quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | ‘Do Que os Homens Gostam’ – Netflix lança “remake” de ‘Do Que as Mulheres Gostam’

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Vinte anos atrás, quando a comédia romântica ‘Do Que as Mulheres Gostam’, estrelada por Mel Gibson, estreou nos cinemas, ela fez grande sucesso de bilheteria, afinal, o filme basicamente realizava o sonho de muitos homens: saber exatamente o que as mulheres pensam e, consequentemente, saber como agradar e satisfazer todo tipo de desejo delas. Porém, o filme de Nancy Meyers trazia um protagonista machista que, a partir do dom que ganha, se desconstrói e passa a entender melhor as mulheres. Agora, vinte anos depois, os papéis se invertem em ‘Do Que os Homens Gostam‘ (What Men Want’), comédia romântica que tem estado entre os dez mais da Netflix.



Ali Davis (Taraji P. Henson) é uma super agente, prestes a se tornar sócia da empresa em que trabalha, repleta de homens machistas que competem entre si e a excluem de tudo. Até por conta disso, Ali se tornou uma mulher bem rígida, mandona, fechada e um bocado ríspida, afastando tudo e todos de si, especialmente os homens, menos a seu pai, Skip (Richard Roundtree). Então, na despedida de solteiro de uma de suas melhores amigas, Ali se consulta com uma vidente charlatã, que lhe dá um chá suspeito que faz com que ela perca o controle e acabe batendo a cabeça. Quando acorda, Ali percebe que ganhou um dom: a habilidade de ouvir os pensamentos particulares dos homens. Então, ela pensa em utilizar esse benefício para conseguir fechar contrato com o jogador da NBA, Jamal Barry (Shane Paul McGhie) e conseguir a sonhada sociedade na empresa.

Com quase duas horas de duração, ‘Do Que os Homens Gostam’ se propõe uma releitura da história criada por Cathy Yuspa, Diane Drake e Josh Goldsmith, mas se expande para outras direções para, ao final, não conseguir concluir todos os pontos levantados. Os primeiros trinta e seis minutos do longa são focados na dificuldade da protagonista em trabalhar num ambiente cheio de testosterona que não tolera não só a uma mulher no ambiente, mas uma mulher preta. Então, quando Ali bate a cabeça e ganha o dom, finalmente o longa começa, mas então já se passaram quase quarenta minutos do longa, e ficamos com a sensação de que fomos sendo distraídos até aí.

 

O roteiro de Tina Gordon, Peter Huyck e Alex Gregory, baseado na história de Jas Waters e Tina Gordon, parece dividido em duas partes e se dedica em construir uma protagonista tão dura, que sobra pouco espaço para simpatizarmos com ela. Ao menos as cenas carregam uma leve comicidade, às vezes exageradas, que chegam a conquistar algumas risadas, porém, já no terceiro arco do enredo o picote de Adam Shankman no filme tenta resolver todos os pontos com certa pressa, acelerando o ritmo para atingir sua conclusão.

Do Que os Homens Gostam’ é uma releitura interessante do sucesso dos anos 2000, mas, ao centrar como tema a dificuldade da mulher de se conectar com os homens, meio que acaba recaindo no estigma de que para ser bem-sucedida, a mulher necessariamente é sozinha, bruta e mau humorada. Com algumas piadas legais e um olhar atualizado sobre o tema, é uma comédia que entretém, mas não aprofunda a reflexão.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Vinte anos atrás, quando a comédia romântica ‘Do Que as Mulheres Gostam’, estrelada por Mel Gibson, estreou nos cinemas, ela fez grande sucesso de bilheteria, afinal, o filme basicamente realizava o sonho de muitos homens: saber exatamente o que as mulheres pensam e, consequentemente, saber como agradar e satisfazer todo tipo de desejo delas. Porém, o filme de Nancy Meyers trazia um protagonista machista que, a partir do dom que ganha, se desconstrói e passa a entender melhor as mulheres. Agora, vinte anos depois, os papéis se invertem em ‘Do Que os Homens Gostam‘ (What Men Want’), comédia romântica que tem estado entre os dez mais da Netflix.

Ali Davis (Taraji P. Henson) é uma super agente, prestes a se tornar sócia da empresa em que trabalha, repleta de homens machistas que competem entre si e a excluem de tudo. Até por conta disso, Ali se tornou uma mulher bem rígida, mandona, fechada e um bocado ríspida, afastando tudo e todos de si, especialmente os homens, menos a seu pai, Skip (Richard Roundtree). Então, na despedida de solteiro de uma de suas melhores amigas, Ali se consulta com uma vidente charlatã, que lhe dá um chá suspeito que faz com que ela perca o controle e acabe batendo a cabeça. Quando acorda, Ali percebe que ganhou um dom: a habilidade de ouvir os pensamentos particulares dos homens. Então, ela pensa em utilizar esse benefício para conseguir fechar contrato com o jogador da NBA, Jamal Barry (Shane Paul McGhie) e conseguir a sonhada sociedade na empresa.

Com quase duas horas de duração, ‘Do Que os Homens Gostam’ se propõe uma releitura da história criada por Cathy Yuspa, Diane Drake e Josh Goldsmith, mas se expande para outras direções para, ao final, não conseguir concluir todos os pontos levantados. Os primeiros trinta e seis minutos do longa são focados na dificuldade da protagonista em trabalhar num ambiente cheio de testosterona que não tolera não só a uma mulher no ambiente, mas uma mulher preta. Então, quando Ali bate a cabeça e ganha o dom, finalmente o longa começa, mas então já se passaram quase quarenta minutos do longa, e ficamos com a sensação de que fomos sendo distraídos até aí.

 

O roteiro de Tina Gordon, Peter Huyck e Alex Gregory, baseado na história de Jas Waters e Tina Gordon, parece dividido em duas partes e se dedica em construir uma protagonista tão dura, que sobra pouco espaço para simpatizarmos com ela. Ao menos as cenas carregam uma leve comicidade, às vezes exageradas, que chegam a conquistar algumas risadas, porém, já no terceiro arco do enredo o picote de Adam Shankman no filme tenta resolver todos os pontos com certa pressa, acelerando o ritmo para atingir sua conclusão.

Do Que os Homens Gostam’ é uma releitura interessante do sucesso dos anos 2000, mas, ao centrar como tema a dificuldade da mulher de se conectar com os homens, meio que acaba recaindo no estigma de que para ser bem-sucedida, a mulher necessariamente é sozinha, bruta e mau humorada. Com algumas piadas legais e um olhar atualizado sobre o tema, é uma comédia que entretém, mas não aprofunda a reflexão.

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