domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Evereste

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O diretor irlandês Baltasar Kormákur (‘Contrabando’) realizou, em 2012, ‘Sobrevivente‘, escrito pelo próprio, um projeto pouco visto, que entrou na minha lista de dez melhores do ano em que estreou no Brasil. A minha expectativa era positiva para esse retorno ao tema do confronto do homem com a natureza, porém, desta feita, o resultado, ainda que acima da média quando comparado a similares no gênero, reflete a indisfarçável fragilidade do roteiro de Simon Beaufoy (‘Quem Quer Ser um Milionário?’) e William Nicholson, dois profissionais treinados no método hollywoodiano de envernizar tramas simplórias, com vasta experiência em debruçar nas fórmulas mais desgastadas, o que fica claro na maneira como a trama trabalha as personagens femininas, que parecem saídas de telefilmes da década de noventa.

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Exatamente por se tratar de um caso real, a tragédia ocorrida em 1996, os personagens deveriam agir com mais organicidade, o que facilitaria o investimento emocional do espectador. As personalidades são traçadas com tintas caricaturais, o que, considerando a qualidade do elenco (Jake Gyllenhaal, Josh Brolin, Emily Watson e Keira Knightley) causa até desconforto. Com uma fotografia impressionante de Salvatore Totino e cenas verdadeiramente impactantes, é estranho que a história, com tremendo potencial dramático, conduza à perturbadora indiferença.

A trilha sonora minimalista de Dario Marianelli, inserida em um contexto tão inexpressivo, acaba sendo apagada, ao invés de servir como contraponto elegante. No segundo ato, eu aplaudia o aparente desinteresse pelo melodrama, sempre uma atitude válida, porém, ao constatar que nenhum arco narrativo era minimamente desenvolvido durante o terceiro ato, com o foco apenas no reforçar do verniz, senti falta daqueles similares menos discretos, essencialmente tolos, sim, mas eficientes enquanto entretenimento despretensioso.

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A sensação que fica ao final é de uma profunda insegurança artística do realizador com relação ao fraco roteiro. Analisando quão sensível foi sua visão para o sobrevivente que tenta se reajustar na sociedade, no filme anterior já citado, chega a ser frustrante constatar a pobreza no desenvolvimento dos personagens de ‘Evereste‘. O filme termina, as luzes se acendem, e você já se esqueceu dos nomes.

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Exatamente por se tratar de um caso real, a tragédia ocorrida em 1996, os personagens deveriam agir com mais organicidade, o que facilitaria o investimento emocional do espectador. As personalidades são traçadas com tintas caricaturais, o que, considerando a qualidade do elenco (Jake Gyllenhaal, Josh Brolin, Emily Watson e Keira Knightley) causa até desconforto. Com uma fotografia impressionante de Salvatore Totino e cenas verdadeiramente impactantes, é estranho que a história, com tremendo potencial dramático, conduza à perturbadora indiferença.

A trilha sonora minimalista de Dario Marianelli, inserida em um contexto tão inexpressivo, acaba sendo apagada, ao invés de servir como contraponto elegante. No segundo ato, eu aplaudia o aparente desinteresse pelo melodrama, sempre uma atitude válida, porém, ao constatar que nenhum arco narrativo era minimamente desenvolvido durante o terceiro ato, com o foco apenas no reforçar do verniz, senti falta daqueles similares menos discretos, essencialmente tolos, sim, mas eficientes enquanto entretenimento despretensioso.

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A sensação que fica ao final é de uma profunda insegurança artística do realizador com relação ao fraco roteiro. Analisando quão sensível foi sua visão para o sobrevivente que tenta se reajustar na sociedade, no filme anterior já citado, chega a ser frustrante constatar a pobreza no desenvolvimento dos personagens de ‘Evereste‘. O filme termina, as luzes se acendem, e você já se esqueceu dos nomes.

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