quinta-feira , 14 novembro , 2024

Crítica | De Volta ao Espaço – Elon Musk, além de Foguetes, Lança Documentário na Netflix

Você já ouviu falar do nome Elon Musk. Bilionário, trilionário, multiinvestidor, empreendedor de origem sul-africana-canadense que se naturalizou estadunidense e, aos poucos, vem dominando o mundo todo, no bom e no mau sentido. Recentemente tem figurado nos noticiários com sua mais nova cisma: acaba de comprar o Twitter, por meros 44 bilhões de dólares. Antes, porém, Elon se tornou mundialmente conhecido por ser o CEO da empresa Tesla, que fabrica carros elétricos, e também da SpaceX, empresa de tecnologia aeroespacial e fabricação de foguetes. Justamente esta última alavancou Elon à fama internacional, e cuja trajetória está sendo contada no documentárioDe Volta ao Espaço’, disponível na Netflix.

Por cento e trinta minutos de duração, ‘De Volta ao Espaço’ percorre toda a trajetória da SpaceX, desde um pouco depois de sua fundação, em 2002, a até seu mais novo feito, que foi o envio de civis comuns (não astronautas) para um rolê na órbita por alguns segundos. Para tal, a produção de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi vai e volta no tempo, numa tentativa de costurar a história da empresa com a de seu fundador, mostrando o quanto, apesar de vinte anos terem se passado, Elon Musk ainda preserva em si e no seu legado a veia inventiva, inspiradora e sonhadora – a mesma que o teria feito fundar e prosperar todas as suas empresas.



Em se tratando de narrativa audiovisual ficcional, porém, ‘De Volta ao Espaço’ não tem como base a narrativa documental, assemelhando-se mais como um longuíssimo vídeo institucional para alavancar seu fundador a posto de herói e a empresa como salvadora da pátria. O longa não foi feito para mostrar defeitos, erros, antagonistas no percurso ou pontos de vista diferentes, mas sim tão somente para louvar a iniciativa SpaceX, impulsionando os espectadores de todas as idades a acreditar na boa índole de todos ali. A longo prazo, iniciativas como esta constroem a imagem da empresa no imaginário coletivo.

Para tal, ‘De Volta ao Espaço’ faz questão de mostrar o quanto a SpaceX contribuiu para o chamado avanço tecnológico recente dos Estados Unidos, apontando o quanto a NASA era uma empresa retrógrada e contra o progresso, e que essa postura literalmente custou a autonomia da instituição, que hoje precisa da parceria privada com a SpaceX para baratear seus próprios estudos e possibilitar a retomada dos avanços espaciais.

O que o documentário não diz, mas fica ali jogado por debaixo do tapete, é o quanto antigamente a chamada corrida espacial fez com que nações investissem suas economias numa insana tentativa de conquistar o espaço, e que hoje essa corrida não está na mão de países, mas sim de indivíduos – indivíduos super ricos que poderiam estar gastando suas fortunas em coisas ruins, mas que, bonzinhos que são, estão investindo do próprio bolso em um ilusório progresso da humanidade. Só que não é de qualquer humanidade de que estamos falando né, e toda essa corrida atual está criando mais um clubinho exclusivo de homens ricos que querem oferecer passeios espaciais (e especiais) para gente rica entediada. Não à toa, o documentário comenta o quanto a figura do Homem de Ferro influencia Elon Musk (não por acaso, ele aparece em ‘Homem de Ferro 3’). Mas, como aprendemos no filme da Marvel, ser vilão ou ser herói depende de qual lado da história você está contando.

