sábado , 22 fevereiro , 2025

Crítica | ‘Better Man – A História de Robbie Williams’ Esbanja Criatividade e Efeitos Especiais Deslumbrantes


Os anos 1990 foram muito loucos mesmo. Enquanto no Brasil tínhamos a proliferação de grupos que cantavam e dançavam temas de cunho sexual (e que muitas vezes se apresentavam na televisão aberta, estimulando crianças a imitarem os movimentos), o eixo norte do planeta produziu uma robusta leva de grupos de rapazes que cantavam e dançavam – as chamadas boybands. Houve grupos com mulheres também, mas foram os grupos masculinos que dominaram as paradas musicais ao longo da década, com nomes como Backstreet Boys e ‘N Sync no topo. Dentre tantos, houve um conjunto britânico que alcançou relativo sucesso para além dos territórios do reino britânico, o Take That, cujo um dos membros, o cantor Robbie Williams, conseguiu se destacar mais do que seus companheiros, e volta a se mostrar ao mundo agora com o filme ‘Better Man – A História de Robbie Williams’, sua cinebiografia que chega aos cinemas brasileiros essa semana.

Macaco usando camisa em ambiente escuro.



O jovem Robert (Jonno Davies) sempre desejou uma coisa: o reconhecimento do pai, Peter (Steve Pemberton). Mas Peter sempre falou que na vida ou se é alguém, ou se é um ninguém, e Robert morria de medo de ser um ninguém. Seus melhores momentos eram com o pai, quando imitavam juntos a Frank Sinatra. Mesmo depois que o pai abandonou a família, Robert continuou a perseverar em seu sonho de se tornar alguém, e, aos quinze anos, agarrou com todas as forças à oportunidade que surgiu em sua vida: entrar para o grupo de boyband que mais tarde seria conhecido como Take That. A partir do sucesso do grupo, Robbie Williams vive a ascensão meteórica de um popstar, entre altos e baixos enquanto lida com seus próprios infernos pessoais.

O que mais se sobressai em ‘Better Man – A História de Robbie Williams’ é a capacidade inventiva do diretor Michael Gracey de transformar essa história mediana em algo extraordinário. Responsável por sucessos como ‘O Rei do Show’ e ‘Rocketman’, o diretor fez escolhas muito interessantes para atrair o público pela curiosidade. A primeira e mais evidente delas é a ousada escolha do uso de CGI para o protagonista, no intuito de recriar digitalmente um macaco para viver o personagem principal. Tal inventividade é explicada numa breve entrevista exibida antes da projeção, em que o biografado responde que, se fosse um animal, sempre se viu como um macaco. E assim como em franquias como ‘O Planeta dos Macacos’, são as expressões e a capacidade de sentir deste animal que faz o espectador sentir empatia por ele.

better man a história de robbie williams (1)


Outro fator inacreditável é a parte musical, em especial um plano-sequência belíssimo e empolgante na canção ‘Rock DJ’, que parou a rua Regent, em Londres. Essa sequência lembra o ápice de ‘O Rei do Show’ com uma coreografia ensaiadinha, figurinos coloridos e movimentos sincronizados milimetricamente que conduzem o filme para o ápice da carreira do Take That (ao menos no tempo diegético do longa).

Com partes técnica, criativa e artística deslumbrantes, é a história do biografado que não engata. ‘Better Man’ começa com uma narração em off de Robbie falando que já foi chamado de tudo, de “babaca, mal-educado e coisas piores”. E ele admite ser essas coisas todas, e sua biografia reforça os adjetivos. Nesse sentido, é esquisito pensar que estamos vendo um filme bonito e bem-feito de um cara que nem é tudo isso (ele se intitula como um dos maiores popstars do mundo, mas, fora do Reino Unido, qual o seu alcance?) e que ainda por cima não é agradável, que enfrenta uma jornada de autodestruição sem nenhuma razão que não as vozes de sua cabeça. No fim, o roteiro oferece uma redenção individual, de Robert com o pai, como se isso resolvesse todos os conflitos do cantor.

Desde que surgiu nos holofotes, Robbie Williams abraçou a imagem de bad boy, e tem vivido assim desde então; portanto, ‘Better Man’ retrata sua biografia (quase) sem nenhum filtro. Um filme deslumbrante, sim, e muito bem dirigido, que dá uma aula de criatividade para os realizadores cinematográficos.

