Dirigido pelo sanguinolento Robert Rodriguez, ‘Alita: Anjo de Combate‘ é uma adaptação do Mangá de mesmo nome e consegue um feito até então inédito para materiais nipônicos feitos pelo cinema hollywoodiano: ser bom.
Na trama, o Doutor Ido (Christopher Waltz) estava à procura de peças no lixão quando encontrou um busto robótico ainda funcional. Ele leva a máquina ao seu consultório e dá a ela um novo corpo. A menina ciborgue acorda, testa suas novas funções motoras, mas sofre de um problema grave: ela não lembra quem é.
Conforme o filme avança, vamos descobrindo que a robozinha não é apenas uma criança tecnológica “comum”. Com um passado denso e cheio de momentos incríveis, a agora chamada Alita enfrenta os perigos da Cidade de Ferro em busca da sobrevivência e da descoberta de seu propósito ali.
A história cyberpunk destoa das outras por um simples detalhe: a protagonista é tratada como uma criança comum. Isso traz à ficção um elemento poderoso – e amplamente ignorado em outros títulos do gênero, chamado empatia. Você entende as dores da menina e sua vontade de não apenas saber quem é, mas também como ser uma jovem comum em tempos apocalípticos.
É uma história diferenciada, justamente pela simplicidade e até mesmo carisma da personagem principal. Seu relacionamento com o pai e os amigos é desenvolvido de maneira orgânica. Ela é badass, mas não precisa ser fria para isso. Tratada com um calor humano, Alita é o ponto alto de seu filme, que deixa uma ponta aberta para uma franquia de muito potencial!
Desejo antigo de James Cameron, a adaptação de ‘Alita‘ vem sendo trabalhada pelo visionário diretor e produtor desde 1999, porém, teve de esperar na fila porque ele estava envolvido com um tal de ‘Avatar‘. Após revolucionar o cinema 3D com os Gigantes Azuis de Pandora, Cameron voltou seus olhos para o Mangá. Escreveu o roteiro, se dispôs a produzir o filme e trouxe um rapaz de estilo único para a direção: Robert Rodriguez, responsável por ‘Machete’ e ‘Pequenos Espiões‘.
O diretor prova que seu talento para a violência cinematográfica é incomparável. Indo da agressão mais “clean” e leve ao gore, ele usa todas as armas possíveis para demonstrar o talento das artes marciais de Alita e, segundo o próprio James Cameron, é o “responsável” pelo funcionamento do longa.
A versão original do roteiro indicava um filme com mais de três horas. Robert leu e condensou tudo em 2h 2 minutos de uma aventura repleta de ação e conteúdo. É um filme bem dinâmico e que tem como objetivo te inserir naquele universo e fazê-lo entender como as coisas funcionam ali. E isso ele faz muito bem. Talvez até mesmo por já planejar uma franquia, a equipe trabalhou para deixar muito da história aqui, dando mais liberdade para o próximo filme ter mais elementos de ação. Mas não pense que isso faz dele um filme parado, muito pelo contrário.
Agora, o grande destaque da produção é mesmo o visual. Característica marcante de James Cameron, a concepção visual e os efeitos especiais do longa são impressionantes. Tudo parece muito real, apesar de ser um filme quase todo feito em computação gráfica. A aparência de Alita, que me preocupava bastante, é incrivelmente natural, assim como as cidades e paisagens. Palmas para a equipe de CGI.
Por fim, as únicas grandes críticas ficam ao elenco secundário e ao vilão Vector, vivido pelo talentoso Mahershala Ali. Eles acabam sendo sub-utilizados, visto que a relação da menina com o mundo toma conta do filme e move a história. Um ator do calibre de Ali poderia ser designado para um papel de mais destaque.
Com ação de primeira e um visual deslumbrante, ‘Alita: Anjo de Combate‘ é ideal para quem gosta de distopias, cyberpunk e muita ação!