quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Garota da Moto – Maria Casadevall PROVA que filmes de ação brasileiros são bons

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Existe um filão dos filmes de ação que atrai um público mais diversificado, pois são aqueles protagonizados por mulheres. A frequência com que esse tipo de filme tem estrelado nos cinemas e nas plataformas de streaming tem aumentado, justamente porque o público está interessado em ver mulheres em pé de igualdade ao protagonismo masculino nesse gênero de filme, como em ‘Atômica’ e ‘Operação Red Sparrow’. O mais recente representante desse grupo é ‘Garota da Moto’, longa nacional que acaba de estrear nos cinemas brasileiros.



Joana (Maria Casadevall) é mãe solteira de Nico (Kevin Vechiatto), mora com os pais em São Paulo e, para pagar as contas, trabalha como motogirl. Ela tem um passado obscuro, pois o pai de Nico era alguém importante que, depois de morto, fez com que ela tivesse que fugir desse meio para proteger o filho. Apesar de trabalhar entregando encomendas pela cidade, Joana acaba sempre se metendo em confusões, pois, embora não seja nenhum tipo de super-herói, ela não pode ver uma injustiça acontecendo que acaba se metendo. Quando durante uma entrega Joana descobre um galpão com mulheres em situação de trabalho escravo, ela literalmente quebra tudo para proteger as funcionárias, ainda que, com isso, acabe interferindo no trabalho da polícia. Só que esta boa ação acaba refletindo na sua vida pessoal, pois o dono desse esquema é Guimarães (Roberto Birindelli), um bandido perigoso que não gosta nem um pouco de ter seu esquema escuso desfeito por uma mulher.

Com cerca de uma hora e meia de duração, ‘Garota da Moto’ é um filme de ação com boas cenas de luta, mas com uma história confusa e desinteressante. Toda a parte do passado da protagonista é contada a partir da narração da própria, e literalmente não se encaixa em nenhuma parte do longa, sem influenciar no acontecimento dos fatos. O problema consiste em o filme começar contando esse passado para ambientar o espectador, então passamos o tempo todo esperando que estes dois tempos da história se encontrem, porém isso não acontece, de modo que o background dá protagonista serve apenas para justificar a paranoia dela com relação aos outros.

Não passa despercebido o fato de os personagens em posição de poder serem nomeados por seus sobrenomes – Ribeiro, Guimarães, Peixoto –, sejam eles bandidos ou mocinhos. Neste quesito, os bandidos não convencem, seja em suas motivações, seja na interpretação do elenco. Duda Nagle como delegado de polícia, querendo falar grosso com as mulheres do longa e botar banca até mesmo para o chefão do crime dá fica destoante com a proposta do filme de ação e até mesmo com a credibilidade do espectador.

O grande lance de ‘Garota da Moto’ é mesmo as cenas de ação, bem coreografadas e convincentes. Maria Casadevall brilha no protagonismo e mostra que é extremamente capaz de conduzir um filme de ação, estrelando ela mesma as cenas de luta. Para quem curte o gênero, é uma boa dica. Com uma pegada de filme de justiceiro versus bandidagem e uma protagonista badass estilo Lisbeth Salander, ‘Garota da Moto’ deixa no ar a possibilidade de uma continuação.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Joana (Maria Casadevall) é mãe solteira de Nico (Kevin Vechiatto), mora com os pais em São Paulo e, para pagar as contas, trabalha como motogirl. Ela tem um passado obscuro, pois o pai de Nico era alguém importante que, depois de morto, fez com que ela tivesse que fugir desse meio para proteger o filho. Apesar de trabalhar entregando encomendas pela cidade, Joana acaba sempre se metendo em confusões, pois, embora não seja nenhum tipo de super-herói, ela não pode ver uma injustiça acontecendo que acaba se metendo. Quando durante uma entrega Joana descobre um galpão com mulheres em situação de trabalho escravo, ela literalmente quebra tudo para proteger as funcionárias, ainda que, com isso, acabe interferindo no trabalho da polícia. Só que esta boa ação acaba refletindo na sua vida pessoal, pois o dono desse esquema é Guimarães (Roberto Birindelli), um bandido perigoso que não gosta nem um pouco de ter seu esquema escuso desfeito por uma mulher.

Com cerca de uma hora e meia de duração, ‘Garota da Moto’ é um filme de ação com boas cenas de luta, mas com uma história confusa e desinteressante. Toda a parte do passado da protagonista é contada a partir da narração da própria, e literalmente não se encaixa em nenhuma parte do longa, sem influenciar no acontecimento dos fatos. O problema consiste em o filme começar contando esse passado para ambientar o espectador, então passamos o tempo todo esperando que estes dois tempos da história se encontrem, porém isso não acontece, de modo que o background dá protagonista serve apenas para justificar a paranoia dela com relação aos outros.

Não passa despercebido o fato de os personagens em posição de poder serem nomeados por seus sobrenomes – Ribeiro, Guimarães, Peixoto –, sejam eles bandidos ou mocinhos. Neste quesito, os bandidos não convencem, seja em suas motivações, seja na interpretação do elenco. Duda Nagle como delegado de polícia, querendo falar grosso com as mulheres do longa e botar banca até mesmo para o chefão do crime dá fica destoante com a proposta do filme de ação e até mesmo com a credibilidade do espectador.

O grande lance de ‘Garota da Moto’ é mesmo as cenas de ação, bem coreografadas e convincentes. Maria Casadevall brilha no protagonismo e mostra que é extremamente capaz de conduzir um filme de ação, estrelando ela mesma as cenas de luta. Para quem curte o gênero, é uma boa dica. Com uma pegada de filme de justiceiro versus bandidagem e uma protagonista badass estilo Lisbeth Salander, ‘Garota da Moto’ deixa no ar a possibilidade de uma continuação.

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