quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | ‘Cine Holliúdy – A Série’ – Genuína Comédia do Povo Brasileiro

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Cine Holliúdy’ é uma daquelas propostas ousadas que o produtor, quando recebe o projeto em mãos, fica na dúvida se é pra levar aquilo a sério ou não. Ainda bem que alguém encarou o desafio, e hoje temos uma das franquias de comédia de maior sucesso no Brasil – que virou filme em 2012, ganhou um primeiro spin-off em 2016, com ‘O Shaolin do Sertão’, depois ganhou continuação em 2018 com Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral’, e agora ganha o formato de série televisiva, já em exibição na Rede Globo.



Francisgleydisson (Edmilson Filho, novamente ótimo no papel) é um ingênuo rapaz que vive na pacata cidade de Pitombas, no interior do Ceará. Cinéfilo de carteirinha, ele é dono e proprietário do Cine Holliúdy, o único cinema da cidade e única forma de divertimento que aquele povo tem. Com a ajuda de seu fiel amigo, o afetado e caricato Munízio (interpretado pelo engraçadíssimo Haroldo Guimarães), os dois buscam formas de atrair o público para a sala de cinema. Porém, um dia a tecnologia chega a Pitombas: o prefeito salafrário Olegário (Matheus Nachtergaele, que nos fez ficar com saudade do seu João Grilo, do ‘O Auto da Compadecida’) decide comprar uma televisão para agradar a futura esposa recém-chegada de São Paulo, Maria do Socorro (Heloísa Perrissé) e sua filha, Marilyn (Letícia Colin, se revelando na comédia). Porém, como descobrem que a TV foi comprada com o dinheiro do povo, o prefeito decide colocar a televisão na praça, para o povo assistir as novelas ali. Começa assim, a briga do cinema com a televisão, esse “diabo de futuro que me persegue”, como diz o próprio Francis.

Baseada na história de Halder Gomes, que levou meio milhão de pessoas aos cinemas em 2012, a série de Marcio Wilson e Claudio Paiva diverte e tem questionamentos profundos. Por exemplo, a trama se passa nos anos 1960, e o embate entre a TV e o cinema foi realmente uma questão delicada, que atravessou toda uma década, e que nos faz pensar no quanto que a tecnologia e a modernidade não fizeram morrer alguns costumes das cidades pequenas. A corrupção política, como já dito, é apontada ao longo dos capítulos, com direito a um episódio com intervenção militar (participação de Chico Diaz) e o prefeito gritando ‘Não vai ter golpe!’, e outro em que o prefeito é transformado em vampiro. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

A série é toda divertida e com episódios curtinhos, e o melhor: dá pra ver fora de ordem porque cada episódio tem uma história que se fecha. Os destaques são o primeiro episódio, em que a trama é explicada; o 3º, em que marcianos invadem o sertão! (um claro desdobramento do filme); o 2º, em que há uma noiva cadáver, interpretada pela Ingrid Guimarães; o 8º, que faz menção ao ‘Shaolin do Sertão’; o 7º, com participação de um Sherlock Holmes fictício; o 4º, que demonstra a fé do povo brasileiro. Bom, basicamente todos.

Mas o grande trunfo da série é a combinação perfeita de edição ágil, uma montagem precisa e diálogos afiadíssimos. Tudo isso ajuda a fazer com que o ritmo seja muito, muito rápido, quem pescou, pescou, quem não entendeu vai ficar sem entender. Sem contar todo o cuidado que os roteiristas e a direção artística de Patricia Pedrosa tiveram em caracterizar a história como se fala e vive no nosso querido sertão. Sem dúvida, a série ‘Cine Holliúdy’ é uma pérola da TV brasileira, um presente para o povo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Cine Holliúdy’ é uma daquelas propostas ousadas que o produtor, quando recebe o projeto em mãos, fica na dúvida se é pra levar aquilo a sério ou não. Ainda bem que alguém encarou o desafio, e hoje temos uma das franquias de comédia de maior sucesso no Brasil – que virou filme em 2012, ganhou um primeiro spin-off em 2016, com ‘O Shaolin do Sertão’, depois ganhou continuação em 2018 com Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral’, e agora ganha o formato de série televisiva, já em exibição na Rede Globo.

Francisgleydisson (Edmilson Filho, novamente ótimo no papel) é um ingênuo rapaz que vive na pacata cidade de Pitombas, no interior do Ceará. Cinéfilo de carteirinha, ele é dono e proprietário do Cine Holliúdy, o único cinema da cidade e única forma de divertimento que aquele povo tem. Com a ajuda de seu fiel amigo, o afetado e caricato Munízio (interpretado pelo engraçadíssimo Haroldo Guimarães), os dois buscam formas de atrair o público para a sala de cinema. Porém, um dia a tecnologia chega a Pitombas: o prefeito salafrário Olegário (Matheus Nachtergaele, que nos fez ficar com saudade do seu João Grilo, do ‘O Auto da Compadecida’) decide comprar uma televisão para agradar a futura esposa recém-chegada de São Paulo, Maria do Socorro (Heloísa Perrissé) e sua filha, Marilyn (Letícia Colin, se revelando na comédia). Porém, como descobrem que a TV foi comprada com o dinheiro do povo, o prefeito decide colocar a televisão na praça, para o povo assistir as novelas ali. Começa assim, a briga do cinema com a televisão, esse “diabo de futuro que me persegue”, como diz o próprio Francis.

Baseada na história de Halder Gomes, que levou meio milhão de pessoas aos cinemas em 2012, a série de Marcio Wilson e Claudio Paiva diverte e tem questionamentos profundos. Por exemplo, a trama se passa nos anos 1960, e o embate entre a TV e o cinema foi realmente uma questão delicada, que atravessou toda uma década, e que nos faz pensar no quanto que a tecnologia e a modernidade não fizeram morrer alguns costumes das cidades pequenas. A corrupção política, como já dito, é apontada ao longo dos capítulos, com direito a um episódio com intervenção militar (participação de Chico Diaz) e o prefeito gritando ‘Não vai ter golpe!’, e outro em que o prefeito é transformado em vampiro. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

A série é toda divertida e com episódios curtinhos, e o melhor: dá pra ver fora de ordem porque cada episódio tem uma história que se fecha. Os destaques são o primeiro episódio, em que a trama é explicada; o 3º, em que marcianos invadem o sertão! (um claro desdobramento do filme); o 2º, em que há uma noiva cadáver, interpretada pela Ingrid Guimarães; o 8º, que faz menção ao ‘Shaolin do Sertão’; o 7º, com participação de um Sherlock Holmes fictício; o 4º, que demonstra a fé do povo brasileiro. Bom, basicamente todos.

Mas o grande trunfo da série é a combinação perfeita de edição ágil, uma montagem precisa e diálogos afiadíssimos. Tudo isso ajuda a fazer com que o ritmo seja muito, muito rápido, quem pescou, pescou, quem não entendeu vai ficar sem entender. Sem contar todo o cuidado que os roteiristas e a direção artística de Patricia Pedrosa tiveram em caracterizar a história como se fala e vive no nosso querido sertão. Sem dúvida, a série ‘Cine Holliúdy’ é uma pérola da TV brasileira, um presente para o povo.

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