Depois de voltar com tudo para os holofotes da Cultura Pop, o boneco assassino de Don Mancini retornou cheio de moral e ainda mais sem escrúpulos do que da última vez que o vimos. Bem, ao menos é isso que o primeiro episódio da segunda temporada dá a entender. Ambientado no Halloween, um ano após a chegada do ruivinho endiabrado a Hackensack, o capítulo introdutório começa exatamente de onde a trama havia parado, dando uma solução inesperada para aquele plano de dominação mundial visto no season finale de 2021. E por mais surpreendente que tenha sido, essa cena de abertura já dita o tom certinho do que deve ser essa nova temporada: grotesca e recheada de humor de tiozão de botequim, que curiosamente casa bem com o assassino diminuto.
Claro que as consequências desse início não devem ser duradouras. Afinal, ela segue uma regrinha fundamental dos filmes de terror. A dica de que isso não é definitivo vem já mais próximo do final, quando o Jake questiona essa mesma regra ante o boneco. De qualquer forma, a série mostra o destino dos três principais personagens humanos após o massacre do ano passado. Cheios de traumas e praticamente todos órfãos, cada um segue um caminho traçado pelo Conselho Tutelar.
Jake (Zackary Arthur) foi adotado por uma nova família de Salém, onde ganhou um irmãozinho que o trata como um herói – literalmente. Já seu namorado, Devon (Bjorgvin Arnarson) foi adotado por uma mulher rica que o usa para ostentar sua “modernidade” para os amigos e o deixa ao relento enquanto viaja pelo mundo. E Lexy (Alyvia Alyn Lind) seguiu com sua mãe e irmã na cidade, enquanto a família tenta se reerguer, e a mãe tenta uma nova candidatura para tentar retornar ao seu cargo de prefeita.
Um dos pontos interessantes desse primeiro episódio é que ele transita, principalmente entre Jake e Lexy, pelos efeitos que o Chucky causou em suas vidas e como cada um lida com eles. Enquanto Jake despeja seu amor no irmãozinho novo, suprindo o tanto de ódio e perda do último ano com a admiração do caçula, Lexy cede às drogas e sensações mundanas para suportar a dor e as crises de ansiedade. O Devon que ficou meio esquecido no rolé, mostrando que ele segue com a pose de adolescente maduro, mesmo que tenha muitos traumas consigo.
Aparentemente, todos seguiam bem seus rumos, até o momento em que o boneco assassino retorna e toca o terror na vida deles. E aí entra um ponto muito bem executado pela direção que é adotar uma estética mais “terror de TV”, com direito a longas cenas de corredores vazios e perspectivas de personagens baixinhos, brincando com a audiência de quando há ou não a presença do Chucky no recinto. É uma opção bem simples da direção, mas que tem bastante efeito na hora de criar tensão. E, claro, eles usam alguns jumpscares simples, mas suficientes para dar aquele sustinho despretensioso no coração.
E a forma como Chucky se refere à Tiffany (Jennifer Tilly) já dá a sensação de que essa temporada vai a fundo na rivalidade dos dois. A própria presença da versão “boneca normal” da noiva do Chucky já flerta com uma possível competição entre os ex-noivos. Pena de quem estiver pelo caminho.
Por fim, o episódio já elimina um personagem recém-introduzido, mas faz isso de forma tão bem executada que você se sente mal pela partida do infeliz assassinado. É uma forma de deixar claro que eles não vão poupar ninguém nessa nova temporada. Principalmente agora os protagonistas vão ficar presos em um internato católico.
Os novos episódios de Chucky estreia toda quarta-feira no Star+.