domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Fuga de Pretória – Daniel Radcliffe se despede de ‘Harry Potter’ e surpreende em novo filme

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A África do Sul descolonizou-se da exploração britânica em 1961, porém, o que se viu no período pós-independência não foi uma melhoria na qualidade de vida dos povos sul-africanos, mas sim um profundo racha entre os negros ali nascidos e os brancos que ficaram no país mesmo após a saída dos britânicos – cisão esta que ficou conhecida como apartheid. Esse sistema preconceituoso de organização social prevaleceu por anos naquele país, e originou diversas lutas contra o racismo e a segregação racial, que prevaleceu na África do Sul até o início dos anos 1990. Nesta luta, teve destaque o líder Nelson Mandela, que mais tarde virou presidente do país. Entretanto, outras pessoas também se dedicaram a esta causa, e a história de duas delas é contada em ‘Fuga de Pretória’.



Tim Jenkin (Daniel Radcliffe) e Stephen Lee (Daniel Webber) são dois rapazes brancos engajados no fim da segregação racial, porém, por utilizarem métodos radicais, acabam sendo presos e transferidos para a penitenciária de Pretória, com uma sentença de 12 e 8 anos de prisão. Lá eles conhecem Denis Goldberg (Ian Hart), um veterano no cárcere que também lutou pela causa antirracista, e Leonard Fontaine (Mark Leonard Winter), um homem que há anos tenta escapar da prisão. Juntos eles bolam um audacioso plano para escapar do cárcere.

Inspirada no livro escrito pelo próprio Tim Jenkin, o argumento desenvolvido por Karol Griffiths não encontra dificuldades para se sustentar, uma vez que o fato de a história ter acontecido de verdade sustenta todo elemento pouco crível da trama. Portanto, o roteiro elaborado por Francis Annan e L. H. Adams basicamente só precisava transformar em cenas fílmicas o feito inacreditável desses três personagens, inserindo aqui e ali um pouco de recheio. E, de fato, é nisso que o filme foca: com pouca sustância sobre a vida pessoal dos protagonistas, o longa se passa quase todo dentro do cárcere – e, mesmo assim, não foca nos terrores e nas violências desse ambiente; ao contrário, traz um olhar bem romântico da prisão, apresentando-a como um espaço limpo e democrático, o que até gera estranheza, mas é uma boa opção para centrar a trama no que realmente importa: a fuga.

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Francis Annan também dirigiu o longa e, além da acertada escolha em focar apenas na experiência do confinamento, também conseguiu arquitetar um crescente de tensão bem sutil e constante, que arrebata o espectador sem que a gente perceba e, quando chegamos ao terceiro ato do longa, nos flagramos prendendo a respiração e torcendo para que tudo se resolva logo. Tudo isso, claro, só é possível com um elenco que exprimisse com convicção as angústias de ter a liberdade privada – e, aqui, destaca-se Daniel Radcliffe, que embora ainda conserve um rostinho de bom moço, está cada vez mais distante do seu antigo ‘Harry Potter’, buscando papéis que tragam maior robustez à sua carreira.

Fuga de Pretória’ é um longa original TNT, com estreia em breve no canal de televisão. É também um dos primeiros filmes inéditos a estrear na reabertura das salas de cinema brasileiras, com exibição, inclusive, no recém inaugurado Alpha Cine Drive-In, em São Paulo. É um bom filme, que prende nossa atenção pela criatividade engenhosa dos personagens, cujo nível de elaboração surpreende.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Tim Jenkin (Daniel Radcliffe) e Stephen Lee (Daniel Webber) são dois rapazes brancos engajados no fim da segregação racial, porém, por utilizarem métodos radicais, acabam sendo presos e transferidos para a penitenciária de Pretória, com uma sentença de 12 e 8 anos de prisão. Lá eles conhecem Denis Goldberg (Ian Hart), um veterano no cárcere que também lutou pela causa antirracista, e Leonard Fontaine (Mark Leonard Winter), um homem que há anos tenta escapar da prisão. Juntos eles bolam um audacioso plano para escapar do cárcere.

Inspirada no livro escrito pelo próprio Tim Jenkin, o argumento desenvolvido por Karol Griffiths não encontra dificuldades para se sustentar, uma vez que o fato de a história ter acontecido de verdade sustenta todo elemento pouco crível da trama. Portanto, o roteiro elaborado por Francis Annan e L. H. Adams basicamente só precisava transformar em cenas fílmicas o feito inacreditável desses três personagens, inserindo aqui e ali um pouco de recheio. E, de fato, é nisso que o filme foca: com pouca sustância sobre a vida pessoal dos protagonistas, o longa se passa quase todo dentro do cárcere – e, mesmo assim, não foca nos terrores e nas violências desse ambiente; ao contrário, traz um olhar bem romântico da prisão, apresentando-a como um espaço limpo e democrático, o que até gera estranheza, mas é uma boa opção para centrar a trama no que realmente importa: a fuga.

Francis Annan também dirigiu o longa e, além da acertada escolha em focar apenas na experiência do confinamento, também conseguiu arquitetar um crescente de tensão bem sutil e constante, que arrebata o espectador sem que a gente perceba e, quando chegamos ao terceiro ato do longa, nos flagramos prendendo a respiração e torcendo para que tudo se resolva logo. Tudo isso, claro, só é possível com um elenco que exprimisse com convicção as angústias de ter a liberdade privada – e, aqui, destaca-se Daniel Radcliffe, que embora ainda conserve um rostinho de bom moço, está cada vez mais distante do seu antigo ‘Harry Potter’, buscando papéis que tragam maior robustez à sua carreira.

Fuga de Pretória’ é um longa original TNT, com estreia em breve no canal de televisão. É também um dos primeiros filmes inéditos a estrear na reabertura das salas de cinema brasileiras, com exibição, inclusive, no recém inaugurado Alpha Cine Drive-In, em São Paulo. É um bom filme, que prende nossa atenção pela criatividade engenhosa dos personagens, cujo nível de elaboração surpreende.

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