem, mas são usados de forma imperceptível – na maioria substituindo o sangue que jorra dos corpos atingidos por balas.

Outro momento pra lá de memorável é a perseguição, seguida de luta, entre a protagonista em seu veículo, colidindo com dois outros assassinos. Este momento é desde já icônico para o gênero, e sem precedentes. Trata-se de uma luta em alta velocidade entre três motos dentro de um túnel. Simplesmente fantástico. São inúmeras cenas como esta, que não valem ser reveladas para não estragar, ao longo de seus 129 minutos (tempo de duração que poderia ser um pouco reduzido, sem afetar tanto a intenção).

Na trama, Sook-hee, papel da gracinha Kim Ok-bin (Sede de Sangue, de Park chan-wook) é uma exímia assassina. Após ser presa numa noite depois de ter promovido um verdadeiro massacre, a jovem furiosa recebe o mais radical dos extreme makeover. Assim como Nikita – Criada para Matar (1990), do francês Luc Besson, clara influência do filme, a mulher é treinada por uma agência secreta do governo para missões e assassinatos, que só ela e suas companheiras de trabalho são capazes de realizar. Desta forma, ela recebe uma segunda chance.

Depois de cumprir sua cota de missões na agência, é prometida a ela a liberdade. E daí surge uma nova etapa em sua vida, assim como em Nikita. Quando estive fazendo a cobertura do Festival de Toronto este ano, pude assistir ao novo trabalho do cineasta chinês John Woo, considerado o rei da ação asiática por muitos anos, reputação que trouxe consigo quando começou a filmar em Hollywood. Manhunt exibe algumas faíscas do cinema fervoroso do cineasta, mas deixou a desejar por não ir fundo na mescla entre roteiro de gênero e ação desenfreada bem construída. A Vilã faz exatamente isso.

Se por um lado, o filme é dono de um roteiro que se apropria de diversas outras histórias do gênero, seja na forma de homenagem ou coincidência (aqui podem ser encontrados elementos de Atômica, Kill Bill, Operação Invasão e Hardcore: Missão Extrema, além da citada Nikita), por outro consegue ter sua própria voz e ser refrescante o suficiente para entregar momentos técnicos tão elaborados que sobressaem qualquer descrença. É impossível ser indiferente em relação a este nível de empenho dos realizadores. A Vilã bate e bate forte, clamando o posto de filme de ação do ano. E eu que não irei dizer que não é.

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Produção sul coreana, escrita e dirigida por Jung Byung-gil, o filme mostra a que veio já em sua primeira cena, nos jogando dentro da ação sem tempo para retomar o fôlego numa mistura da cena do corredor de Oldboy (2003) com a estética de primeira pessoa, na qual vemos tudo pelos olhos do protagonista, no caso a própria câmera. Uma cena dificílima e extremamente elaborada. Que abertura para um filme de ação!

Como dito, A Vilã é um deleite desde a largada. Uma obra criativa em sua confecção, que abusa em quebrar as estruturas do cinema de gênero. Devo deixar claro também que este é um filme de ação, então espera-se AÇÃO. E neste quesito, poucos filmes foram tão inventivos, não somente neste ano, quiçá nesta década.

São constantes as cenas desafiadoras de nossa compreensão em tentar decifrar como foram rodadas. Ao contrário das enfadonhas telas verde, nas quais tudo é criado de forma artificial, sem qualquer apreço artesanal por sabermos que nada está verdadeiramente ocorrendo, A Vilã é um filme old school, que chuta categoricamente o traseiro de qualquer superprodução leite com pera hollywoodiana. Tudo é feito na marra: coreografias, uso de dublês e efeitos práticos. Os efeitos de computador aqui até existem, mas são usados de forma imperceptível – na maioria substituindo o sangue que jorra dos corpos atingidos por balas.

Outro momento pra lá de memorável é a perseguição, seguida de luta, entre a protagonista em seu veículo, colidindo com dois outros assassinos. Este momento é desde já icônico para o gênero, e sem precedentes. Trata-se de uma luta em alta velocidade entre três motos dentro de um túnel. Simplesmente fantástico. São inúmeras cenas como esta, que não valem ser reveladas para não estragar, ao longo de seus 129 minutos (tempo de duração que poderia ser um pouco reduzido, sem afetar tanto a intenção).

Na trama, Sook-hee, papel da gracinha Kim Ok-bin (Sede de Sangue, de Park chan-wook) é uma exímia assassina. Após ser presa numa noite depois de ter promovido um verdadeiro massacre, a jovem furiosa recebe o mais radical dos extreme makeover. Assim como Nikita – Criada para Matar (1990), do francês Luc Besson, clara influência do filme, a mulher é treinada por uma agência secreta do governo para missões e assassinatos, que só ela e suas companheiras de trabalho são capazes de realizar. Desta forma, ela recebe uma segunda chance.

Depois de cumprir sua cota de missões na agência, é prometida a ela a liberdade. E daí surge uma nova etapa em sua vida, assim como em Nikita. Quando estive fazendo a cobertura do Festival de Toronto este ano, pude assistir ao novo trabalho do cineasta chinês John Woo, considerado o rei da ação asiática por muitos anos, reputação que trouxe consigo quando começou a filmar em Hollywood. Manhunt exibe algumas faíscas do cinema fervoroso do cineasta, mas deixou a desejar por não ir fundo na mescla entre roteiro de gênero e ação desenfreada bem construída. A Vilã faz exatamente isso.

Se por um lado, o filme é dono de um roteiro que se apropria de diversas outras histórias do gênero, seja na forma de homenagem ou coincidência (aqui podem ser encontrados elementos de Atômica, Kill Bill, Operação Invasão e Hardcore: Missão Extrema, além da citada Nikita), por outro consegue ter sua própria voz e ser refrescante o suficiente para entregar momentos técnicos tão elaborados que sobressaem qualquer descrença. É impossível ser indiferente em relação a este nível de empenho dos realizadores. A Vilã bate e bate forte, clamando o posto de filme de ação do ano. E eu que não irei dizer que não é.

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