sábado , 2 novembro , 2024

Crítica | Com Amor, Simon – Comédia romântica gay diverte e quebra tabus

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Do que seria feito o cinema senão de uma reflexão do cotidiano? Das atitudes e das mudanças que o mundo tem passado desde que os irmãos Lumiérè colocaram aquela câmera precária para gravar seus funcionários saindo da fábrica. Um filme não tem a obrigação de se explicar ou se justificar no meio que foi criado, mas o cinema é uma responsabilidade, através dele se atinge a massa, e sendo assim, por qual razão não colocar uma mensagem importante em um filme tecnicamente inocente?

Esse é o caso deCom Amor, Simon, adaptação da 20th Century Fox para os cinemas do livroSimon Vs. A Agenda Homo Sapiens’, da escritora Becky Albertalli, que se assume uma comédia romântica fora dos padrões mas que, na verdade, carrega com sigo o peso de dar voz a um assunto muito mal tratado em filmes do gênero: a descoberta da homossexualidade na adolescência.

Na trama, Simon tem uma vida normal, exceto por um detalhe: ele é gay e não assumido para a família e amigos. Buscando encontrar alguém que possa conversar, acaba se apaixonando por um internauta chamado “Blue”, que recentemente se assumiu gay em anonimato para escola. E é nessa jornada de descobertas que Simon busca conhecer o menino que se apaixonou, tendo que lidar com o medo de ser exposto para todos antes que esteja preparado para se assumir.

O interessante aqui é que se trata de um filme teen, feito para atingir os jovens e pensado como uma comédia para toda a família. O primeiro grande acerto. Estamos acostumados a ver orientação sexual sendo tratada em filmes mais “cabeça”, para um público mais adulto e quase sempre de forma pesada, o que não deixa de ser também um reflexo da sociedade, que ainda trata como tabu a temática LGBTQ nos cinemas. Mas aqui, ela é aberta, leve e retratada com muita realidade desde o começo do filme até seu último segundo.

Simon é um apresentado como um jovem comum, homem sis, que enfrenta os mesmos dramas, angustias e alegrias que todos os adolescentes da sua idade, porém ele carrega a pressão de ser gay em segredo, assim como muitos, sem saber como contar para seus amigos e família que vive uma vida de aparências. Apesar da profundidade dada ao protagonista, o trabalho sensacional do roteiro é mostrar isso de uma forma leve, o jovem não tem (em nenhum momento) vergonha de si ou medo que sua família o rejeite, pelo contrário, ele está se descobrindo e quer ter seu próprio tempo para decidir como e quando revelar ao mundo sua orientação sexual.

E para tratar um assunto tão delicado, a escolha do elenco seria um fator crucial para que o público, principalmente jovem, se identificasse com a naturalidade daquelas situações. Outro grande acerto do filme. Um elenco escolhido à dedo, diversificado e divertido. Destaque, claro, para o protagonista Nick Robinson, que entrega uma atuação carregada de emoção e realismo, um personagem carismático, tímido e gentil, que segura o filme até o seu final, e também para sua professora de teatro, vivida pela excelente atriz Natasha Rothwell, que rouba a cena toda vez que aparece.

A direção de Greg Berlanti é delicada quando precisa ser, sem muitos exageros, entrega o que promete. Assim como a presença dos pais, vividos por Jennifer Garner e Josh Duhamel, que cumprem a função de emocionar o público no momento certo, o que poderia ter sido melhor explorado devido ao pouco espaço em tela que ambos tiveram.

A comédia é divertida na medida adequada, equilibra muito bem o drama com o humor e utiliza artifícios do suspense para prender a atenção na identidade do misterioso personagem que troca e-mails com Simon. Certamente marca um importante primeiro passo ao cinema de gênero, apesar de não ser um filme excelente.

Pode também não ser o filme aclamado que o Oscar vai premiar pela representatividade, mas provavelmente será o que vai atingir o público jovem de forma mais impactante e natural possível, muito mais do que Moonlight ou o recente Me Chame Pelo Seu Nome.

A montanha-russa que é a vida de Simon se intensifica no terceiro ato, emocionando e nos fazendo refletir sobre tolerância, compaixão e, acima de tudo, como o amor é algo tão puro e genuíno. Mesmo que o personagem faça parte de uma parcela dos jovens que possuem o privilégio de poder ser aceito dentro do seu meio social, levando-o ao final esperado, porém satisfatório.

Talvez o grande erro do filme venha do roteiro perto do final, que em determinado momento compara as relações amorosas dos amigos de Simon com o dilema que o personagem viveu ao longa da trama. Mesmo que ele tenha feito algo teoricamente errado, não há como nos identificarmos com os dramas dos outros, causando certa indignação.

Por fim, mesmo com seus erros convencionais, Com Amor, Simon vem positivamente como uma chance de mostrar para aqueles que lutam contra a opressão, pensamentos suicidas e as outras armadilhas de estar no “armário” na adolescência, que não estão sozinhos e, principalmente, não precisam se envergonhar. O amor existe para todos e o cinema está se tornando corajoso ao mostrar isso cada vez mais.

