quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | De Volta para Casa – Reese Witherspoon em boa comédia romântica

YouTube video

Big Little Truth

Enquanto assistia ao novo filme protagonizado pela estrela Reese Witherspoon, uma das rainhas das comédias românticas de Hollywood na atualidade, eu pensava em como estruturalmente e esteticamente esta produção remetia aos filmes de Nancy Meyers (Um Senhor Estagiário e Alguém tem que Ceder), cineasta veterana e proeminente quando o assunto é obra de qualidade dentro do gênero. Bom, tal julgamento foi certeiro, já que ao escrever este texto me deparo com a revelação de que é justamente a filha de Meyers, Hallie Meyers-Shyer, quem comanda este longa, estreando na direção.

Além da função de diretora, Hallie Meyers-Shyer estreia também como roteirista de um longa-metragem, seguindo de perto o caminho percorrido pela progenitora. E o resultado é um filme bem doce, mas incrivelmente honesto e satisfatório, ainda mais levando em conta que é o debute de uma jovem cineasta. Hallie replica os passos da mãe e em breve poderá entregar obras do mesmo nível ou até melhores que as da matriarca.



A trama criada pela diretora aborda relações passadas no meio do cenário cinematográfico de Los Angeles, tendo a paixão da cineasta como pano de fundo. E daí pensamos que Hallie, assim como Sofia Coppola fez em Um Lugar Qualquer (2010), provavelmente incluiu muitas de suas experiências pessoais crescendo com pais famosos, nesta mistura fictícia.

A história apresenta Alice Kinney (Witherspoon), mulher de 40 anos, arquiteta, divorciada e mãe de duas meninas. Ela é também a filha de um grande cineasta da década de 1970, desses revolucionários, que ajudaram a moldar um cinema mais artístico e autoral, surgidos justamente no boom de tal era, vide Coppola e Scorsese. A ligação com o pai se estende até depois da morte do diretor, já que a protagonista mora na grande casa aonde cresceu.

Entram em cena Harry (Pico Alexander), George (Jon Rudnitsky) e Teddy (Nat Wolff), três artistas “famintos”, lutando para conseguir trabalho no disputadíssimo mercado de cinema Hollywoodiano. O trio produziu um curta, com Harry na direção, George no roteiro e Teddy protagonizando, que chamou atenção e está prestes a lhes conseguir um contrato para um longa com um grande estúdio. No ínterim, eles precisam encontrar um lugar para morar. O destino intervém e coloca a personagem de Witherspoon em seu caminho.

Como dito, o filme de Meyers-Shyer é bem leve e doce, parecendo existir num mundo à parte, dentro de uma redoma onde questões polêmicas são adereçadas de forma superficial, sem que adentremos as minúcias ou qualquer drama. Aqui o que temos é quase um conto de fadas, típico da fórmula que se tornou a comédia romântica. O que deixa feliz, no entanto, é que a estreia da diretora não trata sua audiência como idiota, ao contrário de muitas produções do gênero, e apesar do peso quase inexistente, a cineasta preza coerência e uniformidade do teor escolhido.

Temos, por exemplo, o desconforto do relacionamento de Alice, uma mulher de 40 anos, com Harry, um rapaz de 27. O que daria por si só o tópico de uma história a ser destrinchada, aqui é parte de nota de rodapé, apenas pincelado esporadicamente, sem que qualquer discussão mais significativa seja dada ao item. O mesmo ocorre com o “comercial de margarina estendido” que se torna a convivência dos rapazes com a mulher, onde as tarefas do dia a dia começam a ser supridas pelo trio. De fato, De Volta para Casa daria um bom piloto de uma série de TV.

Pegue em contrapartida Big Little Lies, a série indicada para inúmeros Emmys, incluindo melhor atriz para Witherspoon, e vencedora de melhor minissérie, como comparativo. Temos uma estética similar, mas uma olhada crua nos bastidores da superfície reluzente. Coisa que não ocorre aqui, restando apenas o brilho afastado de qualquer problema real. Seja como for, se pensarmos que o cinema da Meyers mãe é uma releitura feminina e moderna do que cineastas como Frank Capra fizeram durante toda a carreira, Hallie não está tão dissonante da trilha correta.

YouTube video

Mais notícias...

