sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre – A Resposta Russa à Série da HBO

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Um dos eventos mais trágicos da História do mundo contemporâneo é a tragédia de Chernobyl, quando o reator nuclear no.4 da usina homônima explodiu na cidade de Pripiat, na Ucrânia, no ano de 1986. Hoje, 35 anos depois, chega aos cinemas brasileiros o longa ‘Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre’, produção russa – aliás, a primeira do país sobre este assunto – que está sendo propagandeada como a resposta russa à premiada minissérie de 2019 da HBO, que arrebatou o público internacional ao ficcionalizar o episódio a partir de cidadãos que estavam no local na hora da explosão.



Em ‘Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre’ conhecemos Olga (Oksana Akinshina), uma jovem mãe que trabalha como cabelereira na cidade. Ela é surpreendida pela chegada de Alexey (Danila Kozlovsky), com quem havia tido um relacionamento no passado e, mais tarde, descobrimos ser o verdadeiro pai do filho de Olga. Quando um dia o menino está brincando com sua câmera e registra o exato momento em que o reator no.4 da usina nuclear explode, Olga e Alexey percebem que algo estranho está acontecendo na cidade, pois as pessoas estão sendo evacuadas. O que eles não imaginavam naquele momento era que o acidente era muito pior do que se podia esperar, e que os dois teriam que literalmente lutar por suas vidas e pela vida dos cidadãos da cidade.

Desde o lançamento da minissérie da HBO a Rússia se manifestou contra a romantização e a liberdade ficcional que a produção estadunidense teria tido com relação à criação em cima de um episódio ocorrido na Ucrânia, território que já pertenceu à Rússia e a ex-União Soviética. Assim, quando eles anunciaram uma “resposta” à produção estadunidense, a expectativa foi lá em cima, e o público ficou no aguardo de uma visão talvez mais aprofundada, mais raivosa ou mesmo mais emocionante do evento, entretanto, não é o que ocorre em ‘Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre’.

Em duas horas e vinte minutos de duração, o longa dedica quase que metade de sua extensão em retratar o convívio da família ficcional, desde o reencontro entre Olga e Alexey, passando pela revelação da paternidade de Alexey e da profissão do rapaz, que é bombeiro, até por fim fazer o link desse núcleo com a explosão em Chernobyl. O problema é que o roteiro de Elena Ivanova e Aleksey Kazakov passa a maior parte do tempo contando a história dessa família comum do que o acidente em Chernobyl em si, e, quando aborda o tema, resume-se a apenas o ponto de vista deste bombeiro que se voluntaria a participar do resgate, de modo que o espectador pouco se aprofunda nos erros e acertos que levaram à explosão desta usina nuclear.

Uma curiosidade é que o diretor do filme é o protagonista do longa, Danila Kozlovskiy, que antes fez o papel do Oleg na sérieVikings’ – que foi parcialmente dirigida por Johan Renck, que também dirigiu a minissérie da HBO. Assim, de certo modo, ambas as produções se complementam, entretanto, ‘Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre’ é muito mais um drama pessoal de cidadãos diretamente afetados pela tragédia do que um panorama do acidente nuclear. Não é uma resposta à altura da minissérie, mas, ainda assim, é uma resposta.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Em ‘Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre’ conhecemos Olga (Oksana Akinshina), uma jovem mãe que trabalha como cabelereira na cidade. Ela é surpreendida pela chegada de Alexey (Danila Kozlovsky), com quem havia tido um relacionamento no passado e, mais tarde, descobrimos ser o verdadeiro pai do filho de Olga. Quando um dia o menino está brincando com sua câmera e registra o exato momento em que o reator no.4 da usina nuclear explode, Olga e Alexey percebem que algo estranho está acontecendo na cidade, pois as pessoas estão sendo evacuadas. O que eles não imaginavam naquele momento era que o acidente era muito pior do que se podia esperar, e que os dois teriam que literalmente lutar por suas vidas e pela vida dos cidadãos da cidade.

Desde o lançamento da minissérie da HBO a Rússia se manifestou contra a romantização e a liberdade ficcional que a produção estadunidense teria tido com relação à criação em cima de um episódio ocorrido na Ucrânia, território que já pertenceu à Rússia e a ex-União Soviética. Assim, quando eles anunciaram uma “resposta” à produção estadunidense, a expectativa foi lá em cima, e o público ficou no aguardo de uma visão talvez mais aprofundada, mais raivosa ou mesmo mais emocionante do evento, entretanto, não é o que ocorre em ‘Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre’.

Em duas horas e vinte minutos de duração, o longa dedica quase que metade de sua extensão em retratar o convívio da família ficcional, desde o reencontro entre Olga e Alexey, passando pela revelação da paternidade de Alexey e da profissão do rapaz, que é bombeiro, até por fim fazer o link desse núcleo com a explosão em Chernobyl. O problema é que o roteiro de Elena Ivanova e Aleksey Kazakov passa a maior parte do tempo contando a história dessa família comum do que o acidente em Chernobyl em si, e, quando aborda o tema, resume-se a apenas o ponto de vista deste bombeiro que se voluntaria a participar do resgate, de modo que o espectador pouco se aprofunda nos erros e acertos que levaram à explosão desta usina nuclear.

Uma curiosidade é que o diretor do filme é o protagonista do longa, Danila Kozlovskiy, que antes fez o papel do Oleg na sérieVikings’ – que foi parcialmente dirigida por Johan Renck, que também dirigiu a minissérie da HBO. Assim, de certo modo, ambas as produções se complementam, entretanto, ‘Chernobyl: O Filme – Os Segredos do Desastre’ é muito mais um drama pessoal de cidadãos diretamente afetados pela tragédia do que um panorama do acidente nuclear. Não é uma resposta à altura da minissérie, mas, ainda assim, é uma resposta.

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