domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Jogo Justo: Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich BRILHAM em excelente thriller psicosexual adquirido pela Netflix

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Filme assistido durante o Festival de Sundance de 2023

Talvez os icônicos thrillers eróticos dos anos 90 pudessem até prever a espiral decadente de Emily e Luke, que partem do mais puro êxtase sexual para uma destrutiva disparidade de gênero capaz de transformar o amor em ódio em uma fração de minutos. Mas a verdade é que Jogo Justo (Fair Play) vai muito além de suas nostálgicas referências a clássicos como Instinto Selvagem e Atração Fatal. Resgatando essa atmosfera de suspense psicossexual que se perdeu ao longo das últimas décadas, em meio a tantos efeitos visuais e adaptações de quadrinhos, o longa que marca a estreia na direção de Chloe Domont é um inebriante filme de gênero, que faz um estudo de personagens a partir do colapso de um relacionamento diante da ebulição de egos, poder e pressões sociais e profissionais.



Os primeiros 15 minutos de Jogo Justo funcionam como um inusitado conto de fadas, que rapidamente nos toma por inteiro. E agora investidos nessa relação – tão vibrante e apaixonada entre os personagens de Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich – vemos isso ser tirado de nós, em uma desconstrução narrativa arrebatadora e inesperada. Seguindo por uma caótica e assombrosa epifania decadente, o romance dos sonhos se despe e se desmembra como um enorme pesadelo, que segue em uma constante crescente de emoções a flor da pele e comportamentos que beiram o animalesco, de tão irracionais que são. Nessa mesma toada, uma efervescente intensidade expressiva entre ambos os protagonistas faz a evidente linha que separa o amor e o ódio se dissipar abruptamente, nos mostrando que ambos os sentimentos muitas vezes podem se confundir – ainda que sejam tão díspares.

E ao longo de quase duas horas de filme, Domont esmiúça a mente humana de maneira brilhante, mostrando como as dinâmicas de poder, os egos inflados e a construção desequilibrada do que é masculinidade e feminilidade muitas vezes nos levam a encarar o outro como inimigo – sob uma visão distorcida e até mesmo psicótica. Com um roteiro afiadíssimo, muito bem estruturado e maduro, Jogo Justo não é um filme plano, sem camadas e sem profundidade. Ao invés de seguir pelo exaustivo caminho dos batidos monólogos sobre machismo e misoginia, que repetem frases de efeito e possuem pouco ou nenhum entendimento histórico social, o thriller psicológico se preocupa em construir personagens complexos, mostrando seus erros e acertos e como muitas vezes somos enganados por nossa própria visão distorcida sobre diferenças de gênero e papéis sociais.

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Fugindo do formato bidimensional que separa heróis de vilões – como se o ser humano fosse preto no branco, Jogo Justo faz do seu estudo de personagem uma oportunidade valiosa de mostrar dois lados de uma mesma moeda, nos apresentando dois protagonistas igualmente carismáticos, mas também perigosos tanto um para o outro, como para si mesmos. E nessa jornada de amor e ódio, enxergamos Phoebe e Alden através de lentes microscópicas, conforme a tensão e a exemplar trilha sonora original nos embalam em um conto de desejo, expectativa, poder e fragilidade psicoemocional. Como se estivéssemos diante de Michael Douglas e Glenn Close, no icônico Atração Fatal, a dupla de atores entrega performances poderosas, marcadas por uma química apaixonante e vibrante entre ambos. Em meio a sentimentos confusos e muita tensão sexual, os protagonistas nos levam de volta a outro clássico também lançado no Festival de Sundance: Psicopata Americano.

E como se a história se repetisse, Jogo Justo é para o Sundance 2023 o que Psicopata Americano foi em 2000. Extremamente diferentes, mas estranhamente semelhantes, ambos os suspenses desafiam nossa compreensão humana, com o primeiro trazendo uma história avassaladora sobre a colisão caótica entre empoderamento e ego, em uma era tão socialmente sensível. Com uma direção de fotografia enervante, que evidencia ainda mais a riqueza do tenso roteiro de Domont, o thriller dramático ainda nos constrange ao desconstruir toda a nossa percepção de ambos os protagonistas, com um ato final conflituoso e conflitante para a audiência. Destruindo seus personagens, sem a pressão de mantê-los imaculados diante dos nossos olhos – como os primeiros 15 minutos anteriormente nos prometiam -, Jogo Justo já se consolida como um dos melhores thrillers psicológicos dos anos recentes. Um excepcional filme de gênero, o longa vale cada centavo dos US$20 milhões pagos pela Netflix.

