quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Carro Rei – Matheus Nachtergaele Estrela um ‘Transformers’ Sci-Fi em Caruaru com toques de Terror

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Homem versus máquina. Desde que a humanidade entrou na era industrial, as máquinas passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas com mais intensidade – não que não existissem antes, mas é a partir de então que o ser humano passa a conviver com autômatos para ir de um lugar a outro, para fazer alimentos, para trabalhar, para curar, para viajar, etc. A convivência já se transformou em mote para diversas criações artísticas, como o livro (e posterior filme, de 1927) ‘Metrópolis’ e o livro ‘1984’, para citar apenas dois exemplos. Um assunto que não se esgota, uma vez que o mistério relacional criador versus criatura permanecerá até que por fim a ficção supere a realidade. Até lá, vamos nos deleitando com a criatividade de filmes como ‘Carro Rei’, longa nacional que segue nessa pegada e que chega às salas de cinema brasileiras esta semana.



Quando criança, Uno (Luciano Pedro Jr.) perdera a mãe em um suspeito acidente de carro, quando ela dirigia um dos veículos da frota de táxi de seu pai. Após a morte da mãe, o irmão dela, Zé Macaco (Matheus Nachtergaele) é expulso da convivência familiar, sendo realocado no antigo ferro velho da família, onde passa a viver isolado. Anos depois, a frota de táxi da família fica em risco após a Lei dos 15 anos entrar em vigor na cidade de Caruaru: a partir de então, todos os carros com mais de quinze anos terão que ser retirados de circulação. Isso desperta a curiosidade de Uno em reencontrar o carro do acidente de sua mãe, resguardado no ferro velho. Uma vez lá, o rapaz percebe uma conexão estranha com a máquina, e lembra que desde criança conseguia ouvir os pensamentos dos automóveis. Diante de tal fenômeno único, ele e o tio decidem restaurar a máquina, tornando-a esteticamente nova. Porém, a nova aparência, somada à autonomia de impulsos, acaba eletrizando o relacionamento entre humanos e máquinas.

Com uma hora e quarenta de duração, ‘Carro Rei’ é um filme em constante evolução. O início meio moroso pode assustar o espectador que espera um longa de ficção linear, pois os primeiros minutos já dão o tom de ficção científica que a produção adotará. Numa vibe meio ‘Transformers’, aos poucos os personagens vão interagindo com carros falantes, que ganham personalidade e desenvoltura, transformando-se, também eles, em personagens influentes do enredo. Esse é uma das principais maestrias do roteiro de Sergio Oliveira, Renata Pinheiro e Leo Pyrata, que vai libertando as maquinarias tal como visto em ‘Eu, Robô’.

O diferencial no filme de Renata Pinheiro é situar a história em Caruaru, o que confere uma estética sideral ainda mais contrastante para o embate-cerne da produção. Tudo isso capitaneado por um Matheus Nachtergaele que mais uma vez prova por que é um dos melhores atores brasileiros em atuação, misturando trejeitos primitivos com um toque de Gero Camilo em ‘Bicho de Sete Cabeças’ trazendo nuances de terror e suspense à trama apocalíptica.

Carro Rei’ é um filme autoral com brilho próprio, que merece os prêmios que ganhou nos festivais e que agradará a um nicho de público sedento por histórias mirabolantes passadas em nossos próprios quintais, afinal, também aqui há narrativas quiméricas.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Quando criança, Uno (Luciano Pedro Jr.) perdera a mãe em um suspeito acidente de carro, quando ela dirigia um dos veículos da frota de táxi de seu pai. Após a morte da mãe, o irmão dela, Zé Macaco (Matheus Nachtergaele) é expulso da convivência familiar, sendo realocado no antigo ferro velho da família, onde passa a viver isolado. Anos depois, a frota de táxi da família fica em risco após a Lei dos 15 anos entrar em vigor na cidade de Caruaru: a partir de então, todos os carros com mais de quinze anos terão que ser retirados de circulação. Isso desperta a curiosidade de Uno em reencontrar o carro do acidente de sua mãe, resguardado no ferro velho. Uma vez lá, o rapaz percebe uma conexão estranha com a máquina, e lembra que desde criança conseguia ouvir os pensamentos dos automóveis. Diante de tal fenômeno único, ele e o tio decidem restaurar a máquina, tornando-a esteticamente nova. Porém, a nova aparência, somada à autonomia de impulsos, acaba eletrizando o relacionamento entre humanos e máquinas.

Com uma hora e quarenta de duração, ‘Carro Rei’ é um filme em constante evolução. O início meio moroso pode assustar o espectador que espera um longa de ficção linear, pois os primeiros minutos já dão o tom de ficção científica que a produção adotará. Numa vibe meio ‘Transformers’, aos poucos os personagens vão interagindo com carros falantes, que ganham personalidade e desenvoltura, transformando-se, também eles, em personagens influentes do enredo. Esse é uma das principais maestrias do roteiro de Sergio Oliveira, Renata Pinheiro e Leo Pyrata, que vai libertando as maquinarias tal como visto em ‘Eu, Robô’.

O diferencial no filme de Renata Pinheiro é situar a história em Caruaru, o que confere uma estética sideral ainda mais contrastante para o embate-cerne da produção. Tudo isso capitaneado por um Matheus Nachtergaele que mais uma vez prova por que é um dos melhores atores brasileiros em atuação, misturando trejeitos primitivos com um toque de Gero Camilo em ‘Bicho de Sete Cabeças’ trazendo nuances de terror e suspense à trama apocalíptica.

Carro Rei’ é um filme autoral com brilho próprio, que merece os prêmios que ganhou nos festivais e que agradará a um nicho de público sedento por histórias mirabolantes passadas em nossos próprios quintais, afinal, também aqui há narrativas quiméricas.

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