sábado , 2 novembro , 2024

Crítica | Eileen: Anne Hathaway e Thomasin McKenzie estrelam espetacular thriller criminal

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2023

Sempre entre a fantasia de seus devaneios e a dura realidade de sua vida cotidiana, Eileen é uma peculiar jovem que vive à deriva, distante e inabalável diante do contexto que a cerca. Perdida em sua própria imaginação, ela passa os seus dias sonhando com a vida que gostaria de ter, enquanto pouco percebe o tempo passar. Nutrindo uma identidade escondida e mascarada pela obsessão de um pai perturbado e pela apatia de um emprego indigno, ela é a sombra da mulher que sonha se tornar. E quando se depara com a bela conselheira Rebecca St. Johns, nova funcionária do mesmo reformatório onde trabalha, ilusões e ambições pessoais começam a se colidir em uma espiral catártica caótica e insana.

Eileen é um thriller de mistério impressionante, capaz de nos arrastar para as entranhas de sua narrativa de forma súbita e profunda. Com uma trama aparentemente mais dramática, a produção dirigida por William Oldroyd e roteirizada por Luke Goebel e Ottessa Moshfegh começa de forma inofensiva, nos leva para os pensamentos mais sombrios e salientes de sua protagonista homônima, apenas para apresentá-la como uma enorme antítese. De tom de voz doce e sensível, mas comportamento sempre errático, ela é uma pessoa confusa aos nossos olhos. Vivendo como se fosse uma sombra, ela nos é apresentada como alguém que almeja muito, mas nada faz. Mas em contraste com sua quase antagonista, vivida lindamente pela Anne Hathaway, os anseios mais profundos de Eileen ganham vida. E aqui, uma vez mais vemos a talentosa Thomasin McKenzie em um papel peculiar, que se desabrocha diante da audiência de forma surpreendente e arrebatadora – assim como a vimos em Noite Passada em Soho.

Mas em Eileen, mais do que a transformação de uma protagonista, testemunhamos aqui a constante subversão das nossas expectativas. Aprimorando poderosamente a abordagem narrativa de um filme de gênero, o longa de Oldroyd é uma convite a uma thriller criminal inesperado, que cresce pelas extremidades, até que consome todo o roteiro. Se transformando logo na metade de seu segundo ato, o longa é uma experiência cinematográfica que nos tira o fôlego, com um viés misterioso crescente que muda seus protagonistas, fazendo com que eles passem por metamorfoses diante dos nossos olhos. E inadvertidamente, o cineasta e sua dupla de roteiristas viram a chave do filme, fazendo de Eileen não apenas um estudo de personagem, mas sim um conto detective noir às avessas, onde a fotografia domina nossa visão e ajuda a redefinir os rumos da história.

E presos em um clímax absolutamente moral, somos constrangidos por questões éticas e sociais que ressoam nos ouvidos como socos na boca do estômago. De maneira simples, mas executada em um nível de complexidade monstruoso, Eileen estende suas fronteiras para além do campo dramático, em direção a um mistério sombrio, realista e perturbador. E como alguém que não cansa de nos impressionar, Ari Wegner faz de sua fotografia um instrumento fundamental para a construção da tensão e do pavor do plot twist. Com referências estilísticas aos clássicos mistérios dos anos 40 e 50, ela traz um negrume maior para o terceiro ato, quase entregando um novo filme para o público. Mudando nossa percepção da trama a partir do seu trabalho como diretora de fotografia, ela uma vez mais nos surpreende, saindo do estilo bucólico de Ataque dos Cães para o noir oldschool em Eileen.