De Volta ao Espaço’ é um produto interessante, uma tentativa de popularizar e tornar descolada a SpaceX mundialmente, mostrar o quanto ela é feita de “gente como a gente”, que só quer se divertir mandando uns foguetinhos para o espaço. Longo demais, poderia ser enxuto pela metade, pois quanto mais se estende, mais mostra que, no fundo, Elon Musk é um pobre menino rico que tem a oportunidade de gastar o próprio dinheiro realizando seus próprios sonhos, sejam eles o de criar carrinhos maneiríssimos, de mandar gente pro espaço ou de vender lança-chamas no mercado, sem pensar nas consequências. Mas ‘De Volta ao Espaço’ cumpre sua função de mostrar que a SpaceX é uma maravilha e que veio para ficar – e melhorar a vida dos humanos.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Por cento e trinta minutos de duração, ‘De Volta ao Espaço’ percorre toda a trajetória da SpaceX, desde um pouco depois de sua fundação, em 2002, a até seu mais novo feito, que foi o envio de civis comuns (não astronautas) para um rolê na órbita por alguns segundos. Para tal, a produção de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi vai e volta no tempo, numa tentativa de costurar a história da empresa com a de seu fundador, mostrando o quanto, apesar de vinte anos terem se passado, Elon Musk ainda preserva em si e no seu legado a veia inventiva, inspiradora e sonhadora – a mesma que o teria feito fundar e prosperar todas as suas empresas.

Em se tratando de narrativa audiovisual ficcional, porém, ‘De Volta ao Espaço’ não tem como base a narrativa documental, assemelhando-se mais como um longuíssimo vídeo institucional para alavancar seu fundador a posto de herói e a empresa como salvadora da pátria. O longa não foi feito para mostrar defeitos, erros, antagonistas no percurso ou pontos de vista diferentes, mas sim tão somente para louvar a iniciativa SpaceX, impulsionando os espectadores de todas as idades a acreditar na boa índole de todos ali. A longo prazo, iniciativas como esta constroem a imagem da empresa no imaginário coletivo.

Para tal, ‘De Volta ao Espaço’ faz questão de mostrar o quanto a SpaceX contribuiu para o chamado avanço tecnológico recente dos Estados Unidos, apontando o quanto a NASA era uma empresa retrógrada e contra o progresso, e que essa postura literalmente custou a autonomia da instituição, que hoje precisa da parceria privada com a SpaceX para baratear seus próprios estudos e possibilitar a retomada dos avanços espaciais.

O que o documentário não diz, mas fica ali jogado por debaixo do tapete, é o quanto antigamente a chamada corrida espacial fez com que nações investissem suas economias numa insana tentativa de conquistar o espaço, e que hoje essa corrida não está na mão de países, mas sim de indivíduos – indivíduos super ricos que poderiam estar gastando suas fortunas em coisas ruins, mas que, bonzinhos que são, estão investindo do próprio bolso em um ilusório progresso da humanidade. Só que não é de qualquer humanidade de que estamos falando né, e toda essa corrida atual está criando mais um clubinho exclusivo de homens ricos que querem oferecer passeios espaciais (e especiais) para gente rica entediada. Não à toa, o documentário comenta o quanto a figura do Homem de Ferro influencia Elon Musk (não por acaso, ele aparece em ‘Homem de Ferro 3’). Mas, como aprendemos no filme da Marvel, ser vilão ou ser herói depende de qual lado da história você está contando.

De Volta ao Espaço’ é um produto interessante, uma tentativa de popularizar e tornar descolada a SpaceX mundialmente, mostrar o quanto ela é feita de “gente como a gente”, que só quer se divertir mandando uns foguetinhos para o espaço. Longo demais, poderia ser enxuto pela metade, pois quanto mais se estende, mais mostra que, no fundo, Elon Musk é um pobre menino rico que tem a oportunidade de gastar o próprio dinheiro realizando seus próprios sonhos, sejam eles o de criar carrinhos maneiríssimos, de mandar gente pro espaço ou de vender lança-chamas no mercado, sem pensar nas consequências. Mas ‘De Volta ao Espaço’ cumpre sua função de mostrar que a SpaceX é uma maravilha e que veio para ficar – e melhorar a vida dos humanos.

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