segunda-feira , 31 março , 2025

Crítica | Comandada pela mente incomparável de Seth Rogen, ‘O Estúdio’ já é a melhor série do ano


Nota: a crítica a seguir discorre sobre os dois primeiros episódios da série.

Hollywood sempre esteve no centro dos holofotes do cenário do entretenimento e, por essa razão, suas engrenagens também sempre foram alvo de exploração por inúmeros realizadores – desde o clássico musical ‘Cantando na Chuva’, que discorreu sobre a transição do cinema mudo para o falado, passando pelo incrível vencedor do Oscar ‘O Artista’ e chegando no onírico e apaixonante ‘La La Land’. Agora, Seth Rogen nos convida para revisitar esse cosmos em uma engendrada sátira intitulada ‘O Estúdio’, cujos dois primeiros episódios chegaram recentemente ao catálogo da Apple TV+.



Na trama, acompanhamos Matt Remick (Rogen), um executivo que conquista a posição máxima da Continental Studios e recebe a tarefa de comandar um filme extremamente comercial para salvá-lo da falência e do esquecimento. Entretanto, os ideais do estúdio entram em conflito com o que o próprio Matt defende – o cinema como forma de arte, e não apenas mais uma mercadoria a ser engolida pelo capitalismo. Mas seus discursos não são o suficiente para seus associados, que incluem Sal Seperstein (Ike Barinholtz) e Maya Mason (Kathryn Hahn), que focam apenas nos números. Relutante, Matt aceita dirigir um filme focado no mascote conhecido como Kool-Aid Man, da marca de sucos industrializados Kool-Aid, tornando-se chacota nas redes sociais e procurando alguma brecha para transformar um vazio criativo em algo ao menos aproveitável.

O Estudio 07

Responsável também pelo roteiro, pela direção e pela produção da série, Rogen está em seu ápice artístico ao comandar com hábeis mãos, ao lado de nomes como Evan Goldberg, Peter Huyck, Alex Gregory e Frida Perez, uma irônica análise autorreferencial que ultrapassa as expectativas e torna a atração a melhor do ano – ao menos até agora. É notável como Rogen utiliza sua extensa experiência no circuito do entretenimento para construir uma narrativa envolvente e recheada de participações especiais que incluem o lendário diretor Martin Scorsese em uma atuação esplendorosa e que deve lhe render uma indicação ao Emmy, Greta Lee, Charlize Theron, Sarah Polley e vários outros.


Para além disso, é notável o trabalho meticuloso que existe para garantir um aproveitamento estético máximo – que varia das clássicas tomadas adornadas com tons dourados para reafirmar não só a esplendorosa Hollywood com seus incontáveis estúdios, mas um proposital panfletarismo que reflete as afeições predatórias dos executivos responsáveis por produções fílmicas e como, no final das contas, o dinheiro fala mais alto que a própria arte. Afinal, a mera ideia de construir uma obra focada na marca Kool-Aid é condenatória, mas dialoga com uma máxima money-grabber que é recorrente e cíclica, confinando até mesmo aqueles que desejam fazer alguma coisa original em um beco sem saída e claustrofóbico.

O Estudio 08

O estelar elenco domina as telas com fervor aplaudível, com destaque às atuações irretocáveis de Rogen e Hahn (esta ganhando ainda mais espaço em uma variedade considerável de papéis que a torna irreconhecível, principalmente quando comparada com a personalidade ácida de Agatha Harkness na série ‘Agatha Desde Sempre’, da Marvel Studios). E, completando esse time de protagonistas, Catherine O’Hara nos diverte como Patty Leigh, a ex-chefe do estúdio que perdeu o emprego para Matt, seu pupilo – que tenta fazer de tudo para mantê-la perto, nem que ocupe uma vaga emblemática de produtora para guiá-lo em meio a leões famintos por dinheiro.

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De fato, o aspecto de maior sucesso é o teor cômico – não por se respaldar em uma familiaridade cansativa, e sim por elevá-lo à enésima potência em uma sarcástica trama autocrítica que se vale de quebras de expectativa muito inteligentes e inesperadas. O segundo episódio, rodado inteiramente em plano-sequência, faz referência à subtrama desenvolvida ao longo da narrativa, em que Polley tenta filmar a cena de encerramento em meio a comentários inconvenientes e à presença irritante de Matt (que só permanece lá para que tanto a diretora quanto a atriz principal, Lee, consigam certas regalias). E, à medida que o capítulo explica o funcionamento por traz dos planos-sequências (ou oners, como são caracterizados), Rogen singra por uma complexa distensão que usa a golden hour como elemento imagético, personagem ativo e sua ambígua posição dentro do estúdio – tanto como responsável por salvá-lo quanto como bode expiatório.

