sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica ‘Deadpool & Wolverine’ | Deadpool chega ao MCU quebrando tudo em aventura HILÁRIA

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Por anos, os filmes com super-heróis foram malvistos pela crítica, que definiam as aventuras cinematográficas como “filmes para crianças”, o que particularmente nunca enxerguei como algo negativo, já que a molecada precisa de entretenimento e nada mais lúdico do que trazer humanos com habilidades especiais fazendo as coisas mais impossíveis e mirabolantes em tela em meio a piadocas divertidinhas e bombas de imaginação.

E a falecida 20th Century Fox desempenhou um grande papel nisso, já que foi ela quem manteve o nome da Marvel nas telonas, mesmo na época em que a ‘Casa das Ideias’ passava por uma crise financeira catastrófica. Com a venda dos direitos de personagens como os X-Men e o Quarteto Fantástico, a Marvel conseguiu se reerguer, se recuperar nos quadrinhos até eventualmente ser comprada pela Disney e encabeçar um verdadeiro império do entretenimento que culminou em mais de uma década de pura e simples febre de super-heróis.



deadpool & wolverine

E ninguém sintetizou tão bem essa era de heróis pré-MCU quanto o Wolverine de Hugh Jackman. Por se tratar de um personagem polivalente, ele encantou as crianças com seu jeitão meio ‘bom demais para ligar para o que os outros pensam’ nos filmes de classificação indicativa mais baixa, mas também dono de um passado obscuro, que foi mais desenvolvido – de forma confusa, é verdade, nos longas de classificação para maiores. Conseguindo obter sucesso nessa transição do infantil para o adulto, o Hugh se despediu do personagem em 2017, com Logan.

Na mesma época, porém, um pequeno revolucionário começou a fazer barulho dentro da Fox. Após ser escorraçado dos filmes com super-heróis, Ryan Reynolds conseguiu uma cartada final com uma adaptação extremamente fiel de Deadpool, incluindo violência gráfica, palavrões e muita sacanagem nas telonas. O resultado agradou a jovens e adultos, fazendo do Mercenário boca suja um fenômeno da Cultura Pop. Ele ficou tão grande nesse cenário, que foi transportado do falecido universo Fox direto para o Universo Cinematográfico Marvel em uma aventura que traz de tudo que qualquer HQ do personagem tem: falta de noção e um humor deliciosamente babaca.

deadpool & wolverine

Deadpool & Wolverine, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (25), é a materialização perfeita do espírito da quinta série. O filme não se leva a sério em momento algum, permanecendo fiel à essência que consagrou o personagem nos quadrinhos e nas telonas. O Mercenário Tagarela é uma criatura extremamente poderosa, mas é tão besta e descontraída que chega a ser difícil passar a sensação de perigo que ele representa aos adversários. Isso até o momento em que ele começa a chacinar os bandidos a sangue frio, profanar cadáveres e contar piadas que fariam seu tio se orgulhar.

Ao lado dele, um Wolverine desiludido e extremamente agressivo se vê preso a esse mala para tentar sobreviver em uma dimensão-lixão conhecida como ‘O Vazio’. Em meio a essa combinação de opostos, o longa se desenvolve carregado pelas situações mais sem-noção e divertidas possíveis, fazendo uma verdadeira viagem pelo que restou do Universo Fox.

deadpool & wolverine

É curioso ver como o roteiro do filme é simples e bobo, mas ainda assim consegue ser ridiculamente eficaz em te prender com os olhos vidrados na tela. Ele sai de um ponto conhecido, te leva por uma aventura de doer a barriga de tanto rir e termina em um ponto promissor para o futuro do MCU. Pode parecer pouco, só que fazia tempo que o público não era agraciado com o famoso ‘arroz com feijão’ bem feito da Marvel.

Para quem já assistiu os filmes do Deadpool e vem acompanhando os longas com super-heróis há décadas, não há absolutamente nenhuma novidade. É uma porção de referências deliciosas a diversas franquias da Cultura Pop, sejam elas de propriedade da Disney ou não, o Deadpool descendo tiro e espadada nos adversários enquanto zomba de tudo e todos, o Wolverine sendo rabugento mas se rendendo aos desencantos encantadores da situação bizarra em que se enfiou e um caminhão de participações especiais que vão suprir toda a carência da galera que se decepcionou com Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022).

deadpool & wolverine

Faz um tempo que uma fala de Martin Scorsese viralizou negativamente dentre os fãs de heróis. Na ocasião, a lenda viva do cinema definiu os filmes da Marvel como parques de diversão, não filmes. E como diz a regra: quando um mestre fala, você para, escuta e aprende. No entanto, falar de aprendizado junto a um personagem como o Deadpool beira o escárnio. Ele não aprende, ele sacaneia.

