quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Ela e Eu – Star+ investe na Distribuição de Drama Nacional com Grande Elenco

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Desde que a Disney anunciou a compra da empresa 20th Century Fox, anos atrás, aos poucos as produções da empresa foram sendo divididas entre conteúdos da casa do Mickey e conteúdos da antiga empresa californiana, agora subsidiária da primeira. E o mesmo ocorreu com as produções voltadas para as respectivas plataformas de streaming – DisneyPlus e StarPlus –, que foram sendo divididas de acordo com o público-alvo de cada uma delas. Assim, a Starplus/Fox no Brasil acabou demonstrando muito mais atenção às produções nacionais, lançando praticamente uma novidade por mês nos cinemas brasileiros, sendo a mais recente novidade o dramaEla e Eu’, que chega no próximo dia 21 às salas de exibição de todo o país.



Bia (Andrea Beltrão) é uma roqueira que, durante o parto de sua filha, Carol (Lara Tremouroux), acabou tendo uma complicação e entrou em coma. Entretanto, vinte anos se passaram e, mesmo tendo ficado numa espécie de coma catatônico (uma vez que ela ficava em casa, e não em um hospital, sendo cuidada normalmente, sem aparelhos médicos), Bia permanecia de olhos abertos, mas sem reagir ao mundo ao seu redor. Certo dia, porém, ela simplesmente desperta para o mundo que a espera. Mesmo sem conseguir reagir direito e precisando reaprender a reproduzir movimentos básicos cotidianos – como andar, falar e comer –, Bia começa a entender que as pessoas ao seu redor são importantes para ela de alguma forma, ainda que tenham mudado esteticamente. Ao mesmo tempo, seu marido Carlos (Eduardo Moscovis), a atual companheira dele, Renata (Mariana Lima), a cuidadora dela, Sandra (Karine Teles), e sua filha, Carol, precisam reaprender a como conviver com uma Bia novamente ativa em suas vidas.

Com menos de duas horas de duração, ‘Ela e Eu’ desenha as nuances delicadas entre os planos que fazemos para nossas vidas e o que de fato a vida acontece para a gente. Dessa impossibilidade de ser tão binário, surgem as interseções do roteiro de Gustavo Rosa de Moura, Leonardo Levis, Andrea Beltrão com colaboração de Eduardo Moscovis, Mariana Lima, Larissa Kurata e Luisa Arraes: as relações humanas não são feitas para serem fechadas em padrões, e as múltiplas possibilidades de existirmos em sociedade é o que torna o nosso viver coletivo tão mais leves, apesar das regras sociais.

Partindo dessa premissa afetiva, a direção de Gustavo Rosa de Moura parte da observação do grupo cuidador de Bia para, na segunda metade do longa (ou seja, a partir do despertar da personagem), o foco mudar e começar a acompanhar esta misteriosa e desconhecida pessoa que se insere no núcleo dessa família que se sentia completa, ainda que o “assunto” estivesse presente no cotidiano de todos, diariamente, pelos últimos vinte anos. Porém, esses levantamentos são interpretativos, pois Ela e Eunão define suas abordagens nem mesmo no título; o eu em questão pode ser qualquer um dos personagens do longa, e a forma como eles lidam com esse “ela” que os atravessa repentinamente.

Em produções como Ela e Eué bom ver o entrosamento de um elenco de peso que precisa figurar com mais frequência também nas telonas dado a potência que entrega em enredos dramáticos e atuais. Um filme para ver e refletir sobre o tempo contemporâneo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Bia (Andrea Beltrão) é uma roqueira que, durante o parto de sua filha, Carol (Lara Tremouroux), acabou tendo uma complicação e entrou em coma. Entretanto, vinte anos se passaram e, mesmo tendo ficado numa espécie de coma catatônico (uma vez que ela ficava em casa, e não em um hospital, sendo cuidada normalmente, sem aparelhos médicos), Bia permanecia de olhos abertos, mas sem reagir ao mundo ao seu redor. Certo dia, porém, ela simplesmente desperta para o mundo que a espera. Mesmo sem conseguir reagir direito e precisando reaprender a reproduzir movimentos básicos cotidianos – como andar, falar e comer –, Bia começa a entender que as pessoas ao seu redor são importantes para ela de alguma forma, ainda que tenham mudado esteticamente. Ao mesmo tempo, seu marido Carlos (Eduardo Moscovis), a atual companheira dele, Renata (Mariana Lima), a cuidadora dela, Sandra (Karine Teles), e sua filha, Carol, precisam reaprender a como conviver com uma Bia novamente ativa em suas vidas.

Com menos de duas horas de duração, ‘Ela e Eu’ desenha as nuances delicadas entre os planos que fazemos para nossas vidas e o que de fato a vida acontece para a gente. Dessa impossibilidade de ser tão binário, surgem as interseções do roteiro de Gustavo Rosa de Moura, Leonardo Levis, Andrea Beltrão com colaboração de Eduardo Moscovis, Mariana Lima, Larissa Kurata e Luisa Arraes: as relações humanas não são feitas para serem fechadas em padrões, e as múltiplas possibilidades de existirmos em sociedade é o que torna o nosso viver coletivo tão mais leves, apesar das regras sociais.

Partindo dessa premissa afetiva, a direção de Gustavo Rosa de Moura parte da observação do grupo cuidador de Bia para, na segunda metade do longa (ou seja, a partir do despertar da personagem), o foco mudar e começar a acompanhar esta misteriosa e desconhecida pessoa que se insere no núcleo dessa família que se sentia completa, ainda que o “assunto” estivesse presente no cotidiano de todos, diariamente, pelos últimos vinte anos. Porém, esses levantamentos são interpretativos, pois Ela e Eunão define suas abordagens nem mesmo no título; o eu em questão pode ser qualquer um dos personagens do longa, e a forma como eles lidam com esse “ela” que os atravessa repentinamente.

Em produções como Ela e Eué bom ver o entrosamento de um elenco de peso que precisa figurar com mais frequência também nas telonas dado a potência que entrega em enredos dramáticos e atuais. Um filme para ver e refletir sobre o tempo contemporâneo.

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