domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Capitão Fantástico

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Redoma Rachada

A criação de filhos é assunto delicado. Ao impor sua vontade e estilo de vida às crias, os pais automaticamente trilham um caminho para seu rebento, no qual eles podem se embrenhar aprofundadamente, tendo os progenitores como exemplo, ou se distanciar completamente, com o desejo de caminhar por suas próprias estradas. Este é o tema em vigor de Capitão Fantástico, filme escrito e dirigido pelo também ator Matt Ross (o Luis Carruthers de Psicopata Americano).

Na trama, Viggo Mortensen é o patriarca Ben Cash, que cria os seis filhos de uma forma bem inusitada, para dizer no mínimo. Nas florestas do Noroeste Pacífico, nos EUA, o protagonista vive em sua própria comunidade rural particular, educando suas crianças e adolescentes de uma forma única. Eles possuem teto e uma casa, mas vivem a maior parte do tempo ao céu aberto, se reunindo em volta de fogueiras e só utilizando abrigo quando necessário. Além disso, caçam e colhem para se alimentar, obviamente sem desperdícios, desconhecendo qualquer outra forma de sobrevivência.



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Sua educação, no entanto, é rigorosa, provida de grandes obras da literatura, livros técnicos e os ensinamentos do “capitão” desta tribo. Os jovens também são treinados no combate corpo a corpo, e no local – muito como A Vila, de M. Night Shyamalan – possuem tudo o que necessitam para uma vida pura e afastada das mazelas de uma sociedade doente. Isto é, até tais mundos, como era inevitável, colidirem.

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De tempos em tempos, produções com esta temática, do desejo do homem por uma vida mais simples, resgatando valores antigos ao lado da natureza, são criadas, talvez com o propósito justamente de reafirmá-los. Principalmente em tempos cada vez mais modernos, no qual o antigo é esquecido com rapidez crescente. Obras como Na Natureza Selvagem (2007) e Indomável Sonhadora (2012) servem para enfatizar bem esta ponte, e Capitão Fantástico chega para completar esta trilogia acidental.

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Desgostosos com o mundo no qual viviam, o protagonista de Mortensen e sua esposa resolvem largar tudo e viver no meio do mato, aonde criaram seus filhos, em seu próprio paraíso, numa proposta com certas tintas hippie. Ao contrário do movimento que reinou da década de 1960 e 1970, a decisão do protagonista é mais concreta e exige grande sacrifício e aprendizado, tanto em questões físicas quanto intelectuais. Nada de ficar admirando a natureza e se entorpecendo, aqui é na base do estudo e de sequenciais testes. Quando a matriarca fica doente, volta para a cidade a fim de receber tratamento devido. Seu falecimento é o ponto de curva na trama.

Após a trágica perda, o pai e as crianças precisam encarar o mundo e voltar para a civilização, mesmo que momentaneamente. No local, irão encarar suas fragilidades e sua estrutura tida como perfeita, começará a ruir. Katherine Hahn e Frank Langella interpretam familiares prontos a apontar os problemas no estilo de vida planejado por este ideológico Tarzan moderno, criando embates interessantíssimos, dignos das mais acaloradas discussões acadêmicas.

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A certa altura, por exemplo, a personagem de Hahn, que interpreta a irmã do protagonista, o questiona sobre a importância do aprendizado escolar, o qual ele negligencia dos filhos. A resposta do sujeito vem acompanhada de uma comparação entre seu método de ensino e o das instituições tradicionais. Já Langella, o sogro, fica preocupado com a saúde física dos netos, que são diariamente postos à prova, arriscando suas vidas.

Capitão Fantástico possuía todos os elementos para se tornar uma Sessão da Tarde açucarada. No entanto, como nas produções citadas acima, transcende ao acrescentar momentos honestos e verdadeiros, ao mesmo tempo levantando questões dignas, as discutindo com propriedade e não de uma forma rascunhada. A força do texto de Ross está no envolvimento e na dissecação do assunto, levando a questão ao cerne. A direção acompanha, acertando o tom e distribuindo momentos equilibrados de humor e drama sem nunca se tornar piegas. Capitão Fantástico é um grande filme, feito sob medida para qualquer tipo de público. Fora isso, vale mencionar que as crianças são todas muito boas, destaque para George MacKay e Nicholas Hamilton, e que Viggo Mortensen entrega um dos melhores desempenhos de sua carreira, conseguindo emocionar em uma cena chave, que muito bem poderia ser seu clipe na noite do Oscar. Já estou na torcida.

