domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Barraco de Família – Comédia com Cacau Protásio Mostra os Valores Familiares ao Grande Público

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Família é esse órgão imprevisível. Os pais criam, educam, alimentam, mas, depois que os filhos crescem e se tornam autônomos em suas próprias vidas, não há muito mais que se possa ser feito quando eles decidem os próprios destinos. A partir daí cabe apenas apoiar, ter paciência e torcer para que os rebentos se tornem pessoas boas. No geral, dá certo. O que não significa que no processo não haja alguns ruídos e discordâncias. Esse é o mote da comédia nacionalBarraco de Família’, que chegou antecipadamente no Festival Filmelier e entra agora em cartaz nos cinemas.



Cleide (Cacau Protásio) criou seus dois filhos (Kellen e Robson Nunes) com muito amor e sustenta a casa onde mora com o marido (Eduardo Silva), a cunhada (Lena Roque) e a mãe (Sandra Sá), todos sob o mesmo teto. Sua filha caçula Lellê (Kellen) fez um grande sucesso no ramo da música, com suas canções bombando em todas as festas e rádios. Depois de um tempo afastada da família Lellê finalmente os convida a visitá-la em seu novo apartamento, no bairro do Jardins, em São Paulo. Porém, quando a família chega, fica evidente o choque cultural entre o novo mundo sofisticado e chique em que Lellê está inserida e suas raízes mais descontraídas da periferia da zona leste paulista. Isso acaba gerando um conflito grande durante a festa e Cleide e a família saem extremamente magoados com a garota. Um tempão se passa até que, do nada, Lellê diz que vai visitar a família na casa em que nasceu. Entre a alegria e desconfiança, Cleide ficará dividida entre fazer uma festa para receber a filha e descobrir o real motivo de sua visita.

Valendo-se do gênero da comédia para trabalhar os temas familiares, duas importantes mudanças fazem a diferença em ‘Barraco de Família’: a primeira, bem evidente, é ter um núcleo protagonista todo composto por atores pretos; o segundo é pensar essa história de uma família preta e sua relação com a música e não centrá-la no Rio de Janeiro, mas sim em São Paulo, dando visibilidade à periferia paulista como – também – um grande centro de potências musicais. Até por conta disso os personagens fazem piada o tempo todo sobre a falta ou a forçação de um sotaque carioca entre eles.

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O roteiro de Emílio Boechat, Marcos Ferraz e Lena Roque teve o cuidado de construir essa história a partir de valores que fazem sentido para essa população da periferia da cidade grande, de modo que, ainda que alguns personagens escorreguem no estereótipo, são os valores de aquilombamento que os une enquanto família, passando a bonita mensagem ao público de que, apesar do sucesso e do deslumbramento, no final das contas não se deve esquecer suas raízes, pois o mundo do sucesso tentará fazê-lo rejeitar suas origens – e é aí que entra a família, enquanto núcleo de apoio, de acolhimento e de ensinamento coletivo. O diretor Mauricio Eça acerta em trazer Nany People para o elenco, e na escolha de Hugo Gloss como antagonista e uma deliciosa participação de Péricles em duas cenas engraçadas, inclusive um videoclipe não pós-crédito. Emocionante ainda é a última cena do filme, com uma fala tocante de Cacau Protásio que, tomara, inspire muitas mulheres pretas no Brasil.

Barraco de Família’ é um filme bem pipocão, que dialoga diretamente com o seu público-alvo e estreia às vésperas do Dia das Mães nos cinemas. Programão em família.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Família é esse órgão imprevisível. Os pais criam, educam, alimentam, mas, depois que os filhos crescem e se tornam autônomos em suas próprias vidas, não há muito mais que se possa ser feito quando eles decidem os próprios destinos. A partir daí cabe apenas apoiar, ter paciência e torcer para que os rebentos se tornem pessoas boas. No geral, dá certo. O que não significa que no processo não haja alguns ruídos e discordâncias. Esse é o mote da comédia nacionalBarraco de Família’, que chegou antecipadamente no Festival Filmelier e entra agora em cartaz nos cinemas.

Cleide (Cacau Protásio) criou seus dois filhos (Kellen e Robson Nunes) com muito amor e sustenta a casa onde mora com o marido (Eduardo Silva), a cunhada (Lena Roque) e a mãe (Sandra Sá), todos sob o mesmo teto. Sua filha caçula Lellê (Kellen) fez um grande sucesso no ramo da música, com suas canções bombando em todas as festas e rádios. Depois de um tempo afastada da família Lellê finalmente os convida a visitá-la em seu novo apartamento, no bairro do Jardins, em São Paulo. Porém, quando a família chega, fica evidente o choque cultural entre o novo mundo sofisticado e chique em que Lellê está inserida e suas raízes mais descontraídas da periferia da zona leste paulista. Isso acaba gerando um conflito grande durante a festa e Cleide e a família saem extremamente magoados com a garota. Um tempão se passa até que, do nada, Lellê diz que vai visitar a família na casa em que nasceu. Entre a alegria e desconfiança, Cleide ficará dividida entre fazer uma festa para receber a filha e descobrir o real motivo de sua visita.

Valendo-se do gênero da comédia para trabalhar os temas familiares, duas importantes mudanças fazem a diferença em ‘Barraco de Família’: a primeira, bem evidente, é ter um núcleo protagonista todo composto por atores pretos; o segundo é pensar essa história de uma família preta e sua relação com a música e não centrá-la no Rio de Janeiro, mas sim em São Paulo, dando visibilidade à periferia paulista como – também – um grande centro de potências musicais. Até por conta disso os personagens fazem piada o tempo todo sobre a falta ou a forçação de um sotaque carioca entre eles.

O roteiro de Emílio Boechat, Marcos Ferraz e Lena Roque teve o cuidado de construir essa história a partir de valores que fazem sentido para essa população da periferia da cidade grande, de modo que, ainda que alguns personagens escorreguem no estereótipo, são os valores de aquilombamento que os une enquanto família, passando a bonita mensagem ao público de que, apesar do sucesso e do deslumbramento, no final das contas não se deve esquecer suas raízes, pois o mundo do sucesso tentará fazê-lo rejeitar suas origens – e é aí que entra a família, enquanto núcleo de apoio, de acolhimento e de ensinamento coletivo. O diretor Mauricio Eça acerta em trazer Nany People para o elenco, e na escolha de Hugo Gloss como antagonista e uma deliciosa participação de Péricles em duas cenas engraçadas, inclusive um videoclipe não pós-crédito. Emocionante ainda é a última cena do filme, com uma fala tocante de Cacau Protásio que, tomara, inspire muitas mulheres pretas no Brasil.

Barraco de Família’ é um filme bem pipocão, que dialoga diretamente com o seu público-alvo e estreia às vésperas do Dia das Mães nos cinemas. Programão em família.

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Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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