domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Bom Comportamento – Robert Pattinson segue acertando nas escolhas

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Drama Criminal Melancólico

A década de 1970 foi para o cinema uma das mais revolucionárias de todos os tempos, servindo para escancarar de vez a porta para obras subversivas e de contracultura, aberta na década anterior. No meio disso, eram produzidos pelo mundo filmes com maior valor realístico, que se propunham a traçar um grande paralelo com o dia a dia, de forma nua e crua. Cinema deixava de ser um espelho glamoroso e ficcional, para ganhar muitas tintas da verdade. O distanciamento diminuía entre ficção e realidade.

Todos os gêneros eram influenciados pela estética e narrativa da “nova forma de se fazer filmes”, incluindo os thrillers policiais. Produções como Operação França (1971), Serpico (1973), Caminhos Perigosos (1973), Um Dia de Cão (1975) e Taxi Driver (1976), para citar os principais, se tornaram verdadeiros marcos deste cinema criminal extremamente verídicio, cujos acontecimentos poderiam estar ocorrendo em nossa rua. A atenção era dada para detalhes mundanos e não para eventos megalômanos, que dificilmente ocorreriam na vida do homem comum.



Nada contra produções grandiosas, que ousam quebrar com energia e criatividade os moldes pré-estabelecidos dentro de seus respectivos gêneros, vide Em Ritmo de Fuga – um dos filmes mais elogiados do ano, no qual o talentosíssimo Edgar Wright basicamente cria um novo subgênero, o musical de assalto e crime. A diferença lógica que precisa ser adereçada é que essa história não acontece em nosso mundo, mas sim no mundo do cinema. Diferente do apresentado aqui em Bom Comportamento, um thriller criminal extremamente fincando no realismo, remetendo diretamente à era do estabelecimento da contracultura.

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Na trama, o renovado Robert Pattinson (que continua fazendo boas escolhas em sua carreira) vive Connie Nikas, o personagem mais errático de seu currículo, um jovem imigrante que aderiu à vida de crime. Ao seu lado, para uma vida problemática, ele arrasta o irmão, Nick, deficiente mental.

Na primeira cena do longa vemos Nick recebendo o tratamento psicológico necessário, quando pela porta irrompe Connie, literalmente tragando o irmão para um assalto. É deste ponto de partida que o roteiro irá trabalhar uma verdadeira epopeia, ao longo de um dia fatídico nas vidas da dupla de criminosos. Quando o roubo dá errado, é só ladeira abaixo para esses contraventores, e Connie precisará fazer de tudo para livrar o irmão da cadeia.

Bom Comportamento é escrito e dirigido pelos irmãos Benny e Josh Safdie, que realizam aqui seu terceiro longa-metragem de ficção e o que certamente irá colocar seus nomes no mapa. Benny é também o intérprete de Nick Nikas, o irmão deficiente do protagonista, e seu desempenho é tão realista, que nos pegamos pensando se o intérprete do personagem é de fato deficiente – até descobrirmos se tratar do diretor.

Robert Pattinson, que já entregou atuações satisfatórias de personagens incorretos, vide Cosmópolis (2012) – de David Cronenberg – desempenha aqui uma de suas melhores entregas da carreira, na pele de um sujeito que é a verdadeira escória da humanidade, sem qualquer qualidade que o redima.

Bom Comportamento, no entanto, é crédito absoluto de seus cineastas, que optam por um ar quase documental, focando em close seus personagens e situações, ao mesmo tempo dominando como poucos o “retrato” da noite e suas criaturas. O ritmo tenso de urgência imposto pela dupla a cada cena deixa o espectador sentado à beira da poltrona, ansiando pelo momento a seguir. A trilha sonora repleta de arranjos de sintetizadores – muito em voga, redescobertos após o sucesso de Drive (2011) – faz parte da composição, entranhada na narrativa como elemento de impulsão.