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Thiago Munizhttp://cinepop.com.br/
Carioca, 26 anos, apaixonado por Cinema. Venho estudando e vivendo todas as partes da sétima arte à procura de conhecimento da área. Graduando no curso de Cinema e influenciador cinematográfico no Instagram.

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Esse é o caso deCom Amor, Simon, adaptação da 20th Century Fox para os cinemas do livroSimon Vs. A Agenda Homo Sapiens’, da escritora Becky Albertalli, que se assume uma comédia romântica fora dos padrões mas que, na verdade, carrega com sigo o peso de dar voz a um assunto muito mal tratado em filmes do gênero: a descoberta da homossexualidade na adolescência.

Na trama, Simon tem uma vida normal, exceto por um detalhe: ele é gay e não assumido para a família e amigos. Buscando encontrar alguém que possa conversar, acaba se apaixonando por um internauta chamado “Blue”, que recentemente se assumiu gay em anonimato para escola. E é nessa jornada de descobertas que Simon busca conhecer o menino que se apaixonou, tendo que lidar com o medo de ser exposto para todos antes que esteja preparado para se assumir.

O interessante aqui é que se trata de um filme teen, feito para atingir os jovens e pensado como uma comédia para toda a família. O primeiro grande acerto. Estamos acostumados a ver orientação sexual sendo tratada em filmes mais “cabeça”, para um público mais adulto e quase sempre de forma pesada, o que não deixa de ser também um reflexo da sociedade, que ainda trata como tabu a temática LGBTQ nos cinemas. Mas aqui, ela é aberta, leve e retratada com muita realidade desde o começo do filme até seu último segundo.

Simon é um apresentado como um jovem comum, homem sis, que enfrenta os mesmos dramas, angustias e alegrias que todos os adolescentes da sua idade, porém ele carrega a pressão de ser gay em segredo, assim como muitos, sem saber como contar para seus amigos e família que vive uma vida de aparências. Apesar da profundidade dada ao protagonista, o trabalho sensacional do roteiro é mostrar isso de uma forma leve, o jovem não tem (em nenhum momento) vergonha de si ou medo que sua família o rejeite, pelo contrário, ele está se descobrindo e quer ter seu próprio tempo para decidir como e quando revelar ao mundo sua orientação sexual.

E para tratar um assunto tão delicado, a escolha do elenco seria um fator crucial para que o público, principalmente jovem, se identificasse com a naturalidade daquelas situações. Outro grande acerto do filme. Um elenco escolhido à dedo, diversificado e divertido. Destaque, claro, para o protagonista Nick Robinson, que entrega uma atuação carregada de emoção e realismo, um personagem carismático, tímido e gentil, que segura o filme até o seu final, e também para sua professora de teatro, vivida pela excelente atriz Natasha Rothwell, que rouba a cena toda vez que aparece.

A direção de Greg Berlanti é delicada quando precisa ser, sem muitos exageros, entrega o que promete. Assim como a presença dos pais, vividos por Jennifer Garner e Josh Duhamel, que cumprem a função de emocionar o público no momento certo, o que poderia ter sido melhor explorado devido ao pouco espaço em tela que ambos tiveram.

A comédia é divertida na medida adequada, equilibra muito bem o drama com o humor e utiliza artifícios do suspense para prender a atenção na identidade do misterioso personagem que troca e-mails com Simon. Certamente marca um importante primeiro passo ao cinema de gênero, apesar de não ser um filme excelente.

Pode também não ser o filme aclamado que o Oscar vai premiar pela representatividade, mas provavelmente será o que vai atingir o público jovem de forma mais impactante e natural possível, muito mais do que Moonlight ou o recente Me Chame Pelo Seu Nome.

A montanha-russa que é a vida de Simon se intensifica no terceiro ato, emocionando e nos fazendo refletir sobre tolerância, compaixão e, acima de tudo, como o amor é algo tão puro e genuíno. Mesmo que o personagem faça parte de uma parcela dos jovens que possuem o privilégio de poder ser aceito dentro do seu meio social, levando-o ao final esperado, porém satisfatório.

Talvez o grande erro do filme venha do roteiro perto do final, que em determinado momento compara as relações amorosas dos amigos de Simon com o dilema que o personagem viveu ao longa da trama. Mesmo que ele tenha feito algo teoricamente errado, não há como nos identificarmos com os dramas dos outros, causando certa indignação.

Por fim, mesmo com seus erros convencionais, Com Amor, Simon vem positivamente como uma chance de mostrar para aqueles que lutam contra a opressão, pensamentos suicidas e as outras armadilhas de estar no “armário” na adolescência, que não estão sozinhos e, principalmente, não precisam se envergonhar. O amor existe para todos e o cinema está se tornando corajoso ao mostrar isso cada vez mais.

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Thiago Munizhttp://cinepop.com.br/
Carioca, 26 anos, apaixonado por Cinema. Venho estudando e vivendo todas as partes da sétima arte à procura de conhecimento da área. Graduando no curso de Cinema e influenciador cinematográfico no Instagram.

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