quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | ‘Bottoms – Clube da Luta para Garotas’ é um dos MELHORES filmes do ano

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Rachel Sennott se consagrou como uma das grandes comediantes da atualidade após ter estrelado o aclamado longa-metragem ‘Shiva Baby’ ao lado de Emma Seligman, que fez sua estreia diretorial. E pouco tempo depois de terem trabalhado pela primeira vez juntas, ambas se reuniram neste ano para darem vida à ‘Bottoms – Clube da Luta para Garotas – que estreou há algum tempo no mercado internacional e só agora estreou no circuito brasileiro, conquistando a crítica especializada e os fãs por sua honesta, exagerada e envolvente história. A produção, disponível no catálogo do Prime Video, não apenas consagrou-se como uma das melhores comédias de 2023, mas também como um dos longas-metragens mais bem construídos do ano, prometendo encantar os espectadores de forma inusitada e hilária.

Na trama, Sennott se une a Ayo Edebiri (que nos alçou com uma performance irretocável na aclamada série ‘O Urso’) para navegar pelas tribulações de duas adolescentes lésbicas que tentam, a todo custo, sair do “fundo da cadeia alimentar” de seu colégio e conseguirem ficar com as garotas mais bonitas. É a partir daí que suas personagens, PJ e Josie (respectivamente) resolvem fazer de tudo para perder a virgindade – incluindo montar um clube de luta para meninas com o pretexto de ajudá-las a se defenderem dos meninos tóxicos, abusivos e manipuladores que percorrem os corredores todo dia. Isto é, até que elas entram em um conflito mortal e bastante sangrento com os jogadores de futebol americano da escola, incluindo o insuportável astro do time, Jeff (Nicholas Galitzine).



É claro que, considerando a estrutura arquetípica as comédias adolescentes, não poderíamos deixar de ficar com um pé atrás ao começar a assistir ao longa-metragem, temendo uma quantidade infindável de clichês e convencionalismos de gênero que poderia transformar a narrativa em mais uma incursão esquecível e cansativa. Todavia, não é isso o que acontece: além da fica responsável pela direção, Seligman une-se a Sennott para assinar um roteiro vibrante e cheio de personalidade, construindo cada um dos diálogos de forma deliciosamente exagerada, recheados de quebras de expectativa bem-vindas e espirituosas. E é óbvio que nada disso seria possível sem o impecável timing cômico de um elenco que merece reconhecimento e que tem todos os elementos para dominar a nova geração.

Sennott faz um trabalho memorável como PJ, afastando-se do maniqueísmo de tantas outras protagonistas de obras fílmicas e mostrando que é tão complexa quanto qualquer ser humano – podendo ser egoísta, ególatra e passível de cometer erros como os outros. Edebiri, por sua vez, entrega uma performance incrível como Josie, uma espécie de “oposto complementar” de sua melhor amiga que premedita conflitos e, como é de se esperar, uma resolução otimista em meio a uma caótica sequência de eventos que nos faz arrancar gargalhadas gostosas. Galitzine, recém-saído do ótimo ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’, é a encarnação dos estereótipos do “macho-alfa” que finge se preocupar com alguém além de si mesmo – mas utiliza a lábia e o charme para colocarem todos à sua disposição.

Além do trio supracitado, nomes como Ruby Cruz (Hazel), Havana Rose Liu (Isabel), Kaia Gerber (Brittany) e Marshawn Lynch (Mr. G) acrescentam mais camadas a uma jornada de autodescobrimento e empoderamento que, dentro de suas restrições e de um microcosmo que tangencia o absurdo, nos envolve do começo ao fim. Aliado à atuações primorosas, a estética contemporâneo e ao mesmo tempo nostálgica permite que a produção seja engolfada em uma atmosfera camp apaixonante, que presta homenagens a inúmeras rom-coms icônicas dos anos 1990 e 2000 conforme caminha em uma direção distinta e com um frescor necessário para a explosiva indústria do entretenimento hollywoodiana.

A verdade é que o filme é uma suntuosa hipérbole criativa que não pensa duas vezes antes de puxar aspectos de produções escrachadas. De um lado, Seligman se aproveita os ideários e as temáticas comuns dos títulos do gênero para reaproveitá-los a seu bel-prazer, canalizando a essência de ‘As Patricinhas de Beverly Hills’, ‘O Clube dos Cinco’ e ‘Curtindo a Vida Adoidado’ para eternizar sua própria visão; de outro, iterações como ‘A Mentira’ e ‘Quase 18’ servem de base para que o elenco construa a complexidade aparentemente superficial dos personagens e arquitete uma mistura única de arquétipos e estereótipos, como já mencionado nos parágrafos acima.

