Ver Keanu Reeves de volta aos cinemas é sempre bom, especialmente quando ele faz ficção científica. Aos saudosistas, bate aquela lembrança de vê-lo em ‘Matrix’. Por isso, depois de um hiato bem grande, ver o ator reaparecer neste ‘Cópias’ já seria motivo suficiente para ir ao cinema, porém, para ser sincera, o rostinho bonito do nosso eterno Neo não é suficiente para salvar este filme.
William Foster (Reeves) é um renomado cientista, cuja pesquisa no instituto Byonine consiste em conseguir extrair a consciência de um indivíduo que tenha acabado de falecer e transportá-la para um corpo sintético (um robô), de modo que o indivíduo, desse modo, continue a viver, ainda que em outro corpo. O primeiro teste bem-sucedido que vemos, entretanto, dá ruim, e o soldado que foi transportado para dentro de um robô acorda no novo corpo extremamente confuso, e o Dr. William, com a ajuda do seu assistente Ed Whittle (Thomas Middleditch, o melhor do elenco), o desligam.
Se por um lado é legal rever Keanu Reeves passando a mão em projeções holográficas altamente tecnológicas, por outro o filme se sustenta em clichês do gênero que dão sono. Logo após o teste com o soldado, Dr. William vai para casa para vai viajar com a família, e, momentos antes de saírem, ele tem uma importante (coincidência, não?) conversa com sua esposa, Mona Foster (Alice Eve, rostinho carimbado de ficções como ‘Star Trek’ e ‘MIB’) sobre a ética na pesquisa que ele faz. É claaaaro que Mona acha inadequado fazer um transplante de consciência, afinal, e a alma? Etc etc. E adivinha o que acontece depois? A família sofre um acidente de carro nesta viagem, todos morrem, e Dr. William se vê impelido a testar sua pesquisa na própria família, só que dessa vez ele não pode errar. Não, isso não é spoiler, é o mote do filme. E, para vocês terem uma noção, de tão centrado em salvar a família, o cientista sequer chora pela morte deles.
Daí em diante é surra de clichês preguiçosos. Dr. William fica obcecado em trazer a família de volta e se transforma num Dr. Frankenstein meio chato e com trejeitos autistas. Do nada, o investidor da pesquisa ameaça cortar verbas e fechar o programa, e se torna o vilãozão da busca pelo final feliz do pobre Dr. William. Até o final, quando chega, você fica meio “nossa, jura?”. Enfim, ‘Cópias’ não só não traz nada de novo, como também não acrescenta. A parte positiva são os robôs mesmo, que são bem feitos e dão a impressão de serem uma possibilidade real para um futuro bem próximo.