quinta-feira, abril 25, 2024

Crítica | Espírito Jovem – Elle Fanning em conto de fadas moderno com música pop

Cinema e música são duas formas de arte que caminham lado a lado, já que a trilha sonora é um importante elemento extra para conseguir emocionar e envolver o público em determinadas cenas. No entanto, em alguns filmes, ela deixa de ficar em segundo plano e vira quase protagonista por ganhar o foco da história – como é o caso de Espírito Jovem, novo longa protagonizado por Elle Fanning e com direção estreante de Max Minghella (que, para quem não sabe, é o Nick da aclamada série The Handmaid’s Tale). Apostando em uma fórmula já conhecida, Teen Spirit (no título original) pode até decepcionar quem espera uma narrativa menos convencional ao se deparar com seu pôster em rosa neon e considerar alguns trabalhos anteriores da irmã mais nova de Dakota Fanning – como Mulheres do Século XX e The Neon Demon, por exemplo. Mas, apesar de trabalhar com o clichê, a trama dos mesmos produtores de La La Land consegue emocionar com a amizade entre os personagens principais e empolga ao apresentar versões de músicas pop conhecidas, assim como sequências que remetem à linguagem rápida e dinâmica de um videoclipe.

O “Espírito Jovem”/”Teen Spirit” que intitula o longa é o nome de um concurso que promete testar novos talentos para lançar um deles para o mundo – seguindo a linha de programas como American Idol, The X Factor e derivados. Violet (Elle Fanning), uma menina humilde que concilia seu trabalho em uma lanchonete com apresentações musicais em um bar, vê nele a oportunidade de tentar ajudar financeiramente sua família e realizar o sonho de ser uma cantora profissional. Inexperiente, a jovem de 17 anos conta com a ajuda de Vlad (Zlatko Burić) – um ex-cantor de ópera que conheceu no bar em que se apresenta – para aprender a trabalhar sua respiração, afinação e performance para ter, de fato, uma boa chance na competição. Assim, mesmo contra a vontade de sua mãe (interpretada pela atriz Agnieszka Grochowska), a garota enfrenta a timidez ao lado de seu mentor e futuro empresário (caso tudo dê certo!) e se empenha para revelar seu dom nas etapas de seleção.

Um dos principais momentos do longa é a primeira performance de Violet diretamente para os jurados do concurso. De olhos fechados e sem muita intimidade com o palco e plateia, ela canta a excelente Dancing On My Own, da cantora Robyn, ao mesmo tempo em que o filme entrega ao público uma espécie de clipe com vários momentos vividos pela jovem até chegar ali – como se ela estivesse pensando em tudo aquilo enquanto cantava no palco. Embora o filme conte com outras apresentações marcantes (como Lights, de Elle Goulding, e a catártica Don’t Kill My Vibe, de Sigrid), provavelmente é desta primeira que o público se lembrará mais facilmente quando a trama vier à cabeça – tanto pelos acordes envolventes da música quanto pelo simbolismo de ser a canção responsável por colocar a personagem de Elle Fanning no caminho do estrelato. Embora já tivesse aparecido cantando a balada I Was a Fool da dupla Tegan e Sara antes mesmo dos créditos iniciais do filme surgirem na tela, é nesse momento que a atriz, que já é muito elogiada pela boa atuação, revela mais do seu talento como cantora e surpreende quem não conhecia esse seu lado.

No entanto, não é só pelas empolgantes apresentações musicais que o filme conquista: a direção de Max Minghella faz com que Teen Spirit como um todo ganhe o ritmo e o dinamismo de um videoclipe, inteligentemente aproveitando a batida das músicas para ditar o tom de alguma cena ou marcar o ponto alto de uma sequência. Outro destaque, dessa vez na narrativa, fica por conta da amizade entre Violet e Vlad. Por mais que a fórmula do jovem-talentoso-em-ascensão-junto-com-um-mentor-que-fracassou-em-sua carreira-e-vê-nele-uma-segunda-chance já esteja mais do que batida em histórias do gênero, Fanning e Burić cativam com a boa química que apresentam em cena e com o modo como seus personagens se importam um com o outro, ainda que falte um pouco mais de aprofundamento na personalidade de cada um (qual o impacto da ausência da filha de Vlad em sua vida? E ele via em Violet uma espécie de substituição? São algumas questões que ficaram no ar e o roteiro não respondeu).

Apesar de seguir toda uma fórmula já conhecida, até a metade do filme, Espírito Jovem parecia ir por um caminho em que, finalmente, uma protagonista feminina e adolescente não precisaria de um relacionamento amoroso em sua narrativa. Mas, recorrendo novamente ao clichê, Violet faz o clássico de quase colocar tudo a perder por se interessar por um rapaz de boa aparência e índole questionável justamente quando precisava estar totalmente focada na competição. Não que seja errado ter um casal na história ou torcer por ele, mas seria interessante ver um filme em que a ausência desse plot não fizesse diferença na trajetória da personagem ou, só para variar, não aparecesse como uma disputa extra entre duas garotas que já são rivais pela competição musical em si.

No mais, apesar do roteiro que usa e abusa de elementos já conhecidos pelo grande público em histórias de ascensão de uma jovem estrela e da falta de aprofundamento no psicológico dos personagens, o mérito de Teen Spirit, sem dúvidas, está no modo como consegue cativar e segurar os espectadores durante seus 92 minutos de duração. Como uma boa música pop, ele ganha ritmo, cresce, entrega uma performance musical final que explode como um refrão e empolga a ponto de poder facilmente ser assistido mais de uma vez por aqueles que se simpatizam com a temática (e que não esperam um filme que se propõe a desconstruir o mundo de uma popstar, como é o caso de Vox Lux, por exemplo). No final – antes dos créditos subirem ao som da inédita (e chiclete) Wildflowers, escrita por Carly Rae Jepsen -, ele ainda consegue fechar os principais pontos da história ao mesmo tempo em que revela que Violet tem um mundo de possibilidades pela frente. Parafraseando a música de Robyn que marca sua trajetória: She keeps dancing on her own…

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