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Os primeiros 15 minutos de Jogo Justo funcionam como um inusitado conto de fadas, que rapidamente nos toma por inteiro. E agora investidos nessa relação – tão vibrante e apaixonada entre os personagens de Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich – vemos isso ser tirado de nós, em uma desconstrução narrativa arrebatadora e inesperada. Seguindo por uma caótica e assombrosa epifania decadente, o romance dos sonhos se despe e se desmembra como um enorme pesadelo, que segue em uma constante crescente de emoções a flor da pele e comportamentos que beiram o animalesco, de tão irracionais que são. Nessa mesma toada, uma efervescente intensidade expressiva entre ambos os protagonistas faz a evidente linha que separa o amor e o ódio se dissipar abruptamente, nos mostrando que ambos os sentimentos muitas vezes podem se confundir – ainda que sejam tão díspares.

E ao longo de quase duas horas de filme, Domont esmiúça a mente humana de maneira brilhante, mostrando como as dinâmicas de poder, os egos inflados e a construção desequilibrada do que é masculinidade e feminilidade muitas vezes nos levam a encarar o outro como inimigo – sob uma visão distorcida e até mesmo psicótica. Com um roteiro afiadíssimo, muito bem estruturado e maduro, Jogo Justo não é um filme plano, sem camadas e sem profundidade. Ao invés de seguir pelo exaustivo caminho dos batidos monólogos sobre machismo e misoginia, que repetem frases de efeito e possuem pouco ou nenhum entendimento histórico social, o thriller psicológico se preocupa em construir personagens complexos, mostrando seus erros e acertos e como muitas vezes somos enganados por nossa própria visão distorcida sobre diferenças de gênero e papéis sociais.

Fugindo do formato bidimensional que separa heróis de vilões – como se o ser humano fosse preto no branco, Jogo Justo faz do seu estudo de personagem uma oportunidade valiosa de mostrar dois lados de uma mesma moeda, nos apresentando dois protagonistas igualmente carismáticos, mas também perigosos tanto um para o outro, como para si mesmos. E nessa jornada de amor e ódio, enxergamos Phoebe e Alden através de lentes microscópicas, conforme a tensão e a exemplar trilha sonora original nos embalam em um conto de desejo, expectativa, poder e fragilidade psicoemocional. Como se estivéssemos diante de Michael Douglas e Glenn Close, no icônico Atração Fatal, a dupla de atores entrega performances poderosas, marcadas por uma química apaixonante e vibrante entre ambos. Em meio a sentimentos confusos e muita tensão sexual, os protagonistas nos levam de volta a outro clássico também lançado no Festival de Sundance: Psicopata Americano.

E como se a história se repetisse, Jogo Justo é para o Sundance 2023 o que Psicopata Americano foi em 2000. Extremamente diferentes, mas estranhamente semelhantes, ambos os suspenses desafiam nossa compreensão humana, com o primeiro trazendo uma história avassaladora sobre a colisão caótica entre empoderamento e ego, em uma era tão socialmente sensível. Com uma direção de fotografia enervante, que evidencia ainda mais a riqueza do tenso roteiro de Domont, o thriller dramático ainda nos constrange ao desconstruir toda a nossa percepção de ambos os protagonistas, com um ato final conflituoso e conflitante para a audiência. Destruindo seus personagens, sem a pressão de mantê-los imaculados diante dos nossos olhos – como os primeiros 15 minutos anteriormente nos prometiam -, Jogo Justo já se consolida como um dos melhores thrillers psicológicos dos anos recentes. Um excepcional filme de gênero, o longa vale cada centavo dos US$20 milhões pagos pela Netflix.

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