quinta-feira , 19 dezembro , 2024

Crítica | American Horror Story – 09×06: Episode 100

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American Horror Story tem uma incrível tendência a quase terminar as histórias que apresenta. Na verdade, a antologia criada por Ryan Murphy e Brad Falchuk se aproveita constantemente de conclusões aparentes, que fornecem uma espécie de simplismo proposital para os espectadores. Entretanto, também é costumeiro desde o princípio da série que os showrunners façam questão de reiniciar o universo discriminado, abrindo espaço para que outras histórias recomecem.

Temos, por exemplo, a inesperada morte de Twisty, o Palhaço, em Freak Show, que prometia ser o principal vilão da temporada, mas deu adeus de modo poético e permitiu que outros personagens ganhassem outros aspectos no tocante aos arcos narrativos. Em Cult, Ally encontra uma merecida mais depois de ter enfrentado mentiras, segredos e um culto de palhaços assassinos – mas nos últimos segundos, dá início a uma nova jornada que envolve um outro culto (provavelmente o clã visto em Coven). Agora, Murphy e Falchuk se unem mais uma vez em uma investida surpreendente com ‘1984’ que, na semana passada, nos entregou uma interessante resolução sem perder de vista o que haviam guardado para os últimos capítulos.



Como bem nos lembramos, basicamente todos os personagens do Acampamento Redwood encontraram sua ruína ou sua salvação (no sentido mais transgressor que possamos imaginar). Brooke (Emma Roberts) salvou-se de ser morta pela insana Montana (Billie Lourd), mas acabou levando a culpa pelo massacre que tomou forma naquele lugar. Margaret (Leslie Grossman), a verdadeira responsável pelo banho de sangue, saiu ilesa e tornou-se uma magnata de sucesso, lucrando em cima de atrações turísticas construídas dentro de lugares mal-assombrados ou com narrativas tão chocantes quanto as que protagonizou. Mr. Jingles (John Caroll Lynch) foi salvo pela descomunal força de Satã, voltando à vida e tornando-se parceiro de Richard Ramirez (Zach Villa) – mas por um preço alto demais para ser pago.

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De fato, o centésimo episódio de AHS carregava consigo muitas perguntas para serem respondidas. Afinal, ele apenas premedita o caminho trilhado até o season finale, configurando-se como a primeira iteração que dá saltos e mais saltos no tempo e ergue-se fora da cronologia estendida do Acampamento Redwood. É claro que as narrativas anteriores mergulhavam em alguns flashbacks, mas todos culminavam na terrível noite em que não apenas um, mas três serial killers açoitaram um grupo de jovens monitores que apenas desejavam se divertir longe da cidade grande.

Eventualmente, o capítulo se apressa em diversos sentidos ao reunir os arcos dos protagonistas e coadjuvantes, lançando luz no paradeiro de, por exemplo, Donna Chambers (Angelica Ross). Além disso, consegue delinear sutilmente a paz encontrada por Jingles, que se afasta de seu conturbado passado e tenta recomeçar numa pequena cidade do Alasca – se casando e construindo uma família. O roteiro, também assinado por Murphy e Falchuk, se vale de incríveis reviravoltas, trazendo a escuridão de volta para a vida do personagem e levando-o de volta para o acampamento para não terminar o que começou, mas sim se vingar daqueles que mataram a sua mulher e o forçaram a abandonar o filho – uma solução um tanto quanto trágica, mas funcional dentro do escopo que nos foi mostrado desde o princípio.

Mais uma vez, Grossman carrega o episódio em uma atuação impecável que, como mencionado nas outras críticas da temporada, se afasta completamente das performances de Apocalypse e Cult. A atriz imprime sua marca irreverente ao mesmo tempo que cuida para que cada nuance seja aproveitada, seja em aparições televisivas nas quais continua a corroborar sua inocência, seja no momento em que assiste à Brooke receber uma letal injeção como pena de morte. Desde o princípio, sua exagerada devoção religiosa servia como nada mais que fachada pelos crimes que cometera, postando-se de forma vitimista para sair ilesa das empreitadas. Numa análise ainda mais profunda, ela foi a responsável pela ruína de Jingles e de Brooke, observando com orgulho os frutos de seu trabalho.

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À medida que ‘1984’ se distancia da clara homenagem aos filmes slasher dos anos 1980, retorna em gradativo louvor à estética das temporadas de estreia da antologia. Aqui, percebemos até mesmo que o novelesco drama das iterações predecessoras deixa de ser um elemento marcante em prol de investidas estéticas da perspectiva de Murphy, incluindo o anafórico uso de planos holandeses e de cortes mais bruscos, bem como a presença de distorções imagéticas que contribuem para a agonizante e tensa atmosfera arquitetada.