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Palestrante em auditório iluminado, público assistindo.


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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Os anos 1990 foram muito loucos mesmo. Enquanto no Brasil tínhamos a proliferação de grupos que cantavam e dançavam temas de cunho sexual (e que muitas vezes se apresentavam na televisão aberta, estimulando crianças a imitarem os movimentos), o eixo norte do planeta produziu uma robusta leva de grupos de rapazes que cantavam e dançavam – as chamadas boybands. Houve grupos com mulheres também, mas foram os grupos masculinos que dominaram as paradas musicais ao longo da década, com nomes como Backstreet Boys e ‘N Sync no topo. Dentre tantos, houve um conjunto britânico que alcançou relativo sucesso para além dos territórios do reino britânico, o Take That, cujo um dos membros, o cantor Robbie Williams, conseguiu se destacar mais do que seus companheiros, e volta a se mostrar ao mundo agora com o filme ‘Better Man – A História de Robbie Williams’, sua cinebiografia que chega aos cinemas brasileiros essa semana.

Macaco usando camisa em ambiente escuro.

O jovem Robert (Jonno Davies) sempre desejou uma coisa: o reconhecimento do pai, Peter (Steve Pemberton). Mas Peter sempre falou que na vida ou se é alguém, ou se é um ninguém, e Robert morria de medo de ser um ninguém. Seus melhores momentos eram com o pai, quando imitavam juntos a Frank Sinatra. Mesmo depois que o pai abandonou a família, Robert continuou a perseverar em seu sonho de se tornar alguém, e, aos quinze anos, agarrou com todas as forças à oportunidade que surgiu em sua vida: entrar para o grupo de boyband que mais tarde seria conhecido como Take That. A partir do sucesso do grupo, Robbie Williams vive a ascensão meteórica de um popstar, entre altos e baixos enquanto lida com seus próprios infernos pessoais.

O que mais se sobressai em ‘Better Man – A História de Robbie Williams’ é a capacidade inventiva do diretor Michael Gracey de transformar essa história mediana em algo extraordinário. Responsável por sucessos como ‘O Rei do Show’ e ‘Rocketman’, o diretor fez escolhas muito interessantes para atrair o público pela curiosidade. A primeira e mais evidente delas é a ousada escolha do uso de CGI para o protagonista, no intuito de recriar digitalmente um macaco para viver o personagem principal. Tal inventividade é explicada numa breve entrevista exibida antes da projeção, em que o biografado responde que, se fosse um animal, sempre se viu como um macaco. E assim como em franquias como ‘O Planeta dos Macacos’, são as expressões e a capacidade de sentir deste animal que faz o espectador sentir empatia por ele.

better man a história de robbie williams (1)

Outro fator inacreditável é a parte musical, em especial um plano-sequência belíssimo e empolgante na canção ‘Rock DJ’, que parou a rua Regent, em Londres. Essa sequência lembra o ápice de ‘O Rei do Show’ com uma coreografia ensaiadinha, figurinos coloridos e movimentos sincronizados milimetricamente que conduzem o filme para o ápice da carreira do Take That (ao menos no tempo diegético do longa).

Com partes técnica, criativa e artística deslumbrantes, é a história do biografado que não engata. ‘Better Man’ começa com uma narração em off de Robbie falando que já foi chamado de tudo, de “babaca, mal-educado e coisas piores”. E ele admite ser essas coisas todas, e sua biografia reforça os adjetivos. Nesse sentido, é esquisito pensar que estamos vendo um filme bonito e bem-feito de um cara que nem é tudo isso (ele se intitula como um dos maiores popstars do mundo, mas, fora do Reino Unido, qual o seu alcance?) e que ainda por cima não é agradável, que enfrenta uma jornada de autodestruição sem nenhuma razão que não as vozes de sua cabeça. No fim, o roteiro oferece uma redenção individual, de Robert com o pai, como se isso resolvesse todos os conflitos do cantor.

Desde que surgiu nos holofotes, Robbie Williams abraçou a imagem de bad boy, e tem vivido assim desde então; portanto, ‘Better Man’ retrata sua biografia (quase) sem nenhum filtro. Um filme deslumbrante, sim, e muito bem dirigido, que dá uma aula de criatividade para os realizadores cinematográficos.

Palestrante em auditório iluminado, público assistindo.

Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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