quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Beyoncé se reinventa mais uma vez com o antêmico álbum ‘4’

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Segundos depois de ter finalizado sua performance no Video Music Awards em 2011, Beyoncé revelou que estava grávida em um dos momentos mais icônicos da história da premiação – e tudo isso depois de ter feito uma rendição impecável de “Love On Top”, um dos singles de seu recém-divulgado álbum 4. E, apesar deste texto contemplar essencialmente as canções do quarto disco de uma das maiores artistas da história, é impossível desassociar a reformulação imagética que nossa Queen B promovera nessa era – desde uma repaginação estilística bastante marcante nas músicas, até seu ressurgimento como uma mulher ainda mais empoderada do que havia nos mostrado no passado. É claro que Beyoncé já havia mergulhado em hinos de independência e de liberdade – mas nunca com tanta força quanto visto aqui (algo que influenciaria, inclusive, seus lançamentos consecutivos).

Diferente do que poderíamos imaginar (e seguindo tendências que vinha explorando desde ‘I Am… Sasha Fierce’, em 2008), a cantora e compositora resolveu construir um escopo que abraçava tanto o mainstream quanto as pulsões conceituais que vinham crescendo desde o início da década. E, nesse preceito que se tornara uma marca reconhecida de seus compilados, a track supracitada nos engolfa em uma exuberância vocal R&B e pop se tirar o fôlego – principalmente quando ela nos dá uma aula de canto ao subir oitavas e mais oitavas na parte final da canção. Não é à toa que diversos especialistas musicais, incluindo este que vos escreve, considere “Love On Top” como uma das investidas mais bem produzidas e escritas da carreira da performer (cortesia dela e da parceria com o produtor Shea Taylor).



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Felizmente, a obra é adornada com diversas iterações eximiamente bem arquitetadas, seja no quesito instrumental, seja nas aproximações sociológicas e literárias que Beyoncé promove ao lado de um time muito competente. Ora, como nos esquecer da icônica “Run the World (Girls)”, cuja infusão de electropop e R&B marcou época e permanece como uma das assinaturas da artista? Apesar da simplicidade lírica, que se vale bastante das repetições e de versos unidimensionais, o que mais nos chama a atenção é a vibrante paleta sonora que atravessa gêneros contrastantes entre si e que carrega uma simbologia que vai além da superfície – e que, de certa forma, parece ter prenunciado o encontro do passado e do futuro em si própria. Algo similar ocorre em “Countdown” (cujas referências também nos jogam de volta para a divertida “Freakum Dress”, de ‘B’Day’).

No texto anterior, lembro-me de ter comentado sobre a clara e proposital divisão entre músicas mais dançantes e baladas românticas – uma decisão que, em partes funcionou, mas que foi abandonada para a construção de 4. Nessa mais nova jornada, canções lentas e upbeat se justapõe em uma experiência única, movida a encontros dissonantes que revelam a predisposição de Beyoncé em não apenas se manter fiel às suas raízes, mas explorá-las mais a fundo e encontrar outras maneiras de permanecer viva no transbordante cenário do show business. Há, por exemplo, o doo-wop e soul da incrível e nostálgica “Rather Die Young”, uma homenagem romântica a Gloria Gaynor e Earth, Wind & Fire; o synth-glam de “Schoolin’ Life” com alusões a Michael Jackson e uma rendição irretocável que nos conquista desde os primeiros segundos; “Best Thing I Never Had”, um dos singles do disco, é uma antêmica semi-balada pop-rock e R&B que fala sobre vingança e carma (e que faz um ótimo uso do piano e de um ambiente orquestral, quase teatral).

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A artista já provou inúmeras vezes ter uma capacidade invejável de criar belíssimas baladas – e neste álbum, as coisas não seriam diferentes. Além das tracks supracitadas, temos a presença de “1+1”, que parte de um princípio bem estruturado de diminuir a potência dos instrumentos, valendo-se do baixo, dos sintetizadores e de uma eventual guitarra, para deixar espaço aos potentes vocais da cantora (mesmo que enfrentemos uma repetição incessante de maneirismos cansativos); concluindo essa memorável aventura, temos “I Was Here”, facilmente uma das melhores músicas do catálogo da Queen B – cujas mensagens ultrapassam o mero conceito de exaltar quem você é, atravessando uma linha etérea que discorre sobre a própria existência (“eu estava aqui, eu vivi, eu amei, eu estava aqui”) e movendo-se por uma pessoalidade emocionante.

Mais uma vez, Beyoncé reitera sua posição na indústria fonográfica, demonstrando ter um tato indiscutível para as múltiplas mudanças que os artistas enfrentam ano após ano. 4 não seria exceção na fervorosa e enérgica discografia da performer, sabendo transitar entre a intimidade de baladas tocantes e a expressividade gritante de bops que se tornaram hits mundiais e que continuam a encantar os fãs.

