sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Élite – 6ª Temporada Foca nos Preconceitos, na Disseminação do Ódio e na Identidade de Gênero

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A seu modo, a sérieÉlite’ veio se firmando como uma das mais queridinhas séries juvenis dessa última década, misturando um pouco da pegada de ‘Gossip Girl, na qual alunos com alto poder aquisitivo se encontravam em uma escola e possuíam segredos sórdidos por detrás de seus sobrenomes de peso, e ‘Pretty Little Liars’, que também envolvia um grupo de garotas em uma escola só que com um grande crime como o segredo que segurava o grupo de pé. Repaginando e condensando esses universo, ‘Élite’ veio construindo sua carreira de sucesso por trazer dois elementos diferenciais: ser falado em língua espanhola e envolver muitas cenas de sexo entre os personagens. E seguiu assim por anos, estreando agora, no final de 2022, sua sexta temporada na Netflix.



Após a prisão de seu pai e diretor de Las Encinas (Diego Martín) o trio de irmãos Mencía (Martina Cariddi), Patrick (Manu Ríos) e Ari (Carla Díaz) tenta seguir em frente, mas tudo fica mais  complicado pois a vida de seus melhores amigos também anda atribulada. Enquanto Iván (André Lamoglia) assume abertamente sua relação com Patrick, seu pai, o famoso jogador de futebol Cruz (Carloto Cotta), sofre as consequências de admitir publicamente ser homossexual. Ao mesmo tempo, Isadora (Valentina Zenere) têm problemas para se lembrar exatamente o que aconteceu na noite em Ibiza, quando foi sexualmente abusada, e, diante da impunidade de seus agressores, decide tomar a iniciativa de puni-los por sua própria conta. Para tentar superar a perda de Samuel (Itzan Escamilla), Ari passa a se interessar por Nico (Ander Puig), um rapaz transgênero que acaba de passar por todas as cirurgias e assumir sua identidade masculina na escola. Por fim, Mencía começa a prestar atenção na influencer Sara (Carmen Arrufat), cuja vida brilhante parece esconder diversas violências domésticas.

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Dividida em oito episódios de cerca de cinquenta minutos cada a nova temporada de ‘Élite’ não traz nada de grande novidade em seu enredo, passando mais a sensação de estar reciclando temas já anteriormente desenvolvidos na série e repaginando-os para o contexto atual. De olho no que é debate entre os jovens nos dias de hoje, Darío Madrona e Carlos Montero dedica boa parte da trama em desenvolver temas de comum interesse ao seu público consumidor: a violência consequência de machismo desde uma idade mais jovem, a disseminação do ódio e a homofobia em diversas instâncias, a impunidade da violência sexual e seu trauma subsequente, e a transexualidade, que hoje está ocorrendo em idades mais jovens que antigamente. Este último tema é desenvolvido de uma maneira interessante, quase imparcial: ao mesmo tempo em que Ari tem barreiras para aceitar e entender a ausência fálica no corpo de Nico, este, por sua vez, mesmo sendo um rapaz trans, também possui seus preconceitos (raciais), o que sinaliza que absolutamente todos os personagens têm suas falhas, mesmo que também tenham suas razões e passem lições uns nos outros. No final, ninguém é perfeito, mesmo sofrendo discriminações.

Funcionando como a ‘Malhação’ brasileira, ‘Élite’ se transformou nesse laboratório de atores, em que os núcleos principais terminam a escola e outros se formam, tomando o lugar. Na história, nada se cria, tudo se recicla, e sempre à base de sexo, drogas e álcool como escapismo e solução para tudo, cerceado por crimes que ocorrem mui naturalmente na boate de Isadora (que basicamente substitui Las Encinas). A sexta temporada ainda deixa uns ganchos beeeem forçados para a próxima, mas tudo indica que, enquanto continuarem a fazer novos capítulos, o público continuará assistindo ‘Élite’.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A seu modo, a sérieÉlite’ veio se firmando como uma das mais queridinhas séries juvenis dessa última década, misturando um pouco da pegada de ‘Gossip Girl, na qual alunos com alto poder aquisitivo se encontravam em uma escola e possuíam segredos sórdidos por detrás de seus sobrenomes de peso, e ‘Pretty Little Liars’, que também envolvia um grupo de garotas em uma escola só que com um grande crime como o segredo que segurava o grupo de pé. Repaginando e condensando esses universo, ‘Élite’ veio construindo sua carreira de sucesso por trazer dois elementos diferenciais: ser falado em língua espanhola e envolver muitas cenas de sexo entre os personagens. E seguiu assim por anos, estreando agora, no final de 2022, sua sexta temporada na Netflix.

Após a prisão de seu pai e diretor de Las Encinas (Diego Martín) o trio de irmãos Mencía (Martina Cariddi), Patrick (Manu Ríos) e Ari (Carla Díaz) tenta seguir em frente, mas tudo fica mais  complicado pois a vida de seus melhores amigos também anda atribulada. Enquanto Iván (André Lamoglia) assume abertamente sua relação com Patrick, seu pai, o famoso jogador de futebol Cruz (Carloto Cotta), sofre as consequências de admitir publicamente ser homossexual. Ao mesmo tempo, Isadora (Valentina Zenere) têm problemas para se lembrar exatamente o que aconteceu na noite em Ibiza, quando foi sexualmente abusada, e, diante da impunidade de seus agressores, decide tomar a iniciativa de puni-los por sua própria conta. Para tentar superar a perda de Samuel (Itzan Escamilla), Ari passa a se interessar por Nico (Ander Puig), um rapaz transgênero que acaba de passar por todas as cirurgias e assumir sua identidade masculina na escola. Por fim, Mencía começa a prestar atenção na influencer Sara (Carmen Arrufat), cuja vida brilhante parece esconder diversas violências domésticas.

Dividida em oito episódios de cerca de cinquenta minutos cada a nova temporada de ‘Élite’ não traz nada de grande novidade em seu enredo, passando mais a sensação de estar reciclando temas já anteriormente desenvolvidos na série e repaginando-os para o contexto atual. De olho no que é debate entre os jovens nos dias de hoje, Darío Madrona e Carlos Montero dedica boa parte da trama em desenvolver temas de comum interesse ao seu público consumidor: a violência consequência de machismo desde uma idade mais jovem, a disseminação do ódio e a homofobia em diversas instâncias, a impunidade da violência sexual e seu trauma subsequente, e a transexualidade, que hoje está ocorrendo em idades mais jovens que antigamente. Este último tema é desenvolvido de uma maneira interessante, quase imparcial: ao mesmo tempo em que Ari tem barreiras para aceitar e entender a ausência fálica no corpo de Nico, este, por sua vez, mesmo sendo um rapaz trans, também possui seus preconceitos (raciais), o que sinaliza que absolutamente todos os personagens têm suas falhas, mesmo que também tenham suas razões e passem lições uns nos outros. No final, ninguém é perfeito, mesmo sofrendo discriminações.

Funcionando como a ‘Malhação’ brasileira, ‘Élite’ se transformou nesse laboratório de atores, em que os núcleos principais terminam a escola e outros se formam, tomando o lugar. Na história, nada se cria, tudo se recicla, e sempre à base de sexo, drogas e álcool como escapismo e solução para tudo, cerceado por crimes que ocorrem mui naturalmente na boate de Isadora (que basicamente substitui Las Encinas). A sexta temporada ainda deixa uns ganchos beeeem forçados para a próxima, mas tudo indica que, enquanto continuarem a fazer novos capítulos, o público continuará assistindo ‘Élite’.

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Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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