Outubro é um mês marcado por tensões políticas devido aos dois turnos das eleições nacionais. É quando as pessoas têm as maiores e mais intensas conversas sobre o tema, afinal, os candidatos precisam ser eleitos. Muito por conta desse clima que nos envolve a todos, a Prime Video programou para estrear neste mês sua mais nova série nacional, ‘Eleita’, que já está disponível para os assinantes da plataforma.
Fefê (Clarice Falcão) é uma influencer porra-louca da internet que, numa brincadeira mal calculada, se candidata ao cargo de governador do estado do Rio de Janeiro. O problema é que ela ganha as eleições, e, da noite para o dia, sua vida muda completamente, e Fefê se vê obrigada a abraçar responsabilidades que nunca imaginou um dia ter. Em contraponto, a bancada da oposição religiosa, encabeçada pela deputada Pastora Hosana (Luciana Paes), faz de tudo para se aproximar da governadora para, com isso, descobrir seus pontos fracos e fazê-la desistir do cargo. Felizmente, Fefê conta com o deputado Netinho Júnior (Diogo Vilela) como assessor especial em sua carreira e com sua melhor amiga, Nanda (Bella Camero), para desabafar sobre os percalços do mandato. Porém, quando tudo parece se estabilizar na breve gestão de governadora, Fefê passa a ver a verdadeira índole daqueles que a cerca.
Com sete episódios de cerca de meia hora cada, ‘Eleita’ é uma série de comédia nacional que dialoga diretamente com o que conhecemos da realidade daqui, especialmente com os acontecimentos reais ocorridos no eixo Rio-São Paulo na última década. Esse é o ponto mais inteligente do roteiro: se apropriar dos absurdos do mundo real para torná-los piada dentro do universo da ficção, e o roteiro o faz de maneira muito inteligente, encaixando esses elementos com maestria dentro do contexto da série.
Por outro lado, o todo do enredo de desenvolve de maneira irregular: o primeiro episódio inicia a trama já com a eleição realizada e o plot apresentado, de modo que o espectador perde parte do que seria a construção da jornada da protagonista, deixando a sensação de estar faltando um episódio piloto introdutório à história. Entre idas e vindas no ritmo, ‘Eleita’ vai se tornando engraçada aos poucos, à medida em que o espectador se conecta com o universo de Fefê e passa a rir das ironias e absurdos da personagem, magistralmente composto por uma afiada Clarice Falcão. Qualquer um que minimamente acompanhou o cenário político brasileiro consegue identificar, nas atitudes dos personagens, os absurdos que cercam a gestão do nosso país.
Recuperando a face do humor como uma crítica política, ‘Eleita’ é uma série que faz rir e refletir, especialmente nessa época polarizada que estamos vivendo. Dialoga com seu público-alvo, critica os governantes e, de certo modo, aponta soluções para a nossa realidade – como bem o fazia os atores cômicos da Grécia antiga. Afinal, é de absurdo em absurdo que muitos políticos construíram suas carreiras por aqui, e chega um momento em que é preciso refletir sobre quem anda se elegendo e por quais motivos, e é através do humor que ‘Eleita’, agilmente dirigida por Carolina Jabor, busca entreter seu público.