domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Criaturas do Senhor – Paul Mescal Retorna em Dramático Suspense Irlandês

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O frenesi das grandes cidades faz com que nós, espectadores, desejamos e vejamos quase que apenas filmes e séries que sigam o mesmo ritmo cosmopolita, com muita luz, muita informação e muita coisa acontecendo ao mesmo tempo – por vezes, tantas, que nós até nos perdemos. Entretanto, quando as narrativas saem dos grandes centros urbanos e se deslocam para as outras partes de um país há uma mudança bastante evidentes na forma como as histórias se desenvolvem na telona. Um bom exemplo disso que falamos é o novo filme irlandês ‘Criaturas do Senhor’, que chega a partir dessa semana nos cinemas brasileiros.



Em um pequeno vilarejo na costa da Irlanda, todo mundo se conhece e todo mundo trabalha em função da pesca, seja de peixe, de ostras ou de outros animais. Quando, repentinamente, Brian (Paul Mescal) volta para casa de seus pais, após um longo e desconhecido o período na Austrália, sua mãe Aileen (Emily Watson) fica super feliz com o seu retorno, assim como todas as pessoas da comunidade. Entretanto, após um crime acontecer durante uma madrugada e todas as pessoas virarem as costas, Emily terá que ouvir seu próprio senso de certo e errado para decidir em quem acreditar, mesmo que todo mundo se conheça naquela vila.

Nesse ambiente e nesse contexto, o roteiro de Fodhla Cronin O’Reily e Shane Crowley também demora em se desenvolver, apesar das ressalvas. Só em quase uma hora de exibição que finalmente o supracitado crime acontece – na verdade, tirando as primeiras duas cenas, que inclui o retorno de Brian à comunidade, literalmente mais nada acontece ao longo da projeção, nós apenas ficamos acompanhando os personagens se reconectando com o presente enquanto rememoram questões do passado, para o bem ou para o mal. O ritmo mais devagar somados do drama à uma iluminação mais baixa e à falta de acontecimentos pode dar indícios de que a produção era uma boa ideia que precisava ser melhor desenvolvida, um argumento que precisava ter mais elementos para rechear o todo.

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As diretoras Saela Davis e Anna Rose Holmer se empenham em centrar toda a atenção do longa na personagem Aileen, pois é através das emoções e dos seus pensamentos dessa protagonista, que não são compartilhados com o espectador, é que nós podemos acompanhar a evolução do suspense e a tensão que vai se desenrolando a partir da metade do filme. Ainda assim, a resolução da coisa toda poderia ter ficado um pouco mais amarrada, menos à deriva nessa cidade pesqueira que se apresenta como a parte dos acontecimentos do mundo, isolada de tudo.

Produzida pela renomada A24 (responsável por sucessos do terror como ‘Hereditário’ e ‘Pearl’) e filmado na Irlanda, numa coprodução desse país com os Estados Unidos, ‘Criaturas do Senhor’ é um filme bem fotografado, que traz o indicado ao Oscar de Melhor Ator este ano, Paul Mescal, novamente dizendo mais com suas expressões do que com os seus sussurros. Um filme dramático, que se desenrola em banho-maria em um suspense a partir da imprevisibilidade de seus próprios personagens – como ocorre na própria vida.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O frenesi das grandes cidades faz com que nós, espectadores, desejamos e vejamos quase que apenas filmes e séries que sigam o mesmo ritmo cosmopolita, com muita luz, muita informação e muita coisa acontecendo ao mesmo tempo – por vezes, tantas, que nós até nos perdemos. Entretanto, quando as narrativas saem dos grandes centros urbanos e se deslocam para as outras partes de um país há uma mudança bastante evidentes na forma como as histórias se desenvolvem na telona. Um bom exemplo disso que falamos é o novo filme irlandês ‘Criaturas do Senhor’, que chega a partir dessa semana nos cinemas brasileiros.

Em um pequeno vilarejo na costa da Irlanda, todo mundo se conhece e todo mundo trabalha em função da pesca, seja de peixe, de ostras ou de outros animais. Quando, repentinamente, Brian (Paul Mescal) volta para casa de seus pais, após um longo e desconhecido o período na Austrália, sua mãe Aileen (Emily Watson) fica super feliz com o seu retorno, assim como todas as pessoas da comunidade. Entretanto, após um crime acontecer durante uma madrugada e todas as pessoas virarem as costas, Emily terá que ouvir seu próprio senso de certo e errado para decidir em quem acreditar, mesmo que todo mundo se conheça naquela vila.

Nesse ambiente e nesse contexto, o roteiro de Fodhla Cronin O’Reily e Shane Crowley também demora em se desenvolver, apesar das ressalvas. Só em quase uma hora de exibição que finalmente o supracitado crime acontece – na verdade, tirando as primeiras duas cenas, que inclui o retorno de Brian à comunidade, literalmente mais nada acontece ao longo da projeção, nós apenas ficamos acompanhando os personagens se reconectando com o presente enquanto rememoram questões do passado, para o bem ou para o mal. O ritmo mais devagar somados do drama à uma iluminação mais baixa e à falta de acontecimentos pode dar indícios de que a produção era uma boa ideia que precisava ser melhor desenvolvida, um argumento que precisava ter mais elementos para rechear o todo.

As diretoras Saela Davis e Anna Rose Holmer se empenham em centrar toda a atenção do longa na personagem Aileen, pois é através das emoções e dos seus pensamentos dessa protagonista, que não são compartilhados com o espectador, é que nós podemos acompanhar a evolução do suspense e a tensão que vai se desenrolando a partir da metade do filme. Ainda assim, a resolução da coisa toda poderia ter ficado um pouco mais amarrada, menos à deriva nessa cidade pesqueira que se apresenta como a parte dos acontecimentos do mundo, isolada de tudo.

Produzida pela renomada A24 (responsável por sucessos do terror como ‘Hereditário’ e ‘Pearl’) e filmado na Irlanda, numa coprodução desse país com os Estados Unidos, ‘Criaturas do Senhor’ é um filme bem fotografado, que traz o indicado ao Oscar de Melhor Ator este ano, Paul Mescal, novamente dizendo mais com suas expressões do que com os seus sussurros. Um filme dramático, que se desenrola em banho-maria em um suspense a partir da imprevisibilidade de seus próprios personagens – como ocorre na própria vida.

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