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A criação de filhos é assunto delicado. Ao impor sua vontade e estilo de vida às crias, os pais automaticamente trilham um caminho para seu rebento, no qual eles podem se embrenhar aprofundadamente, tendo os progenitores como exemplo, ou se distanciar completamente, com o desejo de caminhar por suas próprias estradas. Este é o tema em vigor de Capitão Fantástico, filme escrito e dirigido pelo também ator Matt Ross (o Luis Carruthers de Psicopata Americano).

Na trama, Viggo Mortensen é o patriarca Ben Cash, que cria os seis filhos de uma forma bem inusitada, para dizer no mínimo. Nas florestas do Noroeste Pacífico, nos EUA, o protagonista vive em sua própria comunidade rural particular, educando suas crianças e adolescentes de uma forma única. Eles possuem teto e uma casa, mas vivem a maior parte do tempo ao céu aberto, se reunindo em volta de fogueiras e só utilizando abrigo quando necessário. Além disso, caçam e colhem para se alimentar, obviamente sem desperdícios, desconhecendo qualquer outra forma de sobrevivência.

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Sua educação, no entanto, é rigorosa, provida de grandes obras da literatura, livros técnicos e os ensinamentos do “capitão” desta tribo. Os jovens também são treinados no combate corpo a corpo, e no local – muito como A Vila, de M. Night Shyamalan – possuem tudo o que necessitam para uma vida pura e afastada das mazelas de uma sociedade doente. Isto é, até tais mundos, como era inevitável, colidirem.

De tempos em tempos, produções com esta temática, do desejo do homem por uma vida mais simples, resgatando valores antigos ao lado da natureza, são criadas, talvez com o propósito justamente de reafirmá-los. Principalmente em tempos cada vez mais modernos, no qual o antigo é esquecido com rapidez crescente. Obras como Na Natureza Selvagem (2007) e Indomável Sonhadora (2012) servem para enfatizar bem esta ponte, e Capitão Fantástico chega para completar esta trilogia acidental.

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Desgostosos com o mundo no qual viviam, o protagonista de Mortensen e sua esposa resolvem largar tudo e viver no meio do mato, aonde criaram seus filhos, em seu próprio paraíso, numa proposta com certas tintas hippie. Ao contrário do movimento que reinou da década de 1960 e 1970, a decisão do protagonista é mais concreta e exige grande sacrifício e aprendizado, tanto em questões físicas quanto intelectuais. Nada de ficar admirando a natureza e se entorpecendo, aqui é na base do estudo e de sequenciais testes. Quando a matriarca fica doente, volta para a cidade a fim de receber tratamento devido. Seu falecimento é o ponto de curva na trama.

Após a trágica perda, o pai e as crianças precisam encarar o mundo e voltar para a civilização, mesmo que momentaneamente. No local, irão encarar suas fragilidades e sua estrutura tida como perfeita, começará a ruir. Katherine Hahn e Frank Langella interpretam familiares prontos a apontar os problemas no estilo de vida planejado por este ideológico Tarzan moderno, criando embates interessantíssimos, dignos das mais acaloradas discussões acadêmicas.

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A certa altura, por exemplo, a personagem de Hahn, que interpreta a irmã do protagonista, o questiona sobre a importância do aprendizado escolar, o qual ele negligencia dos filhos. A resposta do sujeito vem acompanhada de uma comparação entre seu método de ensino e o das instituições tradicionais. Já Langella, o sogro, fica preocupado com a saúde física dos netos, que são diariamente postos à prova, arriscando suas vidas.

Capitão Fantástico possuía todos os elementos para se tornar uma Sessão da Tarde açucarada. No entanto, como nas produções citadas acima, transcende ao acrescentar momentos honestos e verdadeiros, ao mesmo tempo levantando questões dignas, as discutindo com propriedade e não de uma forma rascunhada. A força do texto de Ross está no envolvimento e na dissecação do assunto, levando a questão ao cerne. A direção acompanha, acertando o tom e distribuindo momentos equilibrados de humor e drama sem nunca se tornar piegas. Capitão Fantástico é um grande filme, feito sob medida para qualquer tipo de público. Fora isso, vale mencionar que as crianças são todas muito boas, destaque para George MacKay e Nicholas Hamilton, e que Viggo Mortensen entrega um dos melhores desempenhos de sua carreira, conseguindo emocionar em uma cena chave, que muito bem poderia ser seu clipe na noite do Oscar. Já estou na torcida.

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