Nota por faixa:

1. Love On Top – 5/5
2. Part, feat. André 3000 – 4/5
3. Schoolin’ Life – 5/5
4. Countdown – 3,5/5
5. I Miss You – 4/5
6. Dance for You – 4,5/5
7. I Care – 4/5
8. Rather Die Young – 5/5
9. 1+1 – 3,5/5
10. End of Time – 5/5
11. Run the World (Girls) – 4/5
12. Best Thing I Never Had – 5/5
13. Start Over – 4,5/5
14. I Was Here – 5/5

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Diferente do que poderíamos imaginar (e seguindo tendências que vinha explorando desde ‘I Am… Sasha Fierce’, em 2008), a cantora e compositora resolveu construir um escopo que abraçava tanto o mainstream quanto as pulsões conceituais que vinham crescendo desde o início da década. E, nesse preceito que se tornara uma marca reconhecida de seus compilados, a track supracitada nos engolfa em uma exuberância vocal R&B e pop se tirar o fôlego – principalmente quando ela nos dá uma aula de canto ao subir oitavas e mais oitavas na parte final da canção. Não é à toa que diversos especialistas musicais, incluindo este que vos escreve, considere “Love On Top” como uma das investidas mais bem produzidas e escritas da carreira da performer (cortesia dela e da parceria com o produtor Shea Taylor).

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Felizmente, a obra é adornada com diversas iterações eximiamente bem arquitetadas, seja no quesito instrumental, seja nas aproximações sociológicas e literárias que Beyoncé promove ao lado de um time muito competente. Ora, como nos esquecer da icônica “Run the World (Girls)”, cuja infusão de electropop e R&B marcou época e permanece como uma das assinaturas da artista? Apesar da simplicidade lírica, que se vale bastante das repetições e de versos unidimensionais, o que mais nos chama a atenção é a vibrante paleta sonora que atravessa gêneros contrastantes entre si e que carrega uma simbologia que vai além da superfície – e que, de certa forma, parece ter prenunciado o encontro do passado e do futuro em si própria. Algo similar ocorre em “Countdown” (cujas referências também nos jogam de volta para a divertida “Freakum Dress”, de ‘B’Day’).

No texto anterior, lembro-me de ter comentado sobre a clara e proposital divisão entre músicas mais dançantes e baladas românticas – uma decisão que, em partes funcionou, mas que foi abandonada para a construção de 4. Nessa mais nova jornada, canções lentas e upbeat se justapõe em uma experiência única, movida a encontros dissonantes que revelam a predisposição de Beyoncé em não apenas se manter fiel às suas raízes, mas explorá-las mais a fundo e encontrar outras maneiras de permanecer viva no transbordante cenário do show business. Há, por exemplo, o doo-wop e soul da incrível e nostálgica “Rather Die Young”, uma homenagem romântica a Gloria Gaynor e Earth, Wind & Fire; o synth-glam de “Schoolin’ Life” com alusões a Michael Jackson e uma rendição irretocável que nos conquista desde os primeiros segundos; “Best Thing I Never Had”, um dos singles do disco, é uma antêmica semi-balada pop-rock e R&B que fala sobre vingança e carma (e que faz um ótimo uso do piano e de um ambiente orquestral, quase teatral).

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A artista já provou inúmeras vezes ter uma capacidade invejável de criar belíssimas baladas – e neste álbum, as coisas não seriam diferentes. Além das tracks supracitadas, temos a presença de “1+1”, que parte de um princípio bem estruturado de diminuir a potência dos instrumentos, valendo-se do baixo, dos sintetizadores e de uma eventual guitarra, para deixar espaço aos potentes vocais da cantora (mesmo que enfrentemos uma repetição incessante de maneirismos cansativos); concluindo essa memorável aventura, temos “I Was Here”, facilmente uma das melhores músicas do catálogo da Queen B – cujas mensagens ultrapassam o mero conceito de exaltar quem você é, atravessando uma linha etérea que discorre sobre a própria existência (“eu estava aqui, eu vivi, eu amei, eu estava aqui”) e movendo-se por uma pessoalidade emocionante.

Mais uma vez, Beyoncé reitera sua posição na indústria fonográfica, demonstrando ter um tato indiscutível para as múltiplas mudanças que os artistas enfrentam ano após ano. 4 não seria exceção na fervorosa e enérgica discografia da performer, sabendo transitar entre a intimidade de baladas tocantes e a expressividade gritante de bops que se tornaram hits mundiais e que continuam a encantar os fãs.

Nota por faixa:

1. Love On Top – 5/5
2. Part, feat. André 3000 – 4/5
3. Schoolin’ Life – 5/5
4. Countdown – 3,5/5
5. I Miss You – 4/5
6. Dance for You – 4,5/5
7. I Care – 4/5
8. Rather Die Young – 5/5
9. 1+1 – 3,5/5
10. End of Time – 5/5
11. Run the World (Girls) – 4/5
12. Best Thing I Never Had – 5/5
13. Start Over – 4,5/5
14. I Was Here – 5/5

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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