domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Feito na América – Aviões, drogas e Tom Cruise

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Top Drug – Ases Alucinados

Em 1986, Tom Cruise se tornava um astro quando Top Gun – Ases Indomáveis explodia nos cinemas, resultando num enorme sucesso. Depois do filme, Cruise conseguiu manter sua carreira e seu nome no topo do jogo por mais de três décadas. Fato realmente impressionante e conquistado por pouquíssimos num mercado tão competitivo quanto o de Hollywood.

De volta ao presente, Cruise, hoje com 55 anos, tenta novamente quebrar o molde do galã / herói de ação no qual sua imagem foi pautada por toda a carreira – salvo raras exceções. Feito na América é mais uma delas. No filme, o astro opta por um papel raro em sua filmografia, a de um sujeito incorreto, ambicioso e que surge como retrato da sujeira varrida para debaixo dos panos pelos EUA na década de 1970 e 1980.



Curiosamente, Cruise até altera seu personagem, mas não sua forma física ou tipo de interpretação. Poucos foram os filmes nos quais Cruise deixou sua caracterização ajudar na construção de personagem, vide Entrevista com o Vampiro (1994), Colateral (2004) e Trovão Tropical (2008). Este seria um filme que se beneficiaria por tal elemento.

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Neste retrato de uma história real, Cruise vive Barry Seal, piloto de voos comerciais, pego por indiscrições (contrabando de pequenos produtos) pela CIA – personificada pelo onipresente Domhnall Gleeson (em cartaz nos cinemas com mãe!). No acordo, Seal ganha salário, avião próprio, mas precisa arriscar o pescoço em voos rasantes para tirar fotos de insurgentes na América Central, como só ele, piloto exímio que é, conseguiria. Diga se não é o Top Gun da meia idade.

Com uma reviravolta em cima da outra, Seal é descoberto pelo futuro cartel de Medelín e seus fundadores Pablo Escobar, Carlos Lehder e principalmente Jorge Ochoa – o rosto e contato de Seal – interpretado por Alejandro Edda, ótimo em cena, nos fazendo desejar que tivesse mais tempo em tela. E logo, está traficando enormes quantidades de cocaína pelo ar em seu avião bimotor. Algumas cenas que mostram o esquema de transporte, entrega e até uma aterrissagem “empoeirada” são alguns dos pontos altos do longa.

Nesse jogo triplo, ou quádruplo, Seal vai apostando como pode, e entre uma prisão aqui, uma escapada ali, e problemas com o cunhado, o protagonista vai lucrando tanto, ao ponto de não saber o que fazer com a grana. Seal, nas formas de Cruise, se transforma num anti-herói carismático e sorridente, capaz de levar na lábia a esposa (papel de Sarah Wright), autoridades e narcotraficantes facilmente. Mas ao longo desta jornada nem tudo será flores.

Feito na América (que antes levava o nome da cidade Mena, aonde se desenrola parte da ação) chega como mais um dos exemplares pegando carona na recém reformulada fama do maior narcotraficante da história, o colombiano Pablo Escobar. Da série Narcos, passando por documentários, até filmes como Escobar: Paraíso Perdido (2014), Conexão Escobar (2016) e o inédito Loving Pablo (2017), o criminoso está em alta de novo como tópico de produções que pretendem interpretar sua persona e conquistas. Aqui, ao contrário das demais, a escolha é por deixa-lo em segundo plano, abordando uma das tantas tramas que cercaram seu império.

Escrito por Gary Spinelli (estreando no mainstream) e dirigido por Doug Liman, Feito na América aborda um assunto dramático de forma muito bem humorada, apostando no timing cômico do astro Cruise, que funciona de forma cronometrada. Liman se consolida como um dos diretores não autorais mais competentes da Hollywood atual, entregando trabalhos sólidos consecutivos. O cineasta já havia trabalhado com Cruise na ficção bem sucedida No Limite do Amanhã (2014), cuja continuação já está em andamento (com ele e Cruise de novo a bordo) e este ano lançou há pouquíssimo tempo o eficiente Na Mira do Atirador.

