terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | Brightburn: Filho das Trevas – Superman ‘do mal’ é o foco do terror sangrento

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O último filho… do inferno

A mitologia em torno da figura do Superman (ou Super-Homem), um dos mais antigos e definitivamente o mais famoso dos super-heróis saídos dos quadrinhos, é tão impactante culturalmente que levou o diretor Bryan Singer a tecer o comentário sobre o personagem ser tão conhecido quanto Jesus Cristo – enquanto filmava sua própria interpretação da história em Superman – O Retorno (2006).

Sim, já tivemos inúmeras versões deste conto espalhadas pelas mais diversas mídias, seja no cinema, TV e, é claro, nas HQs, berço do herói. Mas ainda não vimos tudo o que pode ser feito com esta narrativa. E a prova disso é a forma como o produtor James Gunn resolve tratar o material ao aderir à brincadeira. Oriundo do cinema fantástico e de terror, o diretor se tornou uma estrela ao fazer de personagens C do repertório da Marvel, a mais nova sensação pop (Os Guardiões da Galáxia). E se, como afirma o próprio, as duas coisas que mais gosta no mundo são terror e super-heróis, por que não uni-las em um filme?

A ideia, no entanto, embora tenha partido de um Gunn (na verdade de dois), não foi de James. Brian Gunn, seu irmão, e Mark Gunn, seu primo, são os responsáveis pelo argumento sobre uma criança que cai do espaço numa área rural dos EUA, na pequena cidade de Brightburn (a Pequenópolis deste universo), e é adotado por um amável casal do interior: Tori (Elizabeth Banks) e Kyle (David Denman). A proposta aqui é a seguinte: e se ao invés do altruísmo e bondade, o menino desenvolvesse as piores e mais perversas características humanas?

Para a empreitada foi escalado o jovem diretor David Yarovesky (em seu segundo longa), que, adepto da escola de suspense e terror do mestre John Carpenter, consegue criar cenas memoráveis e geladas, donas de um ritmo agonizante próprio. Ajuda o fato do roteiro não fornecer saídas fáceis, deixando mais perguntas do que respostas, assim como grandes exemplares do gênero. Mas, sendo este um produto mainstream, pensado para as grandes massas, o nível de grafismo das cenas é altíssimo, podendo ser comparado ao dos torture porn, vide Jogos Mortais e afins. A indução do que é imaginado e não visto, no entanto, ainda é a solução mais eficiente.

Brightburn, porém, não é meramente violência desmedida e voltada ao entretenimento. Muito pelo contrário. Existe toda uma discussão dramática envolvendo distúrbios infantis que se não prevenidos podem vir a se tornar agravantes como psicopatia – e podendo inclusive ser traçado um forte paralelo com jovens que constantemente entram armados em colégios para chacinas. Em especial, aqui, como tal fato afeta os pais.

Com reviravoltas que constantemente nos pegam desprevenidos, Brightburn eleva o nível de tensão em diversas cenas (em especial a da visita na casa da tia) e cria um dos personagens infantis mais assustadores do cinema recente – para entrar no hall ao lado de Damien (A Profecia) e Esther (A Órfã), por exemplo. Dono de uma história simples, mas muito eficiente e artesanalmente costurada, a nova produção bancada por James Gunn é daquelas que tem jeitão de já ter nascido cult. Ah sim, e uma dica: prestem atenção no que eles fizeram com a cena pós-créditos e tente não abrir um grande sorriso.

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A mitologia em torno da figura do Superman (ou Super-Homem), um dos mais antigos e definitivamente o mais famoso dos super-heróis saídos dos quadrinhos, é tão impactante culturalmente que levou o diretor Bryan Singer a tecer o comentário sobre o personagem ser tão conhecido quanto Jesus Cristo – enquanto filmava sua própria interpretação da história em Superman – O Retorno (2006).

Sim, já tivemos inúmeras versões deste conto espalhadas pelas mais diversas mídias, seja no cinema, TV e, é claro, nas HQs, berço do herói. Mas ainda não vimos tudo o que pode ser feito com esta narrativa. E a prova disso é a forma como o produtor James Gunn resolve tratar o material ao aderir à brincadeira. Oriundo do cinema fantástico e de terror, o diretor se tornou uma estrela ao fazer de personagens C do repertório da Marvel, a mais nova sensação pop (Os Guardiões da Galáxia). E se, como afirma o próprio, as duas coisas que mais gosta no mundo são terror e super-heróis, por que não uni-las em um filme?

A ideia, no entanto, embora tenha partido de um Gunn (na verdade de dois), não foi de James. Brian Gunn, seu irmão, e Mark Gunn, seu primo, são os responsáveis pelo argumento sobre uma criança que cai do espaço numa área rural dos EUA, na pequena cidade de Brightburn (a Pequenópolis deste universo), e é adotado por um amável casal do interior: Tori (Elizabeth Banks) e Kyle (David Denman). A proposta aqui é a seguinte: e se ao invés do altruísmo e bondade, o menino desenvolvesse as piores e mais perversas características humanas?

Para a empreitada foi escalado o jovem diretor David Yarovesky (em seu segundo longa), que, adepto da escola de suspense e terror do mestre John Carpenter, consegue criar cenas memoráveis e geladas, donas de um ritmo agonizante próprio. Ajuda o fato do roteiro não fornecer saídas fáceis, deixando mais perguntas do que respostas, assim como grandes exemplares do gênero. Mas, sendo este um produto mainstream, pensado para as grandes massas, o nível de grafismo das cenas é altíssimo, podendo ser comparado ao dos torture porn, vide Jogos Mortais e afins. A indução do que é imaginado e não visto, no entanto, ainda é a solução mais eficiente.

Brightburn, porém, não é meramente violência desmedida e voltada ao entretenimento. Muito pelo contrário. Existe toda uma discussão dramática envolvendo distúrbios infantis que se não prevenidos podem vir a se tornar agravantes como psicopatia – e podendo inclusive ser traçado um forte paralelo com jovens que constantemente entram armados em colégios para chacinas. Em especial, aqui, como tal fato afeta os pais.

Com reviravoltas que constantemente nos pegam desprevenidos, Brightburn eleva o nível de tensão em diversas cenas (em especial a da visita na casa da tia) e cria um dos personagens infantis mais assustadores do cinema recente – para entrar no hall ao lado de Damien (A Profecia) e Esther (A Órfã), por exemplo. Dono de uma história simples, mas muito eficiente e artesanalmente costurada, a nova produção bancada por James Gunn é daquelas que tem jeitão de já ter nascido cult. Ah sim, e uma dica: prestem atenção no que eles fizeram com a cena pós-créditos e tente não abrir um grande sorriso.

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