O filme monta uma situação atrás da outra, repletas de novos desafios e personagens, nas quais nos vemos na pele do protagonista, sem muito tempo para respirar. Como citado, aqui o que conta são os detalhes, a forma como os diretores dão importância ao mundo real, a como as coisas de fato funcionam. A forma como esmiúçam determinado universo. Em como nossas vidas não são uma viagem direta de um ponto ao outro, sem passar por inúmeras paradas, que na maioria das vezes nos desviam de nosso objetivo inicial. Bom Comportamento é definitivamente um dos melhores filmes do ano.

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Todos os gêneros eram influenciados pela estética e narrativa da “nova forma de se fazer filmes”, incluindo os thrillers policiais. Produções como Operação França (1971), Serpico (1973), Caminhos Perigosos (1973), Um Dia de Cão (1975) e Taxi Driver (1976), para citar os principais, se tornaram verdadeiros marcos deste cinema criminal extremamente verídicio, cujos acontecimentos poderiam estar ocorrendo em nossa rua. A atenção era dada para detalhes mundanos e não para eventos megalômanos, que dificilmente ocorreriam na vida do homem comum.

Nada contra produções grandiosas, que ousam quebrar com energia e criatividade os moldes pré-estabelecidos dentro de seus respectivos gêneros, vide Em Ritmo de Fuga – um dos filmes mais elogiados do ano, no qual o talentosíssimo Edgar Wright basicamente cria um novo subgênero, o musical de assalto e crime. A diferença lógica que precisa ser adereçada é que essa história não acontece em nosso mundo, mas sim no mundo do cinema. Diferente do apresentado aqui em Bom Comportamento, um thriller criminal extremamente fincando no realismo, remetendo diretamente à era do estabelecimento da contracultura.

Na trama, o renovado Robert Pattinson (que continua fazendo boas escolhas em sua carreira) vive Connie Nikas, o personagem mais errático de seu currículo, um jovem imigrante que aderiu à vida de crime. Ao seu lado, para uma vida problemática, ele arrasta o irmão, Nick, deficiente mental.

Na primeira cena do longa vemos Nick recebendo o tratamento psicológico necessário, quando pela porta irrompe Connie, literalmente tragando o irmão para um assalto. É deste ponto de partida que o roteiro irá trabalhar uma verdadeira epopeia, ao longo de um dia fatídico nas vidas da dupla de criminosos. Quando o roubo dá errado, é só ladeira abaixo para esses contraventores, e Connie precisará fazer de tudo para livrar o irmão da cadeia.

Bom Comportamento é escrito e dirigido pelos irmãos Benny e Josh Safdie, que realizam aqui seu terceiro longa-metragem de ficção e o que certamente irá colocar seus nomes no mapa. Benny é também o intérprete de Nick Nikas, o irmão deficiente do protagonista, e seu desempenho é tão realista, que nos pegamos pensando se o intérprete do personagem é de fato deficiente – até descobrirmos se tratar do diretor.

Robert Pattinson, que já entregou atuações satisfatórias de personagens incorretos, vide Cosmópolis (2012) – de David Cronenberg – desempenha aqui uma de suas melhores entregas da carreira, na pele de um sujeito que é a verdadeira escória da humanidade, sem qualquer qualidade que o redima.

Bom Comportamento, no entanto, é crédito absoluto de seus cineastas, que optam por um ar quase documental, focando em close seus personagens e situações, ao mesmo tempo dominando como poucos o “retrato” da noite e suas criaturas. O ritmo tenso de urgência imposto pela dupla a cada cena deixa o espectador sentado à beira da poltrona, ansiando pelo momento a seguir. A trilha sonora repleta de arranjos de sintetizadores – muito em voga, redescobertos após o sucesso de Drive (2011) – faz parte da composição, entranhada na narrativa como elemento de impulsão.

O filme monta uma situação atrás da outra, repletas de novos desafios e personagens, nas quais nos vemos na pele do protagonista, sem muito tempo para respirar. Como citado, aqui o que conta são os detalhes, a forma como os diretores dão importância ao mundo real, a como as coisas de fato funcionam. A forma como esmiúçam determinado universo. Em como nossas vidas não são uma viagem direta de um ponto ao outro, sem passar por inúmeras paradas, que na maioria das vezes nos desviam de nosso objetivo inicial. Bom Comportamento é definitivamente um dos melhores filmes do ano.

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