Mesmo trazendo alguns deslizes, o 100º episódio de American Horror Story funcionou dentro de suas limitações como um recomeço, um ressurgimento interessante que torna imprevisível o season finale. É provável que a narrativa culmine em uma espécie de batalha final; agora, precisamos ver como o habilidoso time criativo condensará (ou expandirá) as diversas tramas cultivadas para que nada fique de fora.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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American Horror Story tem uma incrível tendência a quase terminar as histórias que apresenta. Na verdade, a antologia criada por Ryan Murphy e Brad Falchuk se aproveita constantemente de conclusões aparentes, que fornecem uma espécie de simplismo proposital para os espectadores. Entretanto, também é costumeiro desde o princípio da série que os showrunners façam questão de reiniciar o universo discriminado, abrindo espaço para que outras histórias recomecem.

Temos, por exemplo, a inesperada morte de Twisty, o Palhaço, em Freak Show, que prometia ser o principal vilão da temporada, mas deu adeus de modo poético e permitiu que outros personagens ganhassem outros aspectos no tocante aos arcos narrativos. Em Cult, Ally encontra uma merecida mais depois de ter enfrentado mentiras, segredos e um culto de palhaços assassinos – mas nos últimos segundos, dá início a uma nova jornada que envolve um outro culto (provavelmente o clã visto em Coven). Agora, Murphy e Falchuk se unem mais uma vez em uma investida surpreendente com ‘1984’ que, na semana passada, nos entregou uma interessante resolução sem perder de vista o que haviam guardado para os últimos capítulos.

Como bem nos lembramos, basicamente todos os personagens do Acampamento Redwood encontraram sua ruína ou sua salvação (no sentido mais transgressor que possamos imaginar). Brooke (Emma Roberts) salvou-se de ser morta pela insana Montana (Billie Lourd), mas acabou levando a culpa pelo massacre que tomou forma naquele lugar. Margaret (Leslie Grossman), a verdadeira responsável pelo banho de sangue, saiu ilesa e tornou-se uma magnata de sucesso, lucrando em cima de atrações turísticas construídas dentro de lugares mal-assombrados ou com narrativas tão chocantes quanto as que protagonizou. Mr. Jingles (John Caroll Lynch) foi salvo pela descomunal força de Satã, voltando à vida e tornando-se parceiro de Richard Ramirez (Zach Villa) – mas por um preço alto demais para ser pago.

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De fato, o centésimo episódio de AHS carregava consigo muitas perguntas para serem respondidas. Afinal, ele apenas premedita o caminho trilhado até o season finale, configurando-se como a primeira iteração que dá saltos e mais saltos no tempo e ergue-se fora da cronologia estendida do Acampamento Redwood. É claro que as narrativas anteriores mergulhavam em alguns flashbacks, mas todos culminavam na terrível noite em que não apenas um, mas três serial killers açoitaram um grupo de jovens monitores que apenas desejavam se divertir longe da cidade grande.

Eventualmente, o capítulo se apressa em diversos sentidos ao reunir os arcos dos protagonistas e coadjuvantes, lançando luz no paradeiro de, por exemplo, Donna Chambers (Angelica Ross). Além disso, consegue delinear sutilmente a paz encontrada por Jingles, que se afasta de seu conturbado passado e tenta recomeçar numa pequena cidade do Alasca – se casando e construindo uma família. O roteiro, também assinado por Murphy e Falchuk, se vale de incríveis reviravoltas, trazendo a escuridão de volta para a vida do personagem e levando-o de volta para o acampamento para não terminar o que começou, mas sim se vingar daqueles que mataram a sua mulher e o forçaram a abandonar o filho – uma solução um tanto quanto trágica, mas funcional dentro do escopo que nos foi mostrado desde o princípio.

Mais uma vez, Grossman carrega o episódio em uma atuação impecável que, como mencionado nas outras críticas da temporada, se afasta completamente das performances de Apocalypse e Cult. A atriz imprime sua marca irreverente ao mesmo tempo que cuida para que cada nuance seja aproveitada, seja em aparições televisivas nas quais continua a corroborar sua inocência, seja no momento em que assiste à Brooke receber uma letal injeção como pena de morte. Desde o princípio, sua exagerada devoção religiosa servia como nada mais que fachada pelos crimes que cometera, postando-se de forma vitimista para sair ilesa das empreitadas. Numa análise ainda mais profunda, ela foi a responsável pela ruína de Jingles e de Brooke, observando com orgulho os frutos de seu trabalho.

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À medida que ‘1984’ se distancia da clara homenagem aos filmes slasher dos anos 1980, retorna em gradativo louvor à estética das temporadas de estreia da antologia. Aqui, percebemos até mesmo que o novelesco drama das iterações predecessoras deixa de ser um elemento marcante em prol de investidas estéticas da perspectiva de Murphy, incluindo o anafórico uso de planos holandeses e de cortes mais bruscos, bem como a presença de distorções imagéticas que contribuem para a agonizante e tensa atmosfera arquitetada.

Mesmo trazendo alguns deslizes, o 100º episódio de American Horror Story funcionou dentro de suas limitações como um recomeço, um ressurgimento interessante que torna imprevisível o season finale. É provável que a narrativa culmine em uma espécie de batalha final; agora, precisamos ver como o habilidoso time criativo condensará (ou expandirá) as diversas tramas cultivadas para que nada fique de fora.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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