terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | Cara x Cara – Paul Rudd em dose dupla na cômica série de ficção-científica da Netflix

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Feche os olhos. Pense na sua vida. Imagine que você não tenha que ir trabalhar, ou estudar, que não tenha que cozinhar, limpar a casa, buscar as crianças na escola, dar atenção ao marido ou à esposa. Imagine que você tem todo o tempo do mundo para si mesmo, para cuidar de si e se dedicar aos seus sonhos. Não seria incrível? Só que, para que isso aconteça, tudo o que você tem que fazer é colocar um outro igualzinho a você no seu lugar. E aí? Você toparia?

Esse é o mote da nova série da Netflix, ‘Cara x Cara’ (sim, o título é péssimo), estrelada pelo queridinho Homem-Formiga, Paul Rudd, na qual ele é o perdedor Miles Elliot, um marqueteiro classe média que um dia já foi bonitão, bem-sucedido e querido, mas hoje sente-se cansado, derrotado, deixado de lado. Certo dia, um colega de trabalho, Dan (o carismático Desmin Borges), chega completamente mudado ao trabalho e conta seu segredo a Miles: existe um spa misterioso onde você paga 50 mil dólares por um tratamento que dá literalmente um up na sua autoestima, transformando-o na melhor versão de você mesmo. Profundamente insatisfeito com sua invisibilidade na sociedade, Miles raspa a poupança e investe tudo nesse tratamento, porém, ao invés de sair do spa se sentindo bem, Miles sai dali com um clone de si mesmo.

Com oito episódios curtinhos de pouco mais de vinte minutos, ‘Cara x Cara’ é uma série que mistura comédia, drama, suspense e ficção-científica na medida, de maneira que um gênero não se sobreponha ao outro, e eles ocorrem nessa sequência mesmo. Um olhar mais atento pode encontrar na trama uma crítica ao estilo de vida da sociedade moderna, que suga o cidadão cada vez mais, ao ponto de ele não ter mais tempo para desfrutar do seu próprio sucesso; ou a forma como terceirizamos nossos problemas para que os outros resolvam pela gente, ao ponto de não termos mais controle de nossas próprias vidas. É uma opção de compreensão da trama.

Paul Rudd volta às suas raízes ao estrelar essa comédia, e dá um show na caracterização de dois personagens opostos, porém, que são, ao mesmo tempo, a mesma pessoa. Chamam atenção seus trejeitos em tornar evidente para o espectador quem é o Miles feliz e o Miles fracassado, de modo que, no que depende do ator, nós ficamos sabendo exatamente quem é quem durante boa parte do filme – isto é, quando o roteiro não prega peças na gente, plantando a dúvida em nossa cabeça. Mérito do criador da série, Timothy Greenberg, que também é um dos responsáveis pelo roteiro, apesar desta ideia não ser exatamente original (tem um episódio de ‘Rick & Morty’ que tem exatamente o mesmo argumento).

Ao resto do elenco coube a função de apenas assessorar as confusões de Miles, e fica um pouco complicado avaliar o desempenho dos atores, uma vez que Paul Rudd está em praticamente todas as cenas (senão todas!). Ainda assim, um breve recorte é dado à atriz Aisling Bea, que convence no papel da esposa de Miles, Kate, cuja participação aumenta da metade para o final da temporada – e, ao que parece, ganhará mais espaço em uma possível segunda temporada.

O que chama mesmo a atenção na construção de ‘Cara x Cara’ é a agilidade com que a câmera se move quando Paul Rudd está conversando com o outro ele, e a fotografia do primeiro episódio, que ajuda a construir o contraste do clone (a primeiríssima cena é Paul Rudd saindo da cova onde estava enterrado dentro de um invólucro de plástico, em clara menção ao ato de nascer) com o original (quando o verdadeiro Miles chega em casa, ele olha para a mulher no 2º andar da casa através das grades do corrimão da escada, dando a entender que ele está “preso” naquela vida; quando o clone chega na casa, ele olha para o 2º andar por cima dessa grade, pois ele está “livre”).

Outra coisa que chama a atenção é a forma como a narrativa é contada sob diversos pontos de vista, pois todos os capítulos começam retomando a história do anterior, só que acompanhando o ponto de vista de outro personagem, o que cansa um pouco e faz com que a história não avance muito. Mesmo assim, ‘Cara Cara’ é uma série divertida, bem rapidinha e que cumpre bem seu papel de entreter o público.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Esse é o mote da nova série da Netflix, ‘Cara x Cara’ (sim, o título é péssimo), estrelada pelo queridinho Homem-Formiga, Paul Rudd, na qual ele é o perdedor Miles Elliot, um marqueteiro classe média que um dia já foi bonitão, bem-sucedido e querido, mas hoje sente-se cansado, derrotado, deixado de lado. Certo dia, um colega de trabalho, Dan (o carismático Desmin Borges), chega completamente mudado ao trabalho e conta seu segredo a Miles: existe um spa misterioso onde você paga 50 mil dólares por um tratamento que dá literalmente um up na sua autoestima, transformando-o na melhor versão de você mesmo. Profundamente insatisfeito com sua invisibilidade na sociedade, Miles raspa a poupança e investe tudo nesse tratamento, porém, ao invés de sair do spa se sentindo bem, Miles sai dali com um clone de si mesmo.

Com oito episódios curtinhos de pouco mais de vinte minutos, ‘Cara x Cara’ é uma série que mistura comédia, drama, suspense e ficção-científica na medida, de maneira que um gênero não se sobreponha ao outro, e eles ocorrem nessa sequência mesmo. Um olhar mais atento pode encontrar na trama uma crítica ao estilo de vida da sociedade moderna, que suga o cidadão cada vez mais, ao ponto de ele não ter mais tempo para desfrutar do seu próprio sucesso; ou a forma como terceirizamos nossos problemas para que os outros resolvam pela gente, ao ponto de não termos mais controle de nossas próprias vidas. É uma opção de compreensão da trama.

Paul Rudd volta às suas raízes ao estrelar essa comédia, e dá um show na caracterização de dois personagens opostos, porém, que são, ao mesmo tempo, a mesma pessoa. Chamam atenção seus trejeitos em tornar evidente para o espectador quem é o Miles feliz e o Miles fracassado, de modo que, no que depende do ator, nós ficamos sabendo exatamente quem é quem durante boa parte do filme – isto é, quando o roteiro não prega peças na gente, plantando a dúvida em nossa cabeça. Mérito do criador da série, Timothy Greenberg, que também é um dos responsáveis pelo roteiro, apesar desta ideia não ser exatamente original (tem um episódio de ‘Rick & Morty’ que tem exatamente o mesmo argumento).

Ao resto do elenco coube a função de apenas assessorar as confusões de Miles, e fica um pouco complicado avaliar o desempenho dos atores, uma vez que Paul Rudd está em praticamente todas as cenas (senão todas!). Ainda assim, um breve recorte é dado à atriz Aisling Bea, que convence no papel da esposa de Miles, Kate, cuja participação aumenta da metade para o final da temporada – e, ao que parece, ganhará mais espaço em uma possível segunda temporada.

O que chama mesmo a atenção na construção de ‘Cara x Cara’ é a agilidade com que a câmera se move quando Paul Rudd está conversando com o outro ele, e a fotografia do primeiro episódio, que ajuda a construir o contraste do clone (a primeiríssima cena é Paul Rudd saindo da cova onde estava enterrado dentro de um invólucro de plástico, em clara menção ao ato de nascer) com o original (quando o verdadeiro Miles chega em casa, ele olha para a mulher no 2º andar da casa através das grades do corrimão da escada, dando a entender que ele está “preso” naquela vida; quando o clone chega na casa, ele olha para o 2º andar por cima dessa grade, pois ele está “livre”).

Outra coisa que chama a atenção é a forma como a narrativa é contada sob diversos pontos de vista, pois todos os capítulos começam retomando a história do anterior, só que acompanhando o ponto de vista de outro personagem, o que cansa um pouco e faz com que a história não avance muito. Mesmo assim, ‘Cara Cara’ é uma série divertida, bem rapidinha e que cumpre bem seu papel de entreter o público.

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