quarta-feira , 18 dezembro , 2024

Crítica | Avril Lavigne mergulha na nostalgia do pop-punk com o frenético ‘Love Sux’

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Avril Lavigne começou a fazer sucesso a partir de 2002, quando lançou seu elogiado e lendário álbum de estreia ‘Let Go’. Contando com diversas músicas que ficaram marcadas na cultura pop, incluindo “Complicated” e “Sk8er Boi”, Lavigne alcançou um status de ícone da indústria fonográfica contemporânea, tornando-se uma das artistas canadenses mais bem-sucedidas de todos os tempos e auxiliando a popularizar o pop-punk. Através de letras relacionáveis e uma produção bastante envolvente, pincelada pela guitarra, pela bateria e por vocais memoráveis. Não é surpresa que ela tenha se consagrado como a Rainha do Pop-Punk por diversos consórcios de imprensa, construindo uma imagem imortal que alavancaria fãs ao redor do mundo.

Três anos depois de ter apostado fichas em uma arquitetura pessoal com ‘Head Above Water’, a performer se mostrou pronta para retornar às raízes em 2022 – uma década que, apesar de ter apenas iniciado, já se caracteriza como um compilado de homenagens às décadas finais do século passado. Se Lady Gaga exaltou o French-house com ‘Chromatica’ e Dua Lipa mergulhou de cabeça no pop e no disco dos anos 80 com ‘Future Nostalga’, Lavigne reclamaria seu lugar no escopo musical ao se respaldar numa mistura gritante de alternativo e mainstream, trabalhando com “pessoas que me entendiam e vinham de vários gêneros”, como bem disse à Entertainment Weekly em dezembro do ano passado. E foi assim que nasceu Love Sux, uma ode à sua própria carreira e uma divertidíssima jornada por um estilo que merece mais reconhecimento na atualidade.



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Devo dizer que não havia gostado como achei que gostaria dos singles promovidos nos meses anteriores – mas acreditei que, no momento em que as ouvisse dentro da obra completa, teria uma experiência diferente. Hoje, 25 de fevereiro, abri o Spotify para fazer o download das músicas e me surpreendi ao ver a curta duração do disco – compilando doze breves músicas em meia hora de duração. Talvez Avril tivesse sentido que a geração TikTok não seria atraída por canções muito longas, revelando uma mentalidade mercadológica bastante funcional, ainda que nos deixando com gostinho de quero mais. O resultado dessa explosão sensorial é positiva na maior parte do tempo – e posso dizer que é a melhor incursão da cantora e compositora em quase uma década e meia.

Love Sux não apresenta nada de original, comparando à estética sonora apresentada por Lavigne nas décadas anteriores ou dentro do estilo que sempre adotou em suas canções. Entretanto, isso não é uma coisa ruim – pelo contrário, percebemos que, às vezes, se restringir ao que você sabe é uma opção válida para aqueles que precisam se reencontrar. Desde a primeira faixa, “Cannonball”, somos engolfados em uma vibrante e frenética progressão que fica no ápice praticamente o tempo inteiro; a performer tem plena consciência do que está fazendo e não se importa se você está tendo um dia ruim, entregando tudo de si para mensagens de empoderamento e de libertação que nos arremessam de volta para os anos 2000.

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Mesmo com 37 anos, Lavigne não se desvencilha de sua adolescente interior e consegue dialogar com os jovens de hoje de maneiras surpreendentes – como visto em “Bois Lie”, uma ótima colaboração ao lado de Machine Gun Kelly, ou na inesperada rendição em semi-balada de “Avalanche” (“eu digo que estou bem, mas não me sinto bem”). O problema das faixas reside em termos estruturais, como a fraca ousadia das rimas e uma energia infindável que nos deixa exauridos antes de chegar à metade do álbum – o que é assustador, visto sua brevidade. Todavia, quando paramos para compreender as mensagens que a lead singer quer nos entregar, percebemos uma necessidade urgente de gritar e se expressar de maneira clara e sem ambiguidades (e é isso que deve irá aquecer os corações de seus fãs mais assíduos e daqueles que bradam por mais nostalgia).

