quinta-feira, abril 18, 2024

Crítica | Alma da Festa – Lugar de Mulher é Onde Ela Quiser

Depois de surpreender a todos com sua atuação dramática em Poderia Me Perdoar? – que lhe rendeu, inclusive, uma indicação na categoria de Melhor Atriz no Oscar deste ano -, Melissa McCarthy volta a mostrar a veia cômica que consagrou sua carreira na comédia Alma da Festa – que chega direto em vídeo. Dirigido por Ben Falcone  (marido da estrela na vida real, que também faz uma ponta na história) e com roteiro assinado por ele e a esposa, o filme está longe de aparecer entre os mais marcantes de sua trajetória como comediante. No entanto, mesmo carregado de clichês e estereótipos, sua força está na mensagem que tenta passar ao apresentar uma protagonista que decide se reinventar depois de ser traída pelo marido.

A trama começa em um dia que ficaria marcado na vida de Deanna Miles (McCarthy) apenas pela entrada da filha Maddie (Molly Gordon) na faculdade. Porém, enquanto voltava para casa com o marido, ele a surpreende com uma revelação bombástica que traria novas nuances àquela recordação: queria o divórcio para poder ficar com Marcie (Julie Bowen), a corretora de seguros com quem estava mantendo um caso extraconjugal. A princípio, a reação de Deanna é de profundo desespero e desapontamento por ver um casamento de anos ser jogado no lixo por conta de uma infidelidade; porém, depois de ter uma esclarecedora conversa com seus pais, ela junta forças para refazer sua trajetória e recomeçar de onde parou. O primeiro passo seria retornar à faculdade, que acabou largando quando faltava apenas um ano para se formar a pedido do marido. E como se trata de uma comédia e qualquer elemento para gerar humor é mais do que bem-vindo, é claro que ela não iria para qualquer faculdade: Deanna se matricula na mesma instituição de sua filha, que inicialmente fica constrangida ao ver a mãe tentando fazer parte do seu universo e ciclo de amizades.

No começo, ao trazer à tona esse relacionamento entre mãe e filha, Life Of The Party (no título original) pode até fazer alguns fãs se lembrarem do seriado Gilmore Girls – onde Melissa viveu a carismática Sookie, chefe de cozinha e melhor amiga da mãe que todo mundo gostaria de ter, Lorelai Gilmore. Mas, conforme a história vai se desenvolvendo, a relação entre as duas passa a ser apenas um detalhe da trama em vez de ganhar o foco esperado. As amigas de Maddie, que ficam cada vez mais próximas de Deanna, ganham até mais destaque que ela própria – principalmente a hilária Helen, vivida pela atriz Gillian Jacobs, a melhor do grupo. Com um ótimo timing para a comédia, ao lado de McCarthy, ela é responsável pelos momentos mais engraçados do longa, conseguindo fazer rir até sem dizer nada (como na hora em que simplesmente corta um pedaço do cabelo de uma patricinha “mean girl” da faculdade).

Outro nome da comédia que também tem destaque no filme é Maya Rudolph – na pele de Christine, a melhor amiga da protagonista. Porém, ainda que seu talento para o lado cômico seja inquestionável, aqui ela não aparece em sua melhor forma devido aos excessos na composição de sua personagem. Este, inclusive, é um dos maiores defeitos do longa: recorrer ao exagero para fazer rir. O humor aqui funciona muito melhor quando é causado pelas situações vividas pelos personagens – como Deanna Miles voltando a ser adolescente ao se envolver com um garoto mais novo, por exemplo – do que quando tenta forçar momentos para que o público solte risadas (como na constrangedora cena em que um certo grupo, em câmera lenta e com trilha sonora animada ao fundo, se reúne para destruir um certo casamento).

Sem se preocupar em trazer uma narrativa diferente, Alma da Festa também pode incomodar quem procura uma comédia com uma pegada mais ousada por trazer todos os conhecidos estereótipos de filmes sobre colegiais/faculdades. Da transformação no visual da protagonista às megeras que tentam incomodar quem é diferente – passando pelas loucas festas das fraternidades, onde uma delas incluiu até uma participação da cantora Christina Aguilera -, o longa conta com todos os elementos que já estamos cansados de conhecer. No entanto, apesar de não procurar sair do lugar comum e de não saber trabalhar tão bem o choque de gerações usando a figura da filha, ele ganha pontos por colocar uma mãe, que já passou dessa fase, para viver tudo isso de novo depois de ver seu universo desabar com a traição do marido. Ainda que não siga por um viés mais dramático por se tratar de uma comédia leve, a história inspira por mostrar uma protagonista que prefere se esforçar para recomeçar em vez de chorar pelo que perdeu.

Além disso, também no caminho girl power, outro mérito do filme é trazer alguns elementos do feminismo para a trama. A sororidade entre mulheres e a valorização do intelecto antes da beleza – como na cena em que a personagem de McCarthy levanta as qualidades de cada uma do grupo – estão entre os principais pontos. Mas, sem dúvidas, o maior deles é apresentar uma heroína livre para amar e para se reinventar independentemente de idade ou do que vão pensar dela. Assim, por mais que esteja longe de se tornar memorável (e que tenha uma cena bem fraca no desfecho, vale dizer), o longa de Ben Falcone tem seu valor por reafirmar o que todo mundo já deveria saber: lugar de mulher é onde ela quiser! E ainda bem por isso.

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