Os dois filmes assinados por ele em 2017 demonstram sua versatilidade e abrangência ao criar obras de ritmo e teor distintos, atingindo o objetivo com louvor. É seguro dizer que Liman entrega aqui um Tom Cruise inédito, inconsequente, boca suja e levemente lascivo. Seu teor incorreto, porém, poderia ter sido mais caprichado – talvez Cruise esteja disposto a ir somente até aqui. Mesmo que Na Mira do Atirador ainda entregue uma obra mais comprometida e diversificada dentro de seu gênero, Feito na América é bom o bastante para uma recomendação. Este é o filme de Tom Cruise a ser visto em 2017, uma pena para o Dark Universe

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De volta ao presente, Cruise, hoje com 55 anos, tenta novamente quebrar o molde do galã / herói de ação no qual sua imagem foi pautada por toda a carreira – salvo raras exceções. Feito na América é mais uma delas. No filme, o astro opta por um papel raro em sua filmografia, a de um sujeito incorreto, ambicioso e que surge como retrato da sujeira varrida para debaixo dos panos pelos EUA na década de 1970 e 1980.

Curiosamente, Cruise até altera seu personagem, mas não sua forma física ou tipo de interpretação. Poucos foram os filmes nos quais Cruise deixou sua caracterização ajudar na construção de personagem, vide Entrevista com o Vampiro (1994), Colateral (2004) e Trovão Tropical (2008). Este seria um filme que se beneficiaria por tal elemento.

Neste retrato de uma história real, Cruise vive Barry Seal, piloto de voos comerciais, pego por indiscrições (contrabando de pequenos produtos) pela CIA – personificada pelo onipresente Domhnall Gleeson (em cartaz nos cinemas com mãe!). No acordo, Seal ganha salário, avião próprio, mas precisa arriscar o pescoço em voos rasantes para tirar fotos de insurgentes na América Central, como só ele, piloto exímio que é, conseguiria. Diga se não é o Top Gun da meia idade.

Com uma reviravolta em cima da outra, Seal é descoberto pelo futuro cartel de Medelín e seus fundadores Pablo Escobar, Carlos Lehder e principalmente Jorge Ochoa – o rosto e contato de Seal – interpretado por Alejandro Edda, ótimo em cena, nos fazendo desejar que tivesse mais tempo em tela. E logo, está traficando enormes quantidades de cocaína pelo ar em seu avião bimotor. Algumas cenas que mostram o esquema de transporte, entrega e até uma aterrissagem “empoeirada” são alguns dos pontos altos do longa.

Nesse jogo triplo, ou quádruplo, Seal vai apostando como pode, e entre uma prisão aqui, uma escapada ali, e problemas com o cunhado, o protagonista vai lucrando tanto, ao ponto de não saber o que fazer com a grana. Seal, nas formas de Cruise, se transforma num anti-herói carismático e sorridente, capaz de levar na lábia a esposa (papel de Sarah Wright), autoridades e narcotraficantes facilmente. Mas ao longo desta jornada nem tudo será flores.

Feito na América (que antes levava o nome da cidade Mena, aonde se desenrola parte da ação) chega como mais um dos exemplares pegando carona na recém reformulada fama do maior narcotraficante da história, o colombiano Pablo Escobar. Da série Narcos, passando por documentários, até filmes como Escobar: Paraíso Perdido (2014), Conexão Escobar (2016) e o inédito Loving Pablo (2017), o criminoso está em alta de novo como tópico de produções que pretendem interpretar sua persona e conquistas. Aqui, ao contrário das demais, a escolha é por deixa-lo em segundo plano, abordando uma das tantas tramas que cercaram seu império.

Escrito por Gary Spinelli (estreando no mainstream) e dirigido por Doug Liman, Feito na América aborda um assunto dramático de forma muito bem humorada, apostando no timing cômico do astro Cruise, que funciona de forma cronometrada. Liman se consolida como um dos diretores não autorais mais competentes da Hollywood atual, entregando trabalhos sólidos consecutivos. O cineasta já havia trabalhado com Cruise na ficção bem sucedida No Limite do Amanhã (2014), cuja continuação já está em andamento (com ele e Cruise de novo a bordo) e este ano lançou há pouquíssimo tempo o eficiente Na Mira do Atirador.

Os dois filmes assinados por ele em 2017 demonstram sua versatilidade e abrangência ao criar obras de ritmo e teor distintos, atingindo o objetivo com louvor. É seguro dizer que Liman entrega aqui um Tom Cruise inédito, inconsequente, boca suja e levemente lascivo. Seu teor incorreto, porém, poderia ter sido mais caprichado – talvez Cruise esteja disposto a ir somente até aqui. Mesmo que Na Mira do Atirador ainda entregue uma obra mais comprometida e diversificada dentro de seu gênero, Feito na América é bom o bastante para uma recomendação. Este é o filme de Tom Cruise a ser visto em 2017, uma pena para o Dark Universe

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