É inegável dizer que a obra é coesa em demasia (o que é irônico, visto que em outros textos já comentei sobre a falta de tato de artistas para unir suas iterações em um cosmos identitário), cortesia de nomes como John Feldmann e Travis Barker, responsáveis pela produção. Certas pessoas podem criticar a falta de intrepidez de Avril e de seus colaboradores, enquanto alguns sabem o motivo de tantas repetições de acordes e incursões. Se duas décadas atrás a cantora roubou a atenção da mídia por seu estilo cru e honesto, ajudando a atos como Paramore e Kirstin Maldonado a ganhar vida, ela agora aproveita o legado que construiu para revisitar a própria carreira – com o pop punk de “All I Wanted” e de “F.U.”, ou com as realizações alternativas do rock com “Déjà vu” e “Bite Me” (esta nutrindo de similaridades explícitas com ‘The Best Damn Thing’). E, caso esteja esperando pela densidade reflexiva de “I’m with You” ou “Don’t Tell Me”, sinto informar que não há nenhuma faixa aqui que chegue perto disso.

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Alicerçado no saudosismo e em seus álbuns anteriores, Avril Lavigne demonstra que voltou para ficar com Love Sux, falando de temas conhecidos dentro de sua discografia, mas divertindo-se como nunca e demonstrando uma despreocupação com o que os outros irão pensar dela – motivo pelo qual compramos essa aventura.

Nota por faixa:

1. Cannonball – 4,5/5
2. Bois Lie, feat. Machine Gun Kelly – 3,5/5
3. Bite Me – 4/5
4. Love It When You Hate Me, feat. Blackbear – 3,5/5
5. Love Sux – 3,5/5
6. Kiss Me like the World Is Ending – 3,5/5
7. Avalanche – 4,5/5
8. Déjà vu – 3/5
9. F.U. – 4/5
10. All I Wanted, feat. Mark Hoppus – 3/5
11. Dare to Love Me – 3,5/5
12. Break of a Heartache – 3,5/5

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Avril Lavigne começou a fazer sucesso a partir de 2002, quando lançou seu elogiado e lendário álbum de estreia ‘Let Go’. Contando com diversas músicas que ficaram marcadas na cultura pop, incluindo “Complicated” e “Sk8er Boi”, Lavigne alcançou um status de ícone da indústria fonográfica contemporânea, tornando-se uma das artistas canadenses mais bem-sucedidas de todos os tempos e auxiliando a popularizar o pop-punk. Através de letras relacionáveis e uma produção bastante envolvente, pincelada pela guitarra, pela bateria e por vocais memoráveis. Não é surpresa que ela tenha se consagrado como a Rainha do Pop-Punk por diversos consórcios de imprensa, construindo uma imagem imortal que alavancaria fãs ao redor do mundo.

Três anos depois de ter apostado fichas em uma arquitetura pessoal com ‘Head Above Water’, a performer se mostrou pronta para retornar às raízes em 2022 – uma década que, apesar de ter apenas iniciado, já se caracteriza como um compilado de homenagens às décadas finais do século passado. Se Lady Gaga exaltou o French-house com ‘Chromatica’ e Dua Lipa mergulhou de cabeça no pop e no disco dos anos 80 com ‘Future Nostalga’, Lavigne reclamaria seu lugar no escopo musical ao se respaldar numa mistura gritante de alternativo e mainstream, trabalhando com “pessoas que me entendiam e vinham de vários gêneros”, como bem disse à Entertainment Weekly em dezembro do ano passado. E foi assim que nasceu Love Sux, uma ode à sua própria carreira e uma divertidíssima jornada por um estilo que merece mais reconhecimento na atualidade.

