domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | ‘Death By Rock and Roll’ marca o brilhante e impactante retorno da banda The Pretty Reckless

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The Pretty Reckless é um grupo musical que merece mais atenção do que atualmente tem. É claro que a banda de rock estadunidense tem suas conquistas e músicas de sucesso sólido, como a clássica “Make Me Wanna Die” – mas boa parte dos ouvintes que tem apreço pelo mainstream provavelmente nunca ouviram falar deles. Felizmente, 2021 já vem se mostrando como um ano bem interessante para a música, com o retorno da dupla ANAVITÓRIA com o intimista ‘Cor’ e com a obscura narrativa que Jazmine Sullivan arquitetou para ‘Heaux Tales’. Agora, chegou a vez de Death By Rock and Roll dominar as nossas playlists com uma ode nostálgica e original ao mesmo tempo que traz o melhor do hard rock de volta.

Se alguém um dia me dissesse que a jovem intérprete Cindy Lou Who, de ‘O Grinch’, viria a se tornar uma poderosa e destemida vocalista de um grupo de rock, realmente seria quase impossível de acreditar. Mas Taylor Momsen, que estourou nos anos 2000 com a adaptação do icônico romance de Dr. Seuss e logo depois estrelou a adorada série adolescente ‘Gossip Girl’, evidenciou que é uma artista extremamente versátil e, desde que se reuniu com nomes como Ben Phillips e Mark Damon, vem demonstrando que sua arte é necessária e que foge dos convencionalismos que tanto encontramos no cenário contemporâneo. É claro que, entre altos e baixos, The Pretty Reckless se mostrou disposto a renovar seu arsenal de canções, apostando em melancólicas baladas ou em impactantes hinos de emancipação. Mas será que o quarto e aguardado álbum continuaria a satisfazer seus fãs?



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A resposta é sim. Enquanto ‘Who You Selling For’, lançado em 2016, demonstrou um profundo amadurecimento do estilo sonoro do grupo, Death By Rock and Roll é uma ode à irreverência e ao post-grunge dos anos 1990 repaginado com características modernas, seja pela lírica, seja pelos apaixonantes solos de guitarra. A faixa titular, que abre o que podemos chamar alegadamente de obra-prima desse icônico ato musical, já havia entrado em nossa lista de melhores músicas do ano passado, apenas para se renovar com beleza inenarrável em uma narrativa metalinguística sobre o que queremos deixar para o mundo e como vivemos a nossa vida. A produção quase impecável de Jonathan Wyman é brilhante do começo ao fim e, salvo algumas repetições, não há alguém que não se delicie com o que se trouxe à tona.

Assista também:
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É de costume que a primeira track do álbum dê o tom do que podemos esperar do restante de qualquer jornada fonográfica – mas Momsen, tomando as rédeas criativas de uma ressurreição exuberante e bem-vinda, mostra que não precisa se prender a quaisquer amarras. Temos a coesão estilística que une as incursões em um universo que celebra a morte e despreza a vida, e que se infunde com críticas sociais e mensagens de libertação. Em “And So It Went”, a lead singer colabora com o guitarrista Tom Morello, de ‘Rage Against the Machine’, para um trágico enredo no qual “as crianças perderam a razão, clamando por perdão”; em “25”, o tema se repete em uma imperiosa reflexão que nutre de similaridades com “Skyfall” e outras canções da franquia ‘James Bond’, apesar frustrada incompletude de seu refrão.

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Os momentos de extravagância explodem proposital e profusamente ao longo de doze belíssimas faixas – e o primeiro vislumbre dessa caprichosa inflexão dá-se em “Broomsticks”, uma espécie de interlúdio que se fecha em si mesmo, mas que, ao mesmo tempo, nos prepara para a narcótica viagem oitentista de “Witches Burn”, um dos ápices da produção que se guia pelos vocais de Taylor e que restringe a guitarra e o baixo ao atmosférico segundo plano. Na trama, a cantora vive uma mulher sem escrúpulos e que não será diminuída pelas outras pessoas e que tem um poder destrutivo cataclísmico – refletido por um abrangente e bem estruturado alcance vocal. “Turning Gold” abarca certos elementos do arabic pop para uma familiar e exultante arquitetura country-rock – que também revela um dos melhores pré-refrões já entregues pela banda através de versos que falam da inexorabilidade do tempo.

Momsen sabe muito bem quando desacelerar o ritmo – e faz isso com exímia ovação em vários momentos. “Got So High” é uma viagem (sem trocadilhos) que demonstra a inevitabilidade da ascensão e da queda de um eu lírico que quer se libertar de privações mundanas, pecando apenas pela conivente simplicidade e pela constância de suas repetições. Em “Standing at the Wall” segue uma construção similar, abrindo espaço para uma balada regada pelos ecos orquestrais do violoncelo e marcada pela melodia do violão. Mas são as duas últimas faixas que invadem nosso âmago pela força de sua lírica e pelas homenagens que fazem ao falecido Kato Khandwala. “Rock and Roll Heaven” é uma continuação direta da track de abertura que traz elementos de Jo Dee Messina e de Shania Twain a uma convergência bastante saudosista; “Harley Darling”, por sua vez, evoca as memórias de um ente querido que se foi antes da hora e que volta-se para o country com respeito admirável.

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 The Pretty Reckless reencontra vida em meio à devastação a partir do momento em que encara a morte e o que existe depois dela como apenas uma continuidade de nossa breve aventura na Terra. Death By Rock and Roll é uma fulgente e enigmática obra que abre o primeiro trimestre do ano com chave de ouro e que, no final das contas, é uma joia musical aprazível e envolvente.

