quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | BastardoZ – Astro de ‘La Casa de Papel’ Vira ZUMBI em Terrir da Netflix

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Quando ‘Bastardos Inglórios’ estreou nos cinemas, em 2009, pelas mãos do diretor Quentin Tarantino, o público se esbaldou de rir com a ideia de narrativas cômicas e/ou debochadas sobre um dos períodos mais sombrios da história mundial: a ascensão nazista na Europa. De lá para cá o público percebeu que o viés “rir é o melhor remédio” funcionava para este tema, e, desde então, temos visto mais e mais produções nesse estilo, como ‘Jojo Rabbit’ (2019), e o mais recente deles, ‘BastardoZ’, produção espanhola disponível na Netflix que já estreou cravando seu lugar no Top 10 da plataforma.



Durante a década de 1930 a Espanha viveu uma terrível Guerra Civil internamente, ao mesmo tempo em que, ao seu redor, lidava com a II Guerra Mundial e o crescimento do nazismo no mundo. Neste cenário, Jan (Miki Esparbé) faz parte do exército espanhol, mas é visto pelo seu tio, o General Lozano (Manuel Morón), como um grande covarde. Para estimular a coragem no sobrinho, o general o envia em uma missão meio suicida para entregar um bilhete do outro lado do desfiladeiro, em plena guerra. Resignado, o homem aceita a missão, levando consigo o cabo Decruz (Manel Llunell), mas, no meio do caminho se deparam com um grupo separatista republicano, chefiado pelo Sargento (Luis Callejo) e encabeçado por Pavio (Álvaro Cervantes), Mata Padres (Aura Garrido), pelo Comisario Político (Dafnis Balduz), Jurel (Jesús Carroza), Brodsky (Sergio Torrico) e Rafir (Mouad Ghazouan). Diante da improbabilidade da situação, ambos os combatentes terão que deixar suas divergências políticas de lado em prol da sobrevivência, uma vez que, espalhados pela floresta, os zumbis estão tomando conta do país.

Baseado no livro ‘Noche de Difuntos de 38’, de Manuel Martín, o longa é uma grande diversão que cumpre exatamente o que promete: uma mistura de aventura com ação, leves pitadas de terror com os zumbis e uma dose extra de deboche, especialmente nas falas afiadas do início e do fim da produção. Aliás, é no primeiro e no último arco que temos a sensação de que boa parte do orçamento da produção de Alberto del Toro e Javier Ruiz Caldera é gasto, já que é nessas partes que há mais ação e elementos cenográficos que pendem efeito especial. O meio do filme, que ocupa a maior parte da duração, é todinho passado na floresta, compensando qualquer extravagância financeira do projeto.

Por ser um roteiro inspirado em um livro, percebe-se que em alguns pontos alguns elementos foram cortados e, no longa, ficam deslocados, como o fato de Pavio ter sido um corredor de motocicletas no passado – uma informação que só serve para ele fazer um bonito discurso no fim, mas que não interfere na trama. Ainda assim, o roteiro constrói boas cenas de conflito interpessoal, carregadas por diálogos afiados que despertam o riso tanto na língua original quanto na tradução/dublagem. Dentro de um contexto de tensão nervosa, certos comportamentos e atitudes dos personagens provocam reação imediata no espectador, o que é ótimo, uma vez que os zumbis mesmo não ameaçam o medo na gente.

BastardoZ’ é um filme de comédia, de terrir super-engraçado, que diverte despretensiosamente a quem assiste, ainda que o título perca o duplo sentido que o original propõe – ‘MalnaZidos’. E ainda traz o Palermo (Martín Berrote) de ‘La Casa de Papel’ se transformando em um zumbi sem braços nem pernas! A ver pela cena pós-crédito e pelo sucesso, tudo indica que teremos uma continuação em breve.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Quando ‘Bastardos Inglórios’ estreou nos cinemas, em 2009, pelas mãos do diretor Quentin Tarantino, o público se esbaldou de rir com a ideia de narrativas cômicas e/ou debochadas sobre um dos períodos mais sombrios da história mundial: a ascensão nazista na Europa. De lá para cá o público percebeu que o viés “rir é o melhor remédio” funcionava para este tema, e, desde então, temos visto mais e mais produções nesse estilo, como ‘Jojo Rabbit’ (2019), e o mais recente deles, ‘BastardoZ’, produção espanhola disponível na Netflix que já estreou cravando seu lugar no Top 10 da plataforma.

Durante a década de 1930 a Espanha viveu uma terrível Guerra Civil internamente, ao mesmo tempo em que, ao seu redor, lidava com a II Guerra Mundial e o crescimento do nazismo no mundo. Neste cenário, Jan (Miki Esparbé) faz parte do exército espanhol, mas é visto pelo seu tio, o General Lozano (Manuel Morón), como um grande covarde. Para estimular a coragem no sobrinho, o general o envia em uma missão meio suicida para entregar um bilhete do outro lado do desfiladeiro, em plena guerra. Resignado, o homem aceita a missão, levando consigo o cabo Decruz (Manel Llunell), mas, no meio do caminho se deparam com um grupo separatista republicano, chefiado pelo Sargento (Luis Callejo) e encabeçado por Pavio (Álvaro Cervantes), Mata Padres (Aura Garrido), pelo Comisario Político (Dafnis Balduz), Jurel (Jesús Carroza), Brodsky (Sergio Torrico) e Rafir (Mouad Ghazouan). Diante da improbabilidade da situação, ambos os combatentes terão que deixar suas divergências políticas de lado em prol da sobrevivência, uma vez que, espalhados pela floresta, os zumbis estão tomando conta do país.

Baseado no livro ‘Noche de Difuntos de 38’, de Manuel Martín, o longa é uma grande diversão que cumpre exatamente o que promete: uma mistura de aventura com ação, leves pitadas de terror com os zumbis e uma dose extra de deboche, especialmente nas falas afiadas do início e do fim da produção. Aliás, é no primeiro e no último arco que temos a sensação de que boa parte do orçamento da produção de Alberto del Toro e Javier Ruiz Caldera é gasto, já que é nessas partes que há mais ação e elementos cenográficos que pendem efeito especial. O meio do filme, que ocupa a maior parte da duração, é todinho passado na floresta, compensando qualquer extravagância financeira do projeto.

Por ser um roteiro inspirado em um livro, percebe-se que em alguns pontos alguns elementos foram cortados e, no longa, ficam deslocados, como o fato de Pavio ter sido um corredor de motocicletas no passado – uma informação que só serve para ele fazer um bonito discurso no fim, mas que não interfere na trama. Ainda assim, o roteiro constrói boas cenas de conflito interpessoal, carregadas por diálogos afiados que despertam o riso tanto na língua original quanto na tradução/dublagem. Dentro de um contexto de tensão nervosa, certos comportamentos e atitudes dos personagens provocam reação imediata no espectador, o que é ótimo, uma vez que os zumbis mesmo não ameaçam o medo na gente.

BastardoZ’ é um filme de comédia, de terrir super-engraçado, que diverte despretensiosamente a quem assiste, ainda que o título perca o duplo sentido que o original propõe – ‘MalnaZidos’. E ainda traz o Palermo (Martín Berrote) de ‘La Casa de Papel’ se transformando em um zumbi sem braços nem pernas! A ver pela cena pós-crédito e pelo sucesso, tudo indica que teremos uma continuação em breve.

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