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Devo dizer que não havia gostado como achei que gostaria dos singles promovidos nos meses anteriores – mas acreditei que, no momento em que as ouvisse dentro da obra completa, teria uma experiência diferente. Hoje, 25 de fevereiro, abri o Spotify para fazer o download das músicas e me surpreendi ao ver a curta duração do disco – compilando doze breves músicas em meia hora de duração. Talvez Avril tivesse sentido que a geração TikTok não seria atraída por canções muito longas, revelando uma mentalidade mercadológica bastante funcional, ainda que nos deixando com gostinho de quero mais. O resultado dessa explosão sensorial é positiva na maior parte do tempo – e posso dizer que é a melhor incursão da cantora e compositora em quase uma década e meia.

Love Sux não apresenta nada de original, comparando à estética sonora apresentada por Lavigne nas décadas anteriores ou dentro do estilo que sempre adotou em suas canções. Entretanto, isso não é uma coisa ruim – pelo contrário, percebemos que, às vezes, se restringir ao que você sabe é uma opção válida para aqueles que precisam se reencontrar. Desde a primeira faixa, “Cannonball”, somos engolfados em uma vibrante e frenética progressão que fica no ápice praticamente o tempo inteiro; a performer tem plena consciência do que está fazendo e não se importa se você está tendo um dia ruim, entregando tudo de si para mensagens de empoderamento e de libertação que nos arremessam de volta para os anos 2000.

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Mesmo com 37 anos, Lavigne não se desvencilha de sua adolescente interior e consegue dialogar com os jovens de hoje de maneiras surpreendentes – como visto em “Bois Lie”, uma ótima colaboração ao lado de Machine Gun Kelly, ou na inesperada rendição em semi-balada de “Avalanche” (“eu digo que estou bem, mas não me sinto bem”). O problema das faixas reside em termos estruturais, como a fraca ousadia das rimas e uma energia infindável que nos deixa exauridos antes de chegar à metade do álbum – o que é assustador, visto sua brevidade. Todavia, quando paramos para compreender as mensagens que a lead singer quer nos entregar, percebemos uma necessidade urgente de gritar e se expressar de maneira clara e sem ambiguidades (e é isso que deve irá aquecer os corações de seus fãs mais assíduos e daqueles que bradam por mais nostalgia).

É inegável dizer que a obra é coesa em demasia (o que é irônico, visto que em outros textos já comentei sobre a falta de tato de artistas para unir suas iterações em um cosmos identitário), cortesia de nomes como John Feldmann e Travis Barker, responsáveis pela produção. Certas pessoas podem criticar a falta de intrepidez de Avril e de seus colaboradores, enquanto alguns sabem o motivo de tantas repetições de acordes e incursões. Se duas décadas atrás a cantora roubou a atenção da mídia por seu estilo cru e honesto, ajudando a atos como Paramore e Kirstin Maldonado a ganhar vida, ela agora aproveita o legado que construiu para revisitar a própria carreira – com o pop punk de “All I Wanted” e de “F.U.”, ou com as realizações alternativas do rock com “Déjà vu” e “Bite Me” (esta nutrindo de similaridades explícitas com ‘The Best Damn Thing’). E, caso esteja esperando pela densidade reflexiva de “I’m with You” ou “Don’t Tell Me”, sinto informar que não há nenhuma faixa aqui que chegue perto disso.

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Alicerçado no saudosismo e em seus álbuns anteriores, Avril Lavigne demonstra que voltou para ficar com Love Sux, falando de temas conhecidos dentro de sua discografia, mas divertindo-se como nunca e demonstrando uma despreocupação com o que os outros irão pensar dela – motivo pelo qual compramos essa aventura.

Nota por faixa:

1. Cannonball – 4,5/5
2. Bois Lie, feat. Machine Gun Kelly – 3,5/5
3. Bite Me – 4/5
4. Love It When You Hate Me, feat. Blackbear – 3,5/5
5. Love Sux – 3,5/5
6. Kiss Me like the World Is Ending – 3,5/5
7. Avalanche – 4,5/5
8. Déjà vu – 3/5
9. F.U. – 4/5
10. All I Wanted, feat. Mark Hoppus – 3/5
11. Dare to Love Me – 3,5/5
12. Break of a Heartache – 3,5/5

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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