Nesse ponto, o filme abraça a declaração de Scorsese, mas não para tentar provar que o diretor está errado. Shawn Levy grita a plenos pulmões que está fazendo um legítimo parque de diversões na telona. Ele quer que você ria, se divirta, gargalhe e esqueça das consequências das ações, enquanto dois adultos bombados de trajes coloridos e apertados fazem os maiores absurdos possíveis em tela. E cá entre nós, não dá para questionar o valor artístico de um filme que se propõe a divertir e faz isso de forma fabulosa. É o puro suco do humor adolescente, fazendo deste longa um besteirol espetacular. É ação atrás de ação, é piada atrás de piada, é referência atrás de referência. É entretenimento purinho.

deadpool & wolverine

E em momento algum Shawn Levy esconde que esse bombardeio de entretenimento é uma forma de compensar o roteiro bobinho. O próprio Deadpool zomba disso diversas vezes. Só que é tão bem feito que só mesmo sendo muito ranzinza para não se deixar envolver pela onda de diversão que esse filme cria. É uma sensação fantástica de estar em um churrasco junto a velhos amigos que você não vê há muito tempo, enquanto vocês falam as maiores bobeiras do mundo e relembram o que já viveram.

Junto a isso, as atuações de Ryan Reynolds e Hugh Jackman estão excelentes. Ambos encarnam seus personagens com uma naturalidade absurda, assim como exalam uma química impressionante em tela. É de se questionar mesmo como que esse encontro não tinha acontecido antes. Já a vilã, vivida por Emma Corrin, é uma mera coadjuvante. Ela não vem naquele papo batido de que ‘todo vilão é um herói em sua própria história’. Sua Cassandra Nova é má porque sim, e quer acabar com os mundos porque ela pode. O que, particularmente, acho muito bem-vindo. Chega de querer entender o lado do vilão, galera. Os próprios ‘heróis’ do filme são moralmente questionáveis, deixa eles baterem a torto e a direito em quem for pior que eles.

deadpool & wolverine

Por fim, mas não menos importante, a trilha musical desse filme é sensacional. Misturando o melhor do Pop dos anos 80, 90 e 2000, a ‘playlist’ foi escolhida a dedo, elevando o nível musical – já altíssimo – da franquia Deadpool. Tem Madonna, Avril Lavigne, Green Day, N’Sync… E todas perfeitamente inseridas.

É legal, depois de uma década de filmes com super-heróis tendo vergonha de serem o que realmente são, ver um longa que não faz questão nenhuma de ser efetivamente um ‘filme de boneco’. Se não fosse a violência explícita, com direito a muito sangue e membros decepados, seria uma experiência divertidíssima para a molecada, que não vai conseguir assistir nos cinemas por conta da classificação indicativa para maiores de 18 anos. Ainda assim, é uma aventura maravilhosa, boba e carregada de sentimentalismo barato, como deve ser um grande filme de heróis – ou quase isso.

Obs: para a galera preocupada com a continuidade do MCU, o longa faz um retcon muito útil e termina com a inserção de um conceito muito interessante para quem está ansioso por Guerras Secretas.

deadpool & wolverine

Deadpool & Wolverine estreia em 25 de julho de 2024.
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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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E a falecida 20th Century Fox desempenhou um grande papel nisso, já que foi ela quem manteve o nome da Marvel nas telonas, mesmo na época em que a ‘Casa das Ideias’ passava por uma crise financeira catastrófica. Com a venda dos direitos de personagens como os X-Men e o Quarteto Fantástico, a Marvel conseguiu se reerguer, se recuperar nos quadrinhos até eventualmente ser comprada pela Disney e encabeçar um verdadeiro império do entretenimento que culminou em mais de uma década de pura e simples febre de super-heróis.

deadpool & wolverine

E ninguém sintetizou tão bem essa era de heróis pré-MCU quanto o Wolverine de Hugh Jackman. Por se tratar de um personagem polivalente, ele encantou as crianças com seu jeitão meio ‘bom demais para ligar para o que os outros pensam’ nos filmes de classificação indicativa mais baixa, mas também dono de um passado obscuro, que foi mais desenvolvido – de forma confusa, é verdade, nos longas de classificação para maiores. Conseguindo obter sucesso nessa transição do infantil para o adulto, o Hugh se despediu do personagem em 2017, com Logan.

Na mesma época, porém, um pequeno revolucionário começou a fazer barulho dentro da Fox. Após ser escorraçado dos filmes com super-heróis, Ryan Reynolds conseguiu uma cartada final com uma adaptação extremamente fiel de Deadpool, incluindo violência gráfica, palavrões e muita sacanagem nas telonas. O resultado agradou a jovens e adultos, fazendo do Mercenário boca suja um fenômeno da Cultura Pop. Ele ficou tão grande nesse cenário, que foi transportado do falecido universo Fox direto para o Universo Cinematográfico Marvel em uma aventura que traz de tudo que qualquer HQ do personagem tem: falta de noção e um humor deliciosamente babaca.

deadpool & wolverine

Deadpool & Wolverine, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (25), é a materialização perfeita do espírito da quinta série. O filme não se leva a sério em momento algum, permanecendo fiel à essência que consagrou o personagem nos quadrinhos e nas telonas. O Mercenário Tagarela é uma criatura extremamente poderosa, mas é tão besta e descontraída que chega a ser difícil passar a sensação de perigo que ele representa aos adversários. Isso até o momento em que ele começa a chacinar os bandidos a sangue frio, profanar cadáveres e contar piadas que fariam seu tio se orgulhar.

