domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica de Álbum | Thank U, Next – Uma tentativa (mais) conceitual

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Em agosto do ano passado, Ariana Grande alcançou um interessante amadurecimento ao lançar Sweetener’, seu quarto álbum de estúdio que, sem sombra de dúvida, destoa de suas obras anteriores por buscar composições experimentais em detrimento de um produto simplesmente mercadológico – como foi o caso de Dangerous Woman’, ainda que o disco seja notoriamente incrível. Quase seis meses depois, Grande retorna a ganhar atenção ao lançar mais um antecipado álbum, Thank U, Next’, seguindo o lançamento de dois clipes de grande sucesso entre o público.

Porém, o que a cantora conseguiu alcançar com sua entrada anterior, falha em diversos aspectos por aqui. Mesmo com grande parte das canções alcançar uma satisfatoriedade considerável do crescente fandom de Grande, é inegável dizer que ela perde seu brilho de originalidade em prol das fórmulas. Aliás, é possível até dizer que Ariana faz um rip-off de diversas outras produções musicais, misturando vários gêneros que, no final das contas, culminam em algo tão experimental que chega a ser confuso.



Diferente de Sweetener’Thank U, Next’ não tem um tema próprio por assim dizer, e prefere atirar para todos os lados. Os interlúdios deixam de existir e o álbum já abre com imagine”, cuja composição linear pode até ser interessante, mas morre no meio do caminho por não criar um ápice envolvente. Nem mesmo needy” que a procede, indica uma versatilidade tão grande quanto a que vimos nos discos anteriores, e marca uma justaposição com uma música melhor criada e cuja fusão de estilos funciona em quase sua completude – 7 rings”.

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Ao longo das letras, é possível encontrar certa personalidade. Inserida num escopo tráfico que marcou suas esferas pessoal e profissional – é só nos recordarmos do tiroteio de Manchester -, este álbum é embebido com certo empoderamento e até mesmo uma volta por cima, levando em conta, inclusive, que suas composições anteriores eram revestidas sutilmente por duras críticas a si mesma e uma atmosfera musical amargurada. Aqui, 7 rings” e thank u, next”, os carros-chefe do álbum, mostram que o eu-lírico de Grande superou diversos obstáculos, mas, eventualmente, se vale de uma infeliz superficialidade.

O trap e o R&B retornam mais uma vez para sustentar o escopo das músicas, mas o que mais chama a atenção (e não necessariamente de uma forma boa em todos os momentos) são as lacunas preenchidas com instrumentos sinfônicos inesperados. ghostin” e bad idea” fazem uso desses enxertos; porém, enquanto aquela funciona e auxilia no envolvimento da canção, a qual, apesar do início monótono, melhora em um incrível crescendo, esta parece fragmentada, nunca alcançando uma unidade plena.

Ariana também encontra brechas para colocar sua costumeira “farofa” no meio e, se breathin” alcançou o gosto do público por seu ritmo dançante e seu simples conteúdo, bloodline” alcança um patamar parecido que mantém o mesmo potencial para se tornar single – talvez até mais aceito que os anteriores. Essa similaridade não conversa apenas com o íntimo universo da artista, mas também emula outra cantoras: em “break up with your girlfriend, i’m bored”, a identidade de Grande dá lugar a uma medíocre homenagem a Rihanna, seja no composé do refrão, seja na aglutinação dos versos.

“fake smile”, make up” e “in my head” e representam uma tríade com as melhores intenções, mas que, no geral, não fazem jus ao potencial que Ariana nos entregou nos últimos anos. Em construções cruas e não finalizadas, são nesses momentos que a obra perde mais sua identidade e criam a temida confusão – em make up”, principalmente, o arranjo instrumental cai nas mesmas falhas de “Accelerate”, de Christina Aguilera.

‘Thank U, Next’ tem grandes chances de agradar o público, mas definitivamente não é um dos melhores álbuns de Ariana Grande. Considerando que suas intenções são as mais puras possíveis, a cantora se perde no meio do caminho – ainda que isso não interfira em sua potência vocal em nenhum momento.

