quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Adam – Romance adolescente retrata comunidade LGBTQ de Nova York de forma delicada

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Exibido no Festival de Sundance de 2019, Adam é uma obra de difícil análise. A trama é relativamente simples, mas a abordagem da temática LGBTQ pode levantar inúmeros questionamentos. O lado bom é que o filme não pretende vender verdades, se mostrando sempre aberto a conversar, inclusive apresentando argumentos diversos.

Dirigido por Rhys Ernst (Transparent), um homem trans, o longa acompanha um jovem tímido chamado Adam (Nicholas Alexander) que decide passar as férias de verão na casa da irmã Casey (Margaret Qualley), em Nova York. Lésbica, ela leva o irmão para diversos espaços frequentados pela comunidade LGBTQ na cidade. Em uma festa, Adam acaba se encantando por Gillian (Bobbi Salvör Menuez), uma bela, simpática e inteligente garota lésbica. Ao conhecer Adam naquele ambiente, a jovem acaba concluindo que ele é um homem trans. Ao perceber isso, ele não corrige a garota, o que resulta em uma relação intensa entre os dois, mas sempre sob a sombra de um segredo. 



O texto de Ariel Schrag (The L World) é esperto e consegue fazer humor da situação. De forma inteligente, a roteirista nunca trata a atitude de Adam como sendo algo aceitável ou normal. Há a sensação de que é algo que começa como uma mentira inocente que vai crescendo, mas ele nunca é inocentado por suas atitudes, inclusive passa boa parte do filme se questionando. É claro que, numa condição de protagonista, o personagem é tratado com muita empatia pelo roteiro, o que pode levar parte do público a torcer por ele. 

Ainda que soe estranho uma produção tão emblemática na questão da representação LGBTQ ter como figura principal um homem cis, hétero e branco, não dá para dizer que o diretor e a roteirista se preocuparam pouco com a questão da inclusão. De forma quase didática, mas nunca aborrecida, o filme apresenta homens gays, mulheres lésbicas, homens e mulheres trans, bissexuais, queers e por aí vai, além abordar conceitos como BDSM, lésbicas butch e muitos outros. Para quem tem a mente aberta e está disposto a se informar melhor, não deixa de ser uma oportunidade na forma de uma comédia romântica adolescente.

Num mundo cada vez mais repleto de preconceitos, o filme mostra que não há porque se ter medo da palavra “gênero”. Por sinal, a produção conta com atores trans interpretando homens e mulheres trans, com destaque para Leo Sheng e Mj Rodriguez, destaque da série Pose.

Há de se respeitar quem se incomoda com a trama de “menino cis que se passa por trans para conquistar uma lésbica”. Mas o filme é mais complexo que isso. É sobre adolescência e aprender com os erros. De certa forma, ao colocar um homem cis e hétero no papel de protagonista, o diretor se oferece como um professor para este personagem. Adam aprende muito sobre o universo queer durante o longa. E o público pode aprender com ele.

Embora possa parecer confuso em alguns momentos, principalmente por tentar abordar vários universos em um só espaço, Adam é sim uma obra repleta de boas intenções. É um filme de deixar com o sorriso no rosto. O que é cada vez mais importante nos dias de hoje.

Filme visto durante a cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

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Dirigido por Rhys Ernst (Transparent), um homem trans, o longa acompanha um jovem tímido chamado Adam (Nicholas Alexander) que decide passar as férias de verão na casa da irmã Casey (Margaret Qualley), em Nova York. Lésbica, ela leva o irmão para diversos espaços frequentados pela comunidade LGBTQ na cidade. Em uma festa, Adam acaba se encantando por Gillian (Bobbi Salvör Menuez), uma bela, simpática e inteligente garota lésbica. Ao conhecer Adam naquele ambiente, a jovem acaba concluindo que ele é um homem trans. Ao perceber isso, ele não corrige a garota, o que resulta em uma relação intensa entre os dois, mas sempre sob a sombra de um segredo. 

O texto de Ariel Schrag (The L World) é esperto e consegue fazer humor da situação. De forma inteligente, a roteirista nunca trata a atitude de Adam como sendo algo aceitável ou normal. Há a sensação de que é algo que começa como uma mentira inocente que vai crescendo, mas ele nunca é inocentado por suas atitudes, inclusive passa boa parte do filme se questionando. É claro que, numa condição de protagonista, o personagem é tratado com muita empatia pelo roteiro, o que pode levar parte do público a torcer por ele. 

Ainda que soe estranho uma produção tão emblemática na questão da representação LGBTQ ter como figura principal um homem cis, hétero e branco, não dá para dizer que o diretor e a roteirista se preocuparam pouco com a questão da inclusão. De forma quase didática, mas nunca aborrecida, o filme apresenta homens gays, mulheres lésbicas, homens e mulheres trans, bissexuais, queers e por aí vai, além abordar conceitos como BDSM, lésbicas butch e muitos outros. Para quem tem a mente aberta e está disposto a se informar melhor, não deixa de ser uma oportunidade na forma de uma comédia romântica adolescente.

Num mundo cada vez mais repleto de preconceitos, o filme mostra que não há porque se ter medo da palavra “gênero”. Por sinal, a produção conta com atores trans interpretando homens e mulheres trans, com destaque para Leo Sheng e Mj Rodriguez, destaque da série Pose.

Há de se respeitar quem se incomoda com a trama de “menino cis que se passa por trans para conquistar uma lésbica”. Mas o filme é mais complexo que isso. É sobre adolescência e aprender com os erros. De certa forma, ao colocar um homem cis e hétero no papel de protagonista, o diretor se oferece como um professor para este personagem. Adam aprende muito sobre o universo queer durante o longa. E o público pode aprender com ele.

Embora possa parecer confuso em alguns momentos, principalmente por tentar abordar vários universos em um só espaço, Adam é sim uma obra repleta de boas intenções. É um filme de deixar com o sorriso no rosto. O que é cada vez mais importante nos dias de hoje.

Filme visto durante a cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

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