Ao lado dele, um Wolverine desiludido e extremamente agressivo se vê preso a esse mala para tentar sobreviver em uma dimensão-lixão conhecida como ‘O Vazio’. Em meio a essa combinação de opostos, o longa se desenvolve carregado pelas situações mais sem-noção e divertidas possíveis, fazendo uma verdadeira viagem pelo que restou do Universo Fox.

deadpool & wolverine

É curioso ver como o roteiro do filme é simples e bobo, mas ainda assim consegue ser ridiculamente eficaz em te prender com os olhos vidrados na tela. Ele sai de um ponto conhecido, te leva por uma aventura de doer a barriga de tanto rir e termina em um ponto promissor para o futuro do MCU. Pode parecer pouco, só que fazia tempo que o público não era agraciado com o famoso ‘arroz com feijão’ bem feito da Marvel.

Para quem já assistiu os filmes do Deadpool e vem acompanhando os longas com super-heróis há décadas, não há absolutamente nenhuma novidade. É uma porção de referências deliciosas a diversas franquias da Cultura Pop, sejam elas de propriedade da Disney ou não, o Deadpool descendo tiro e espadada nos adversários enquanto zomba de tudo e todos, o Wolverine sendo rabugento mas se rendendo aos desencantos encantadores da situação bizarra em que se enfiou e um caminhão de participações especiais que vão suprir toda a carência da galera que se decepcionou com Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022).

deadpool & wolverine

Faz um tempo que uma fala de Martin Scorsese viralizou negativamente dentre os fãs de heróis. Na ocasião, a lenda viva do cinema definiu os filmes da Marvel como parques de diversão, não filmes. E como diz a regra: quando um mestre fala, você para, escuta e aprende. No entanto, falar de aprendizado junto a um personagem como o Deadpool beira o escárnio. Ele não aprende, ele sacaneia.

Nesse ponto, o filme abraça a declaração de Scorsese, mas não para tentar provar que o diretor está errado. Shawn Levy grita a plenos pulmões que está fazendo um legítimo parque de diversões na telona. Ele quer que você ria, se divirta, gargalhe e esqueça das consequências das ações, enquanto dois adultos bombados de trajes coloridos e apertados fazem os maiores absurdos possíveis em tela. E cá entre nós, não dá para questionar o valor artístico de um filme que se propõe a divertir e faz isso de forma fabulosa. É o puro suco do humor adolescente, fazendo deste longa um besteirol espetacular. É ação atrás de ação, é piada atrás de piada, é referência atrás de referência. É entretenimento purinho.

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E em momento algum Shawn Levy esconde que esse bombardeio de entretenimento é uma forma de compensar o roteiro bobinho. O próprio Deadpool zomba disso diversas vezes. Só que é tão bem feito que só mesmo sendo muito ranzinza para não se deixar envolver pela onda de diversão que esse filme cria. É uma sensação fantástica de estar em um churrasco junto a velhos amigos que você não vê há muito tempo, enquanto vocês falam as maiores bobeiras do mundo e relembram o que já viveram.

Junto a isso, as atuações de Ryan Reynolds e Hugh Jackman estão excelentes. Ambos encarnam seus personagens com uma naturalidade absurda, assim como exalam uma química impressionante em tela. É de se questionar mesmo como que esse encontro não tinha acontecido antes. Já a vilã, vivida por Emma Corrin, é uma mera coadjuvante. Ela não vem naquele papo batido de que ‘todo vilão é um herói em sua própria história’. Sua Cassandra Nova é má porque sim, e quer acabar com os mundos porque ela pode. O que, particularmente, acho muito bem-vindo. Chega de querer entender o lado do vilão, galera. Os próprios ‘heróis’ do filme são moralmente questionáveis, deixa eles baterem a torto e a direito em quem for pior que eles.

deadpool & wolverine

Por fim, mas não menos importante, a trilha musical desse filme é sensacional. Misturando o melhor do Pop dos anos 80, 90 e 2000, a ‘playlist’ foi escolhida a dedo, elevando o nível musical – já altíssimo – da franquia Deadpool. Tem Madonna, Avril Lavigne, Green Day, N’Sync… E todas perfeitamente inseridas.

É legal, depois de uma década de filmes com super-heróis tendo vergonha de serem o que realmente são, ver um longa que não faz questão nenhuma de ser efetivamente um ‘filme de boneco’. Se não fosse a violência explícita, com direito a muito sangue e membros decepados, seria uma experiência divertidíssima para a molecada, que não vai conseguir assistir nos cinemas por conta da classificação indicativa para maiores de 18 anos. Ainda assim, é uma aventura maravilhosa, boba e carregada de sentimentalismo barato, como deve ser um grande filme de heróis – ou quase isso.

Obs: para a galera preocupada com a continuidade do MCU, o longa faz um retcon muito útil e termina com a inserção de um conceito muito interessante para quem está ansioso por Guerras Secretas.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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