Nota por faixa:

  • imagine – 3,5/5
  • needy – 3/5
  • NASA – 3,5/5
  • bloodline – 4/5
  • fake smile – 2,5/5
  • bad idea – 3,5/5
  • make up – 2/5
  • ghostin – 3,5/5
  • in my head – 2,5/5
  • 7 rings – 3,5/5
  • thank u, next – 3/5
  • break up with your girlfiend, i’m bored – 3/5
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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Em agosto do ano passado, Ariana Grande alcançou um interessante amadurecimento ao lançar Sweetener’, seu quarto álbum de estúdio que, sem sombra de dúvida, destoa de suas obras anteriores por buscar composições experimentais em detrimento de um produto simplesmente mercadológico – como foi o caso de Dangerous Woman’, ainda que o disco seja notoriamente incrível. Quase seis meses depois, Grande retorna a ganhar atenção ao lançar mais um antecipado álbum, Thank U, Next’, seguindo o lançamento de dois clipes de grande sucesso entre o público.

Porém, o que a cantora conseguiu alcançar com sua entrada anterior, falha em diversos aspectos por aqui. Mesmo com grande parte das canções alcançar uma satisfatoriedade considerável do crescente fandom de Grande, é inegável dizer que ela perde seu brilho de originalidade em prol das fórmulas. Aliás, é possível até dizer que Ariana faz um rip-off de diversas outras produções musicais, misturando vários gêneros que, no final das contas, culminam em algo tão experimental que chega a ser confuso.

Diferente de Sweetener’Thank U, Next’ não tem um tema próprio por assim dizer, e prefere atirar para todos os lados. Os interlúdios deixam de existir e o álbum já abre com imagine”, cuja composição linear pode até ser interessante, mas morre no meio do caminho por não criar um ápice envolvente. Nem mesmo needy” que a procede, indica uma versatilidade tão grande quanto a que vimos nos discos anteriores, e marca uma justaposição com uma música melhor criada e cuja fusão de estilos funciona em quase sua completude – 7 rings”.

Ao longo das letras, é possível encontrar certa personalidade. Inserida num escopo tráfico que marcou suas esferas pessoal e profissional – é só nos recordarmos do tiroteio de Manchester -, este álbum é embebido com certo empoderamento e até mesmo uma volta por cima, levando em conta, inclusive, que suas composições anteriores eram revestidas sutilmente por duras críticas a si mesma e uma atmosfera musical amargurada. Aqui, 7 rings” e thank u, next”, os carros-chefe do álbum, mostram que o eu-lírico de Grande superou diversos obstáculos, mas, eventualmente, se vale de uma infeliz superficialidade.

O trap e o R&B retornam mais uma vez para sustentar o escopo das músicas, mas o que mais chama a atenção (e não necessariamente de uma forma boa em todos os momentos) são as lacunas preenchidas com instrumentos sinfônicos inesperados. ghostin” e bad idea” fazem uso desses enxertos; porém, enquanto aquela funciona e auxilia no envolvimento da canção, a qual, apesar do início monótono, melhora em um incrível crescendo, esta parece fragmentada, nunca alcançando uma unidade plena.

Ariana também encontra brechas para colocar sua costumeira “farofa” no meio e, se breathin” alcançou o gosto do público por seu ritmo dançante e seu simples conteúdo, bloodline” alcança um patamar parecido que mantém o mesmo potencial para se tornar single – talvez até mais aceito que os anteriores. Essa similaridade não conversa apenas com o íntimo universo da artista, mas também emula outra cantoras: em “break up with your girlfriend, i’m bored”, a identidade de Grande dá lugar a uma medíocre homenagem a Rihanna, seja no composé do refrão, seja na aglutinação dos versos.

“fake smile”, make up” e “in my head” e representam uma tríade com as melhores intenções, mas que, no geral, não fazem jus ao potencial que Ariana nos entregou nos últimos anos. Em construções cruas e não finalizadas, são nesses momentos que a obra perde mais sua identidade e criam a temida confusão – em make up”, principalmente, o arranjo instrumental cai nas mesmas falhas de “Accelerate”, de Christina Aguilera.

‘Thank U, Next’ tem grandes chances de agradar o público, mas definitivamente não é um dos melhores álbuns de Ariana Grande. Considerando que suas intenções são as mais puras possíveis, a cantora se perde no meio do caminho – ainda que isso não interfira em sua potência vocal em nenhum momento.

Nota por faixa:

  • imagine – 3,5/5
  • needy – 3/5
  • NASA – 3,5/5
  • bloodline – 4/5
  • fake smile – 2,5/5
  • bad idea – 3,5/5
  • make up – 2/5
  • ghostin – 3,5/5
  • in my head – 2,5/5
  • 7 rings – 3,5/5
  • thank u, next – 3/5
  • break up with your girlfiend, i’m bored – 3/5
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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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