O Estudio 05

Os dois primeiros episódios de ‘O Estúdio’ são espetaculares do começo ao fim, mantendo-se em um ritmo frenético conforme esquadrinha as hilárias controvérsias das engrenagens que regem Hollywood – seja no embate entre o que é certo e o que é mandatório, seja na tradução fabulosa e inebriante de estandartes dessa maquinaria através de incursões performáticas de tirar o fôlego.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Hollywood sempre esteve no centro dos holofotes do cenário do entretenimento e, por essa razão, suas engrenagens também sempre foram alvo de exploração por inúmeros realizadores – desde o clássico musical ‘Cantando na Chuva’, que discorreu sobre a transição do cinema mudo para o falado, passando pelo incrível vencedor do Oscar ‘O Artista’ e chegando no onírico e apaixonante ‘La La Land’. Agora, Seth Rogen nos convida para revisitar esse cosmos em uma engendrada sátira intitulada ‘O Estúdio’, cujos dois primeiros episódios chegaram recentemente ao catálogo da Apple TV+.

Na trama, acompanhamos Matt Remick (Rogen), um executivo que conquista a posição máxima da Continental Studios e recebe a tarefa de comandar um filme extremamente comercial para salvá-lo da falência e do esquecimento. Entretanto, os ideais do estúdio entram em conflito com o que o próprio Matt defende – o cinema como forma de arte, e não apenas mais uma mercadoria a ser engolida pelo capitalismo. Mas seus discursos não são o suficiente para seus associados, que incluem Sal Seperstein (Ike Barinholtz) e Maya Mason (Kathryn Hahn), que focam apenas nos números. Relutante, Matt aceita dirigir um filme focado no mascote conhecido como Kool-Aid Man, da marca de sucos industrializados Kool-Aid, tornando-se chacota nas redes sociais e procurando alguma brecha para transformar um vazio criativo em algo ao menos aproveitável.

O Estudio 07

Responsável também pelo roteiro, pela direção e pela produção da série, Rogen está em seu ápice artístico ao comandar com hábeis mãos, ao lado de nomes como Evan Goldberg, Peter Huyck, Alex Gregory e Frida Perez, uma irônica análise autorreferencial que ultrapassa as expectativas e torna a atração a melhor do ano – ao menos até agora. É notável como Rogen utiliza sua extensa experiência no circuito do entretenimento para construir uma narrativa envolvente e recheada de participações especiais que incluem o lendário diretor Martin Scorsese em uma atuação esplendorosa e que deve lhe render uma indicação ao Emmy, Greta Lee, Charlize Theron, Sarah Polley e vários outros.

Para além disso, é notável o trabalho meticuloso que existe para garantir um aproveitamento estético máximo – que varia das clássicas tomadas adornadas com tons dourados para reafirmar não só a esplendorosa Hollywood com seus incontáveis estúdios, mas um proposital panfletarismo que reflete as afeições predatórias dos executivos responsáveis por produções fílmicas e como, no final das contas, o dinheiro fala mais alto que a própria arte. Afinal, a mera ideia de construir uma obra focada na marca Kool-Aid é condenatória, mas dialoga com uma máxima money-grabber que é recorrente e cíclica, confinando até mesmo aqueles que desejam fazer alguma coisa original em um beco sem saída e claustrofóbico.

O Estudio 08

O estelar elenco domina as telas com fervor aplaudível, com destaque às atuações irretocáveis de Rogen e Hahn (esta ganhando ainda mais espaço em uma variedade considerável de papéis que a torna irreconhecível, principalmente quando comparada com a personalidade ácida de Agatha Harkness na série ‘Agatha Desde Sempre’, da Marvel Studios). E, completando esse time de protagonistas, Catherine O’Hara nos diverte como Patty Leigh, a ex-chefe do estúdio que perdeu o emprego para Matt, seu pupilo – que tenta fazer de tudo para mantê-la perto, nem que ocupe uma vaga emblemática de produtora para guiá-lo em meio a leões famintos por dinheiro.

De fato, o aspecto de maior sucesso é o teor cômico – não por se respaldar em uma familiaridade cansativa, e sim por elevá-lo à enésima potência em uma sarcástica trama autocrítica que se vale de quebras de expectativa muito inteligentes e inesperadas. O segundo episódio, rodado inteiramente em plano-sequência, faz referência à subtrama desenvolvida ao longo da narrativa, em que Polley tenta filmar a cena de encerramento em meio a comentários inconvenientes e à presença irritante de Matt (que só permanece lá para que tanto a diretora quanto a atriz principal, Lee, consigam certas regalias). E, à medida que o capítulo explica o funcionamento por traz dos planos-sequências (ou oners, como são caracterizados), Rogen singra por uma complexa distensão que usa a golden hour como elemento imagético, personagem ativo e sua ambígua posição dentro do estúdio – tanto como responsável por salvá-lo quanto como bode expiatório.

O Estudio 05

Os dois primeiros episódios de ‘O Estúdio’ são espetaculares do começo ao fim, mantendo-se em um ritmo frenético conforme esquadrinha as hilárias controvérsias das engrenagens que regem Hollywood – seja no embate entre o que é certo e o que é mandatório, seja na tradução fabulosa e inebriante de estandartes dessa maquinaria através de incursões performáticas de tirar o fôlego.

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