Crítica | Estaremos Sempre Juntos – O Agridoce Refinado da Dramédia Francesa

O cinema francês contemporâneo possui uma interessante peculiaridade: a incrível capacidade de fazer bons filmes sobre o cotidiano do ser humano moderno. Com histórias simples, os últimos lançamentos têm focado em retratar os impactos do estilo de vida capitalista na vida dos cidadãos franceses em muitos aspectos, quase sempre com resultados surpreendentes. É o caso deste ‘Estaremos Sempre Juntos’.

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Continuação de ‘Até a Eternidade’, de 2012, o longa mantém a proposta do seu antecessor: a reunião ocasional do grupo de amigos, que acaba desembocando em uma série de acontecimentos, revelações e reviravoltas no pequeno grupo. Desta vez, os amigos resolvem aparecer de surpresa na casa de Max (o ótimo François Cluzet), e já nessa primeira cena o espectador é surpreendido, afinal, a apatia com que Max recebe os convidados gera um mal estar que, sinceramente, teria feito qualquer um ir embora. Porém, como a ideia era proporcionar uma festa de aniversário para Max, o grupo acaba ficando, e Max é obrigado a construir um cenário fantasioso e amistoso onde tudo na sua vida está bem, quando, na verdade, ele está se sentindo péssimo pois está sendo obrigado a vender a própria casa.

Só que esse grupo de amigos é composto por um elenco estelar, que basicamente forma a nata da dramaturgia francesa atual: Marie (a irreconhecível Marion Cotillard), Vincent (Benoît Magimel), Éric (Gilles Lellouche), Isabelle (Pascale Arbillot), Antoine (Laurent Lafitte), Véronique (Valérie Bonneton) e Alain (José Garcia). Essa constelação reunida já é, sozinha, motivo suficiente para ir ao cinema.

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Para preencher o final de semana de reunião dos amigos, o roteiro de Rodolphe Lauga e Guillaume Canet costura diversas situações envolvendo e entrelaçando seus personagens, de maneira a apresentar um panorama tão intrínseco, que justifica a união dos laços de amizade sinceros, porém imperfeitos. Núcleos semelhantes podem ser vistos nos premiados ‘As Invasões Bárbaras’ e ‘O Declínio do Império Americano’. Embora no geral o tom cômico e dramático do longa funcione – temperado por uma dose de segredos sórdidos revelados apenas ao espectador –, algumas cenas ficam deslocadas, dando a sensação de terem sido colocadas apenas para preencher o tempo. Neste ponto, Guillaume Canet, que também dirigiu o longa, poderia ter dado uma enxugada no seu produto, afinal, não há necessidade de ‘Estaremos Sempre Juntos’ durar 2h14 minutos.

Com um argumento simples (a reunião dos amigos) e poucos cenários (basicamente três locações), ‘Estaremos Sempre Juntos’ se fortalece na química entre os atores, a competência de cada um deles em construir personagens extremamente carismáticos e disfuncionais, e um roteiro ágil, mordaz e enraizado na realidade, que proporciona situações possíveis, diálogos prováveis e reações completamente espontâneas, tanto nos personagens quanto no espectador. A combinação desses três elementos constrói um drama cômico e refinado, que salienta o sabor agridoce das amizades imperfeitas, tão essenciais na nossa vida.

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