Com uma trilha sonora sempre marcada pelo jazz e blues, o suspense criminal ainda se consagra como uma eclosão psicoemocional. Trazendo um desfecho que nada mais é do que a consumação plena de uma confusa mente presa em seus próprios delírios, a produção é uma experiência cinematográfica que une elementos cult e blockbuster de forma precisa e certeira, nos mantendo aflitos e angustiados a todo momento. Superando nossas expectativas e subvertendo seu proposital apático início em um final explosivo, Eileen é imprevisível, angustiante e viciante. Com performances excepcionais de Hathaway e McKenzie, o thriller nos satisfaz por inteiro, mas ainda assim nos deixa à deriva, sedentos por muito mais dessa rica fonte jorrada por William Oldroyd.

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Eileen é um thriller de mistério impressionante, capaz de nos arrastar para as entranhas de sua narrativa de forma súbita e profunda. Com uma trama aparentemente mais dramática, a produção dirigida por William Oldroyd e roteirizada por Luke Goebel e Ottessa Moshfegh começa de forma inofensiva, nos leva para os pensamentos mais sombrios e salientes de sua protagonista homônima, apenas para apresentá-la como uma enorme antítese. De tom de voz doce e sensível, mas comportamento sempre errático, ela é uma pessoa confusa aos nossos olhos. Vivendo como se fosse uma sombra, ela nos é apresentada como alguém que almeja muito, mas nada faz. Mas em contraste com sua quase antagonista, vivida lindamente pela Anne Hathaway, os anseios mais profundos de Eileen ganham vida. E aqui, uma vez mais vemos a talentosa Thomasin McKenzie em um papel peculiar, que se desabrocha diante da audiência de forma surpreendente e arrebatadora – assim como a vimos em Noite Passada em Soho.

Mas em Eileen, mais do que a transformação de uma protagonista, testemunhamos aqui a constante subversão das nossas expectativas. Aprimorando poderosamente a abordagem narrativa de um filme de gênero, o longa de Oldroyd é uma convite a uma thriller criminal inesperado, que cresce pelas extremidades, até que consome todo o roteiro. Se transformando logo na metade de seu segundo ato, o longa é uma experiência cinematográfica que nos tira o fôlego, com um viés misterioso crescente que muda seus protagonistas, fazendo com que eles passem por metamorfoses diante dos nossos olhos. E inadvertidamente, o cineasta e sua dupla de roteiristas viram a chave do filme, fazendo de Eileen não apenas um estudo de personagem, mas sim um conto detective noir às avessas, onde a fotografia domina nossa visão e ajuda a redefinir os rumos da história.

E presos em um clímax absolutamente moral, somos constrangidos por questões éticas e sociais que ressoam nos ouvidos como socos na boca do estômago. De maneira simples, mas executada em um nível de complexidade monstruoso, Eileen estende suas fronteiras para além do campo dramático, em direção a um mistério sombrio, realista e perturbador. E como alguém que não cansa de nos impressionar, Ari Wegner faz de sua fotografia um instrumento fundamental para a construção da tensão e do pavor do plot twist. Com referências estilísticas aos clássicos mistérios dos anos 40 e 50, ela traz um negrume maior para o terceiro ato, quase entregando um novo filme para o público. Mudando nossa percepção da trama a partir do seu trabalho como diretora de fotografia, ela uma vez mais nos surpreende, saindo do estilo bucólico de Ataque dos Cães para o noir oldschool em Eileen.

Com uma trilha sonora sempre marcada pelo jazz e blues, o suspense criminal ainda se consagra como uma eclosão psicoemocional. Trazendo um desfecho que nada mais é do que a consumação plena de uma confusa mente presa em seus próprios delírios, a produção é uma experiência cinematográfica que une elementos cult e blockbuster de forma precisa e certeira, nos mantendo aflitos e angustiados a todo momento. Superando nossas expectativas e subvertendo seu proposital apático início em um final explosivo, Eileen é imprevisível, angustiante e viciante. Com performances excepcionais de Hathaway e McKenzie, o thriller nos satisfaz por inteiro, mas ainda assim nos deixa à deriva, sedentos por muito mais dessa rica fonte jorrada por William Oldroyd.

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