sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica | Cobra Kai – Temp. 2: Sequência de ‘Karate Kid’ prova que os anos 80 continuam aqui

Desde 1984, Karate Kid – A Hora da Verdade tem feito parte da vida de tantos jovens (alguns nem tão mais jovens assim). Um drama teen sobre a fase de amadurecimento, ele ultrapassa as barreiras do gênero coming of age, sendo também um marco histórico da indústria do entretenimento, cheio de lições e reflexões que servem para a vida inteira. Mais atual como nunca, o longa trata diferença sociais, princípios morais e bullying e permanece como aquela lembrança maravilhosa do quão rico é o cinema oitentista. O tempo passou, novas gerações nasceram e os streamings passaram a determinar como e com qual frequência nos alimentamos de filmes e séries. E graças ao YouTube Premium, a lenda do Mestre Miyagi segue firme e forte, 35 anos depois, em Cobra Kai. E a segunda temporada nos prova que mais do que nunca continuamos nos anos 80.

Karate Kid se tornou um fenômeno global por sua essência inspiradora, que projeta um jovem e pobre filho de uma mãe viúva para além de suas limitações sócio culturais. Em 2019, Cobra Kai trata a mesma temática, abordando o passado de dois personagens com históricos distintos, que tiveram seus presentes impactados pelas lições que aprenderam ainda na adolescência. Enquanto Daniel LaRusso (Ralph Macchio) fez da sua fraqueza sua maior força, Johnny Lawrence (William Zabka) – garoto rico, que cresceu nos famosos clubes campestres – fez da sua bravura sua ruína. E enquanto tenta se reerguer das sombras dos traumas antigos, ele aprende novas lições, finalmente chegando ao conhecimento daquilo que o seu oponente aprendeu ainda na juventude: seu contexto de origem não define seu futuro.

Reforçando esse contraste agora na vida adulta dos personagens, aprendemos também o quanto os tons de cinza fazem toda a diferença na construção das personalidades dos papéis. Nos anos 80, protagonistas e antagonistas era mais no estilo preto no branco: bons e maus. Alguns filmes ousavam em permear por entre essa linha tênue, mas as camadas nem sempre eram tão profundas (vide Rocky IV, um dos clássicos da época que mais amo). Em Cobra Kai, é difícil determinar que Daniel San é o mocinho, enquanto Johnny é o vilão. Ambos transitam entre comportamentos maduros e imaturos, insistem em lembrar do passado – o que é um deleite para os fãs “raiz” – e tomam decisões incoerentes: ora muito boas, ora bem ruins.

E é justamente essa abordagem que mantém a série tão divertida de assistir. Enquanto os personagens se digladiam emocional e até mesmo fisicamente entre si, a audiência fica confusa a respeito de qual posicionamento tomar. Johnny e Daniel não são os mesmos que conhecemos em 1984. Essencialmente humanos, são duas pessoas que parecem estar cansadas de brigar. Mas traumatizados pelo que sofreram ainda quando eram garotos, possuem dificuldades de se adequar a essa nova realidade genuinamente pacífica. São complexos, até mais do que esperávamos.

E toda essa dramaticidade, abordada em 10 episódios de cerca de 20 minutos, ganha a aura dos anos 80. Nos lembrando de onde tudo isso nasceu, a série do YouTube é deliciosamente nostálgica, nos leva em uma sucessão de epifanias dos filmes originais e constrói o drama a la mode, bem oitentista, quase cafona, mas hipnotizante. Se voltando para as referências estilísticas de como os filmes e séries eram produzidos de maneira técnica, os cortes, a iluminação, a edição e as expressões faciais exageradas nos lembram que, embora seja um novo tempo, ainda estamos na década em questão. E isso é incrivelmente revigorante.

Com uma trilha sonora toda extraída dos hinos oitentista, Cobra Kai une o passado com o presente em gerações distintas de atores. Traz a galera nascida nos anos 2000 para dentro dessa jornada alucinante e não perde a piada, contrastando também o quanto a vida mudou com a tecnologia e de que maneira isso impacta nas narrativas particulares de cada personagem. Apresentando também o ator Paul Walter Hauser como o side-kick que faltava, a série sequência de Karate Kid não perde o gingado, rende boas risadas e dá uma vontade enorme de rever o clássico, só para matar saudades do grande Mestre Miyagi.  

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