quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Amina – Épico da Netflix traz História Real estilo ‘Pantera Negra’

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Uma das grandes vantagens da proliferação dos sistemas de streaming no Brasil nos últimos anos foi ter a possibilidade de assistir, no conforto de casa, a filmes de países fora do eixo de produção hollywoodiano. E a gigante Netflix está de olho na globalização desse mercado em expansão, levando as produções brasileiras a nível internacional e, em contrapartida, trazendo para cá os filmes e séries de outros países, como de África e de Ásia. É assim que chegou essa semana o longa épico nigeriano ‘Amina’, que já anda figurando no Top 10 da plataforma.



Amina (Lucy Ameh) é uma jovem princesa, herdeira do trono de Zazzau. Mas ela não é uma princesa comum: em pleno século XVI, Amina pede ao pai, o regente dos Sete Reinos de Igala (Degri Emmanuel), que ela e sua irmã Zaria (Yomi-Olugbodi Folusho) recebam treinamento militar, para aprender a lutar com espadas tal qual os soldados do reino. Apesar do inusitado do pedido, o regente sede à vontade da princesa. O que ninguém sabia é que esse treinamento seria muito útil às duas princesas no futuro, quando o reino de Zazzau (hoje a cidade de Zaria, na Nigéria) entraria em guerra com os reinos vizinhos devido a uma terrível traição.

Primeiramente, é importante sinalizar que o longa ‘Amina’ é baseado em uma história real, parte da História (com H maiúsculo) da Nigéria, a qual nós, brasileiros, pouco ou nada conhecemos. Portanto, é muito bom que a ficção esteja dando conta de retratar esses fatos para o grande público, para nos ajudar a conhecer mais sobre os outros povos do mundo e nos deseurocentralizarmos também na sétima arte.

Isto dito, a qualidade da produção de ‘Amina’ ao mesmo tempo que surpreende, também gera estranhamento. Por um lado, a história épica é grandiloquente, com cenas de batalhas dignas das produções novelísticas da Record, com plano aberto no meio do deserto e cenários construídos para retratar os tempos de antigamente. Por outro, em alguns momentos as atuações beiram a teatralidade, o exagero, e isso causa estranhamento no espectador ocidental que acredita que o jeito estadunidense é o único modo de fazer as coisas; os países asiáticos e africanos, como Índia, Japão e, neste caso, a Nigéria, optam por vezes por exagerar algumas emoções para realçar a dramaticidade em cena, logo, isso não deve ser visto como uma falha do elenco. É só lembrar, por exemplo, o quanto o Kamen Rider ou o Ultraman se sacudia exageradamente toda vez que levava um golpe.

Amina’ é uma importante e bem-feita produção, e, neste mês da consciência negra, é uma ótima opção para expandir o mundo cinematográfico particular e assistir a filmes com elenco e história negras, com uma história cheia de nomes e referências e que realça o respeito e a importância das religiões e das práticas com o plano imaterial na tomada de decisão e no destino de muitas nações. Para quem curtiu a ficção em ‘Pantera Negra’, ‘Amina’ é uma versão mais nua e crua das batalhas entre os povos africanos.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Amina (Lucy Ameh) é uma jovem princesa, herdeira do trono de Zazzau. Mas ela não é uma princesa comum: em pleno século XVI, Amina pede ao pai, o regente dos Sete Reinos de Igala (Degri Emmanuel), que ela e sua irmã Zaria (Yomi-Olugbodi Folusho) recebam treinamento militar, para aprender a lutar com espadas tal qual os soldados do reino. Apesar do inusitado do pedido, o regente sede à vontade da princesa. O que ninguém sabia é que esse treinamento seria muito útil às duas princesas no futuro, quando o reino de Zazzau (hoje a cidade de Zaria, na Nigéria) entraria em guerra com os reinos vizinhos devido a uma terrível traição.

Primeiramente, é importante sinalizar que o longa ‘Amina’ é baseado em uma história real, parte da História (com H maiúsculo) da Nigéria, a qual nós, brasileiros, pouco ou nada conhecemos. Portanto, é muito bom que a ficção esteja dando conta de retratar esses fatos para o grande público, para nos ajudar a conhecer mais sobre os outros povos do mundo e nos deseurocentralizarmos também na sétima arte.

Isto dito, a qualidade da produção de ‘Amina’ ao mesmo tempo que surpreende, também gera estranhamento. Por um lado, a história épica é grandiloquente, com cenas de batalhas dignas das produções novelísticas da Record, com plano aberto no meio do deserto e cenários construídos para retratar os tempos de antigamente. Por outro, em alguns momentos as atuações beiram a teatralidade, o exagero, e isso causa estranhamento no espectador ocidental que acredita que o jeito estadunidense é o único modo de fazer as coisas; os países asiáticos e africanos, como Índia, Japão e, neste caso, a Nigéria, optam por vezes por exagerar algumas emoções para realçar a dramaticidade em cena, logo, isso não deve ser visto como uma falha do elenco. É só lembrar, por exemplo, o quanto o Kamen Rider ou o Ultraman se sacudia exageradamente toda vez que levava um golpe.

Amina’ é uma importante e bem-feita produção, e, neste mês da consciência negra, é uma ótima opção para expandir o mundo cinematográfico particular e assistir a filmes com elenco e história negras, com uma história cheia de nomes e referências e que realça o respeito e a importância das religiões e das práticas com o plano imaterial na tomada de decisão e no destino de muitas nações. Para quem curtiu a ficção em ‘Pantera Negra’, ‘Amina’ é uma versão mais nua e crua das batalhas entre os povos africanos.

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