quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Cidade de Mentiras – Johnny Depp estrela cinebiografia de policial que investigou assassinatos de Tupac e de Notorious B.I.G.

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O ano de 1996 foi muito marcante para a música mundial, não só pelos hits das Spice Girls ou pelos lançamentos nacionais ‘É uma partida de futebol’, do Skank, e ‘Na rua, na chuva, na fazenda’, do Kid Abelha, mas também pela inacreditável notícia do assassinato público do rapper estadunidense Tupac Shakur. Seis meses depois, o assassinato do icônico rapper Notorious B.I.G volta a abalar os Estados Unidos. Em comum, os dois crimes têm o fato de ambos os rappers terem protagonizado a maior briga de todos os tempos na indústria do hip-hop, além do fato de nenhum dos dois crimes até hoje ter sido solucionado. É nesse universo que mergulhamos em ‘Cidade de Mentiras’, que chega hoje para aluguel nas plataformas digitais.



Russell Poole (Johnny Depp) é um ex-detetive da polícia de Los Angeles, afastado depois de ter se debruçado demais na investigação dos assassinatos de Tupac Shakur e de Notorious B.I.G. Certo dia, ele recebe a visita de Jack Jackson (Forest Whitaker), um jornalista que está escrevendo uma matéria especial sobre os dez anos do assassinato de Christopher Wallace – também conhecido como Biggie. Porém, revirar o passado não só engatilha muitas memórias ao obcecado policial, como também irá tocar em feridas não curadas, as quais não deveriam voltar a serem abertas por incomodarem demais aos poderosos da cidade de Los Angeles.

Contado através de flashbacks narrados pelo protagonista, ‘Cidade de Mentiras’ é uma autobiografia dramática intrincada, cujo enredo é um emaranhado de elementos complicados nos quais o espectador precisa prestar atenção para seguir o fio da meada. Não é um filme simples para o espectador brasileiro comum, que, quando muito, apenas ouviu falar desses casos, mas não sabe dos detalhes que envolvem a relação dos dois rappers, muito menos dos crimes.

Baseado no livro de Randall Sullivan, o roteiro de Christian Contreras faz com que o espectador acompanhe o jornalista Jack para que, juntos, nós possamos ir montando o quebra-cabeças para tentar entender o que aconteceu e como os episódios se conectam; ao mesmo tempo, ficamos ouvindo a narração do ex-policial a partir das suas memórias – portanto, não imparciais. Assim, o roteiro abre um leque de opções bem interessantes para que o próprio espectador tire suas conclusões.

Então, a direção de Brad Furman poderia ousar para provocar a gente, mas o cineasta opta por uma condução segura e sem grandes revelações – talvez até mesmo com receio de afirmar verdades não comprováveis em seu longa. Assim, a produção ganha um tom quaaaase noir, com um ritmo hipnótico e cadenciado, semelhante ao que encontramos em ‘True Detective’.

De maneira sóbria, ‘Cidade de Mentiras’ é uma boa opção para quem gosta de filmes com uma notável história de pano de fundo. Com Johnny Depp e Forest Whitaker no comando, ‘Cidade de Mentiras’ convida à reflexão dos reais motivos pelos quais grandes crimes não têm solução pela polícia, seja onde for. É um filme com uma boa dose de suspense policial: algo misterioso, uma teoria da conspiração no fundo e a aproximação com a realidade do espectador.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Russell Poole (Johnny Depp) é um ex-detetive da polícia de Los Angeles, afastado depois de ter se debruçado demais na investigação dos assassinatos de Tupac Shakur e de Notorious B.I.G. Certo dia, ele recebe a visita de Jack Jackson (Forest Whitaker), um jornalista que está escrevendo uma matéria especial sobre os dez anos do assassinato de Christopher Wallace – também conhecido como Biggie. Porém, revirar o passado não só engatilha muitas memórias ao obcecado policial, como também irá tocar em feridas não curadas, as quais não deveriam voltar a serem abertas por incomodarem demais aos poderosos da cidade de Los Angeles.

Contado através de flashbacks narrados pelo protagonista, ‘Cidade de Mentiras’ é uma autobiografia dramática intrincada, cujo enredo é um emaranhado de elementos complicados nos quais o espectador precisa prestar atenção para seguir o fio da meada. Não é um filme simples para o espectador brasileiro comum, que, quando muito, apenas ouviu falar desses casos, mas não sabe dos detalhes que envolvem a relação dos dois rappers, muito menos dos crimes.

Baseado no livro de Randall Sullivan, o roteiro de Christian Contreras faz com que o espectador acompanhe o jornalista Jack para que, juntos, nós possamos ir montando o quebra-cabeças para tentar entender o que aconteceu e como os episódios se conectam; ao mesmo tempo, ficamos ouvindo a narração do ex-policial a partir das suas memórias – portanto, não imparciais. Assim, o roteiro abre um leque de opções bem interessantes para que o próprio espectador tire suas conclusões.

Então, a direção de Brad Furman poderia ousar para provocar a gente, mas o cineasta opta por uma condução segura e sem grandes revelações – talvez até mesmo com receio de afirmar verdades não comprováveis em seu longa. Assim, a produção ganha um tom quaaaase noir, com um ritmo hipnótico e cadenciado, semelhante ao que encontramos em ‘True Detective’.

De maneira sóbria, ‘Cidade de Mentiras’ é uma boa opção para quem gosta de filmes com uma notável história de pano de fundo. Com Johnny Depp e Forest Whitaker no comando, ‘Cidade de Mentiras’ convida à reflexão dos reais motivos pelos quais grandes crimes não têm solução pela polícia, seja onde for. É um filme com uma boa dose de suspense policial: algo misterioso, uma teoria da conspiração no fundo e a aproximação com a realidade do espectador.

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Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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