Apesar de ter demorado a chegar ao Brasil, a espera de ‘Bottoms – Clube da Luta para Garotas valeu a pena – e, guiado por um esforço em equipe notável, o filme com certeza merece estar na sua lista de melhores do ano.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Na trama, Sennott se une a Ayo Edebiri (que nos alçou com uma performance irretocável na aclamada série ‘O Urso’) para navegar pelas tribulações de duas adolescentes lésbicas que tentam, a todo custo, sair do “fundo da cadeia alimentar” de seu colégio e conseguirem ficar com as garotas mais bonitas. É a partir daí que suas personagens, PJ e Josie (respectivamente) resolvem fazer de tudo para perder a virgindade – incluindo montar um clube de luta para meninas com o pretexto de ajudá-las a se defenderem dos meninos tóxicos, abusivos e manipuladores que percorrem os corredores todo dia. Isto é, até que elas entram em um conflito mortal e bastante sangrento com os jogadores de futebol americano da escola, incluindo o insuportável astro do time, Jeff (Nicholas Galitzine).

É claro que, considerando a estrutura arquetípica as comédias adolescentes, não poderíamos deixar de ficar com um pé atrás ao começar a assistir ao longa-metragem, temendo uma quantidade infindável de clichês e convencionalismos de gênero que poderia transformar a narrativa em mais uma incursão esquecível e cansativa. Todavia, não é isso o que acontece: além da fica responsável pela direção, Seligman une-se a Sennott para assinar um roteiro vibrante e cheio de personalidade, construindo cada um dos diálogos de forma deliciosamente exagerada, recheados de quebras de expectativa bem-vindas e espirituosas. E é óbvio que nada disso seria possível sem o impecável timing cômico de um elenco que merece reconhecimento e que tem todos os elementos para dominar a nova geração.

Sennott faz um trabalho memorável como PJ, afastando-se do maniqueísmo de tantas outras protagonistas de obras fílmicas e mostrando que é tão complexa quanto qualquer ser humano – podendo ser egoísta, ególatra e passível de cometer erros como os outros. Edebiri, por sua vez, entrega uma performance incrível como Josie, uma espécie de “oposto complementar” de sua melhor amiga que premedita conflitos e, como é de se esperar, uma resolução otimista em meio a uma caótica sequência de eventos que nos faz arrancar gargalhadas gostosas. Galitzine, recém-saído do ótimo ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’, é a encarnação dos estereótipos do “macho-alfa” que finge se preocupar com alguém além de si mesmo – mas utiliza a lábia e o charme para colocarem todos à sua disposição.

Além do trio supracitado, nomes como Ruby Cruz (Hazel), Havana Rose Liu (Isabel), Kaia Gerber (Brittany) e Marshawn Lynch (Mr. G) acrescentam mais camadas a uma jornada de autodescobrimento e empoderamento que, dentro de suas restrições e de um microcosmo que tangencia o absurdo, nos envolve do começo ao fim. Aliado à atuações primorosas, a estética contemporâneo e ao mesmo tempo nostálgica permite que a produção seja engolfada em uma atmosfera camp apaixonante, que presta homenagens a inúmeras rom-coms icônicas dos anos 1990 e 2000 conforme caminha em uma direção distinta e com um frescor necessário para a explosiva indústria do entretenimento hollywoodiana.

A verdade é que o filme é uma suntuosa hipérbole criativa que não pensa duas vezes antes de puxar aspectos de produções escrachadas. De um lado, Seligman se aproveita os ideários e as temáticas comuns dos títulos do gênero para reaproveitá-los a seu bel-prazer, canalizando a essência de ‘As Patricinhas de Beverly Hills’, ‘O Clube dos Cinco’ e ‘Curtindo a Vida Adoidado’ para eternizar sua própria visão; de outro, iterações como ‘A Mentira’ e ‘Quase 18’ servem de base para que o elenco construa a complexidade aparentemente superficial dos personagens e arquitete uma mistura única de arquétipos e estereótipos, como já mencionado nos parágrafos acima.

Apesar de ter demorado a chegar ao Brasil, a espera de ‘Bottoms – Clube da Luta para Garotas valeu a pena – e, guiado por um esforço em equipe notável, o filme com certeza merece estar na sua lista de melhores do ano.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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