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica | De Volta para Casa – Reese Witherspoon em boa comédia romântica

YouTube video

Big Little Truth

Enquanto assistia ao novo filme protagonizado pela estrela Reese Witherspoon, uma das rainhas das comédias românticas de Hollywood na atualidade, eu pensava em como estruturalmente e esteticamente esta produção remetia aos filmes de Nancy Meyers (Um Senhor Estagiário e Alguém tem que Ceder), cineasta veterana e proeminente quando o assunto é obra de qualidade dentro do gênero. Bom, tal julgamento foi certeiro, já que ao escrever este texto me deparo com a revelação de que é justamente a filha de Meyers, Hallie Meyers-Shyer, quem comanda este longa, estreando na direção.

Além da função de diretora, Hallie Meyers-Shyer estreia também como roteirista de um longa-metragem, seguindo de perto o caminho percorrido pela progenitora. E o resultado é um filme bem doce, mas incrivelmente honesto e satisfatório, ainda mais levando em conta que é o debute de uma jovem cineasta. Hallie replica os passos da mãe e em breve poderá entregar obras do mesmo nível ou até melhores que as da matriarca.

A trama criada pela diretora aborda relações passadas no meio do cenário cinematográfico de Los Angeles, tendo a paixão da cineasta como pano de fundo. E daí pensamos que Hallie, assim como Sofia Coppola fez em Um Lugar Qualquer (2010), provavelmente incluiu muitas de suas experiências pessoais crescendo com pais famosos, nesta mistura fictícia.

A história apresenta Alice Kinney (Witherspoon), mulher de 40 anos, arquiteta, divorciada e mãe de duas meninas. Ela é também a filha de um grande cineasta da década de 1970, desses revolucionários, que ajudaram a moldar um cinema mais artístico e autoral, surgidos justamente no boom de tal era, vide Coppola e Scorsese. A ligação com o pai se estende até depois da morte do diretor, já que a protagonista mora na grande casa aonde cresceu.

Entram em cena Harry (Pico Alexander), George (Jon Rudnitsky) e Teddy (Nat Wolff), três artistas “famintos”, lutando para conseguir trabalho no disputadíssimo mercado de cinema Hollywoodiano. O trio produziu um curta, com Harry na direção, George no roteiro e Teddy protagonizando, que chamou atenção e está prestes a lhes conseguir um contrato para um longa com um grande estúdio. No ínterim, eles precisam encontrar um lugar para morar. O destino intervém e coloca a personagem de Witherspoon em seu caminho.

Como dito, o filme de Meyers-Shyer é bem leve e doce, parecendo existir num mundo à parte, dentro de uma redoma onde questões polêmicas são adereçadas de forma superficial, sem que adentremos as minúcias ou qualquer drama. Aqui o que temos é quase um conto de fadas, típico da fórmula que se tornou a comédia romântica. O que deixa feliz, no entanto, é que a estreia da diretora não trata sua audiência como idiota, ao contrário de muitas produções do gênero, e apesar do peso quase inexistente, a cineasta preza coerência e uniformidade do teor escolhido.

Temos, por exemplo, o desconforto do relacionamento de Alice, uma mulher de 40 anos, com Harry, um rapaz de 27. O que daria por si só o tópico de uma história a ser destrinchada, aqui é parte de nota de rodapé, apenas pincelado esporadicamente, sem que qualquer discussão mais significativa seja dada ao item. O mesmo ocorre com o “comercial de margarina estendido” que se torna a convivência dos rapazes com a mulher, onde as tarefas do dia a dia começam a ser supridas pelo trio. De fato, De Volta para Casa daria um bom piloto de uma série de TV.

Pegue em contrapartida Big Little Lies, a série indicada para inúmeros Emmys, incluindo melhor atriz para Witherspoon, e vencedora de melhor minissérie, como comparativo. Temos uma estética similar, mas uma olhada crua nos bastidores da superfície reluzente. Coisa que não ocorre aqui, restando apenas o brilho afastado de qualquer problema real. Seja como for, se pensarmos que o cinema da Meyers mãe é uma releitura feminina e moderna do que cineastas como Frank Capra fizeram durante toda a carreira, Hallie não está tão dissonante da trilha correta.

YouTube video

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS