Eli Roth é um diretor muito limitado, e, a cada novo projeto, eu tenho novos argumentos para sustentar essa afirmação. Uma espécie de refilmagem não-oficial do fraco ‘Death Game‘, de 1977, utilizando a mesma premissa: um pai de família sozinho em casa, permite a entrada de duas belas jovens desconhecidas, com esperança de animar sua noite chuvosa, apenas para descobrir, no dia seguinte, que está sendo vítima de sádicas torturadoras.
A intenção é óbvia desde o início, perceptível na abordagem excessivamente caricatural do elenco, especialmente um deslocado Keanu Reeves, um pastiche do medíocre subgênero: torture porn, que o próprio diretor criou com seu ‘O Albergue‘. Até mesmo quando ele utiliza os recursos atuais, como o Uber e o FaceTime, não ajuda a avançar a narrativa, que pende quase sempre para o humor involuntário, um elemento prejudicado pela fraca presença de Lorenza Izzo, esposa de Roth, como uma das jovens.
Afirmar, como forma de minimizar os defeitos, que é uma produção voltada para a diversão de adolescentes, perdoe a franqueza, é subestimar tremendamente o critério de qualidade da faixa etária. Tudo, da direção de arte nada sutil, passando pela montagem, até a trilha sonora, é, sendo gentil, tolo e dispensável. As tentativas de construção de um terror psicológico, elemento que poderia salvar o projeto, soam como exercícios de estudantes iniciantes na faculdade de cinema. Não há tensão alguma, o que seria essencial, no mínimo, para manter a atenção, já que o roteiro não constrói de forma competente as motivações de seus personagens.
O desfecho, uma reviravolta boba que enxergamos cerca de trinta minutos antes, deixa um gosto amargo de precioso tempo perdido e dinheiro jogado fora. ‘Bata Antes de Entrar‘ não serve nem pra fazer número em prateleira de videolocadora. Keanu precisa, urgentemente, trocar de agente.