Nota por faixa:

01. Death By Rock And Roll – 4,5/5
02. Only Love Can Save Me Now feat. Matt Cameron & Kim Thayil – 4/5
03. And So It Went feat. Tom Morello – 4,5/5
04. 25 – 3/5
05. My Bones – 3,5/5
06. Got So High – 4/5
07. Broomsticks – 4,5/5
08. Witches Burn – 5/5
09. Standing At The Wall – 4/5
10. Turning Gold – 5/5
11. Rock And Roll Heaven – 5/5
12. Harley Darling – 4,5/5

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Se alguém um dia me dissesse que a jovem intérprete Cindy Lou Who, de ‘O Grinch’, viria a se tornar uma poderosa e destemida vocalista de um grupo de rock, realmente seria quase impossível de acreditar. Mas Taylor Momsen, que estourou nos anos 2000 com a adaptação do icônico romance de Dr. Seuss e logo depois estrelou a adorada série adolescente ‘Gossip Girl’, evidenciou que é uma artista extremamente versátil e, desde que se reuniu com nomes como Ben Phillips e Mark Damon, vem demonstrando que sua arte é necessária e que foge dos convencionalismos que tanto encontramos no cenário contemporâneo. É claro que, entre altos e baixos, The Pretty Reckless se mostrou disposto a renovar seu arsenal de canções, apostando em melancólicas baladas ou em impactantes hinos de emancipação. Mas será que o quarto e aguardado álbum continuaria a satisfazer seus fãs?

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A resposta é sim. Enquanto ‘Who You Selling For’, lançado em 2016, demonstrou um profundo amadurecimento do estilo sonoro do grupo, Death By Rock and Roll é uma ode à irreverência e ao post-grunge dos anos 1990 repaginado com características modernas, seja pela lírica, seja pelos apaixonantes solos de guitarra. A faixa titular, que abre o que podemos chamar alegadamente de obra-prima desse icônico ato musical, já havia entrado em nossa lista de melhores músicas do ano passado, apenas para se renovar com beleza inenarrável em uma narrativa metalinguística sobre o que queremos deixar para o mundo e como vivemos a nossa vida. A produção quase impecável de Jonathan Wyman é brilhante do começo ao fim e, salvo algumas repetições, não há alguém que não se delicie com o que se trouxe à tona.

É de costume que a primeira track do álbum dê o tom do que podemos esperar do restante de qualquer jornada fonográfica – mas Momsen, tomando as rédeas criativas de uma ressurreição exuberante e bem-vinda, mostra que não precisa se prender a quaisquer amarras. Temos a coesão estilística que une as incursões em um universo que celebra a morte e despreza a vida, e que se infunde com críticas sociais e mensagens de libertação. Em “And So It Went”, a lead singer colabora com o guitarrista Tom Morello, de ‘Rage Against the Machine’, para um trágico enredo no qual “as crianças perderam a razão, clamando por perdão”; em “25”, o tema se repete em uma imperiosa reflexão que nutre de similaridades com “Skyfall” e outras canções da franquia ‘James Bond’, apesar frustrada incompletude de seu refrão.

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Os momentos de extravagância explodem proposital e profusamente ao longo de doze belíssimas faixas – e o primeiro vislumbre dessa caprichosa inflexão dá-se em “Broomsticks”, uma espécie de interlúdio que se fecha em si mesmo, mas que, ao mesmo tempo, nos prepara para a narcótica viagem oitentista de “Witches Burn”, um dos ápices da produção que se guia pelos vocais de Taylor e que restringe a guitarra e o baixo ao atmosférico segundo plano. Na trama, a cantora vive uma mulher sem escrúpulos e que não será diminuída pelas outras pessoas e que tem um poder destrutivo cataclísmico – refletido por um abrangente e bem estruturado alcance vocal. “Turning Gold” abarca certos elementos do arabic pop para uma familiar e exultante arquitetura country-rock – que também revela um dos melhores pré-refrões já entregues pela banda através de versos que falam da inexorabilidade do tempo.

Momsen sabe muito bem quando desacelerar o ritmo – e faz isso com exímia ovação em vários momentos. “Got So High” é uma viagem (sem trocadilhos) que demonstra a inevitabilidade da ascensão e da queda de um eu lírico que quer se libertar de privações mundanas, pecando apenas pela conivente simplicidade e pela constância de suas repetições. Em “Standing at the Wall” segue uma construção similar, abrindo espaço para uma balada regada pelos ecos orquestrais do violoncelo e marcada pela melodia do violão. Mas são as duas últimas faixas que invadem nosso âmago pela força de sua lírica e pelas homenagens que fazem ao falecido Kato Khandwala. “Rock and Roll Heaven” é uma continuação direta da track de abertura que traz elementos de Jo Dee Messina e de Shania Twain a uma convergência bastante saudosista; “Harley Darling”, por sua vez, evoca as memórias de um ente querido que se foi antes da hora e que volta-se para o country com respeito admirável.

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Nota por faixa:

01. Death By Rock And Roll – 4,5/5
02. Only Love Can Save Me Now feat. Matt Cameron & Kim Thayil – 4/5
03. And So It Went feat. Tom Morello – 4,5/5
04. 25 – 3/5
05. My Bones – 3,5/5
06. Got So High – 4/5
07. Broomsticks – 4,5/5
08. Witches Burn – 5/5
09. Standing At The Wall – 4/5
10. Turning Gold – 5/5
11. Rock And Roll Heaven – 5/5
12. Harley Darling – 4,5/5

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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