quinta-feira , 14 novembro , 2024

Crítica | #Alive – Um Surpreendentemente Filme de Zumbi da Netflix

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Em 2020, a realidade superou a ficção. Com tudo que estamos passando esse ano, ficou meio sem graça, até, ver filmes e séries de zumbi, uma vez que o que estamos vivendo há mais de seis meses trouxe para a nossa realidade muitos dos aspectos comportamentais que víamos e criticávamos na ficção. Apesar disso, há muitas produções de mortos-vivos que estão surpreendendo nos últimos meses –particularmente, a Netflix parece bastante interessada no assunto, aumentando, aos poucos, seu catálogo de oferta do gênero. É o caso de ‘#Alive’, filme sul-coreano que estreou essa semana na plataforma de streaming.

Oh Joon-woo (Ah-In Yoo) acorda um dia em sua casa e vê um bilhete de seus pais com um dinheiro, pedindo para que compre comida porque não vão voltar tão cedo. Oh Joon-woo ignora-o solenemente e vai jogar videogame, porém, no meio da partida uma notícia na tv chama sua atenção: as pessoas na rua estão enlouquecendo, tornando-se zumbis de repente. Em poucos minutos a vida do rapaz muda completamente e ele se vê preso em casa, com pouca comida, e sem poder sair. Dias se passam nessa situação até ele finalmente conhecer Kim Yoo-bin (Shin-Hye Park), uma vizinha esperta que lhe dá motivação para continuar lutando por sua vida.



Matt Naylor e Il Cho construíram um roteiro calculado e equilibrado, topando o difícil desafio de narrar uma história centrada basicamente em um único personagem – que, por sua vez, não tem com quem conversar. ‘#Alive’ proporciona um bom desenvolvimento dos dilemas do protagonista em oposição aos desafios do perigo do lado de fora da casa dele. Fazendo uso da metáfora do zumbi, em uma camada mais profunda o roteiro reflete sobre o desafio dos jovens de sair da casa dos pais pela primeira vez, e, literalmente, encontrar no mundo uma selvageria que os faz querer voltar correndo para casa. É claro que poucas pessoas vão buscar sentidos metafóricos em um filme de zumbi, mas ele está presente em ‘#Alive’ e, de modo que o arco percorrido pelo protagonista é bem bonito até.



Além de colaborar no roteiro, Il Cho também dirigiu o longa, e o fez com bastante maturidade. Seus zumbis – o grande atrativo do longa – não são idiotas, ao contrário, são inteligentes e super ágeis. Il Cho acertou em investir em maquiagem e numa ótima edição para conferir dinamismo e rapidez aos seus zumbis, o que os tornou impressionantemente críveis. O diretor também alcançou um bom ritmo no seu longa, sem deixá-lo cair nem mesmo nas muitas cenas sem diálogos em que só há um personagem em cena. Por fim, vale atentar a boa competência desse diretor em gravar cenas de ação e de intensa movimentação em locais apertados, como um apartamento ou um corredor, e de ter criado um filme com basicamente apenas essas locações.

#Alive’ é um ótimo filme de zumbi, e vai muito além disso. Com bastante semelhança ao nosso 2020, é um longa que convida à reflexão sobre sobrevivência e coletividade, surpreendentemente emocionante. Ah, sim, e com zumbis maneiros correndo para todos os lados, e não se arrastando.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Em 2020, a realidade superou a ficção. Com tudo que estamos passando esse ano, ficou meio sem graça, até, ver filmes e séries de zumbi, uma vez que o que estamos vivendo há mais de seis meses trouxe para a nossa realidade muitos dos aspectos comportamentais que víamos e criticávamos na ficção. Apesar disso, há muitas produções de mortos-vivos que estão surpreendendo nos últimos meses –particularmente, a Netflix parece bastante interessada no assunto, aumentando, aos poucos, seu catálogo de oferta do gênero. É o caso de ‘#Alive’, filme sul-coreano que estreou essa semana na plataforma de streaming.

Oh Joon-woo (Ah-In Yoo) acorda um dia em sua casa e vê um bilhete de seus pais com um dinheiro, pedindo para que compre comida porque não vão voltar tão cedo. Oh Joon-woo ignora-o solenemente e vai jogar videogame, porém, no meio da partida uma notícia na tv chama sua atenção: as pessoas na rua estão enlouquecendo, tornando-se zumbis de repente. Em poucos minutos a vida do rapaz muda completamente e ele se vê preso em casa, com pouca comida, e sem poder sair. Dias se passam nessa situação até ele finalmente conhecer Kim Yoo-bin (Shin-Hye Park), uma vizinha esperta que lhe dá motivação para continuar lutando por sua vida.

Matt Naylor e Il Cho construíram um roteiro calculado e equilibrado, topando o difícil desafio de narrar uma história centrada basicamente em um único personagem – que, por sua vez, não tem com quem conversar. ‘#Alive’ proporciona um bom desenvolvimento dos dilemas do protagonista em oposição aos desafios do perigo do lado de fora da casa dele. Fazendo uso da metáfora do zumbi, em uma camada mais profunda o roteiro reflete sobre o desafio dos jovens de sair da casa dos pais pela primeira vez, e, literalmente, encontrar no mundo uma selvageria que os faz querer voltar correndo para casa. É claro que poucas pessoas vão buscar sentidos metafóricos em um filme de zumbi, mas ele está presente em ‘#Alive’ e, de modo que o arco percorrido pelo protagonista é bem bonito até.

Além de colaborar no roteiro, Il Cho também dirigiu o longa, e o fez com bastante maturidade. Seus zumbis – o grande atrativo do longa – não são idiotas, ao contrário, são inteligentes e super ágeis. Il Cho acertou em investir em maquiagem e numa ótima edição para conferir dinamismo e rapidez aos seus zumbis, o que os tornou impressionantemente críveis. O diretor também alcançou um bom ritmo no seu longa, sem deixá-lo cair nem mesmo nas muitas cenas sem diálogos em que só há um personagem em cena. Por fim, vale atentar a boa competência desse diretor em gravar cenas de ação e de intensa movimentação em locais apertados, como um apartamento ou um corredor, e de ter criado um filme com basicamente apenas essas locações.

#Alive’ é um ótimo filme de zumbi, e vai muito além disso. Com bastante semelhança ao nosso 2020, é um longa que convida à reflexão sobre sobrevivência e coletividade, surpreendentemente emocionante. Ah, sim, e com zumbis maneiros correndo para todos os lados, e não se arrastando.

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