sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Godzilla Vs Kong – Um maravilhoso Open Bar de porrada de monstros

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Em meio a tanto caos, morte e destruição que vivemos nos tempos de pandemia, nada como escapar do mundo real prestigiando caos, morte e destruição nos cinemas. Ou, neste caso, no streaming. Estreou hoje nos cinemas e no HBO Max, nos países em que a plataforma já chegou, Godzilla Vs Kong, um dos filmes mais aguardados dos últimos anos e que chega com a missão de subir o nível do MonsterVerse da Warner.

Spoiler: ele consegue!



Mas antes de começar a falar mesmo sobre o filme, é curioso ver como ele acabou sendo impulsionado pela pandemia. Com a ausência de grandes filmes chegando aos cinemas no último ano, a maioria dos estúdios começou a postergar o lançamento de suas maiores produções na expectativa de que a vacina chegasse e chutasse o coronavírus para longe da nossa realidade. Infelizmente, a vacinação ainda não chegou para todos e os cinemas continuam fechados em algumas partes do mundo, enquanto algumas salas até estão abertas, mas funcionando com baixa capacidade. Nesse cenário, o público ficou ansioso por um blockbuster daqueles que faziam a gente pagar caríssimo num ingresso Imax só para prestigiá-lo num telão colossal com som nas alturas e um par de óculos que mais parecia uma máscara de mergulho. Então, na ausência dessa possibilidade, o lançamento de Godzilla Vs Kong no streaming veio como um sopro atômico de esperança para aqueles que não aguentavam mais ver filmes indies, de baixo orçamento ou filmes repetidos na televisão. Nada disso! Agora é um filmaço inédito de centenas de milhões de dólares de orçamento chegando direto na sua casa, o que é incrível. Juntamente a isso, a campanha #TeamGodzilla Vs #TeamKong movimentou o Twitter, criando debates e memes divertidíssimos, e elevando nossas expectativas ao máximo.

E a melhor parte disso tudo é que eles conseguem entregar aos fãs um filme do tamanho exato da expectativa criada por esse contexto louco em que vivemos hoje. Sim, Godzilla Vs Kong é puro suco de entretenimento, uma obra de arte do cinema de pancadaria e uma ode aos monstros gigantes das telonas. O roteiro é simples como deve ser. Kong estava sendo observado por uma organização especializada em Kaijus, quando o Godzilla, até então um herói para a humanidade, começa a realizar ataques pelo mundo de forma descontrolada. Então, quando um empresário ricaço convence um geólogo decadente (Alexander Skarsgård) a trabalhar para ele em uma exploração que vai provar ao mundo que a Terra é oca e cheia de túneis que se conectam, o grupo entende que precisam de uma criatura capaz de atravessar essas passagens para seguirem ela e atravessarem junto. Quem é essa criatura? O Godzilla. Como fazer para atraí-lo? Chamando ele para enfrentar um Titã a sua altura. Quem é esse Titã? Isso mesmo, o King Kong. Porrada vai, porrada vem, a história vai se desenvolvendo em um ritmo maravilhoso, repleto de ação e sem perder tanto tempo com o elenco humano.

E isso é um feito e tanto. Nos dois filmes do Godzilla, os momentos em que os monstros apareciam eram fantásticos, mas eles eram meio que pareciam uma recompensa pelo público aturar duas horas de dramas humanos chatos e sem sentido. Aprendendo com os erros do passado, o longa é todo construído em torno dos encontros cheios de ódio dos dois Titãs, que não se gostam, então não se importam de acabarem eventualmente matando o adversário. Com isso, o drama acaba ficando bem dosado, sendo focado na relação entre Kong e a garotinha Jia (Kaylee Hottle), que se comunicam por meio da linguagem de sinais. Mesmo sem falar uma só palavra, a dupla transmite emoções nos gestos e nos olhares. É bem interessante e não ocupa tanto tempo. Fora isso, os humanos estão ali para apenas duas coisas: agilizar a trama com uma piadinha ou ameaça, e para serem esmagados pelos dois gigantes.

Jia e Kong roubam a cena nos momentos de drama.

É realmente importante ressaltar mais uma vez que a decisão do diretor Adam Wingard de botar os humanos como personagens secundários foi a grande chave para o sucesso desse filme. Falando no diretor, ele desempenha um trabalho interessantíssimo ao abordar o Kong tanto como um personagem com camadas, não se restringindo apenas ao lado guerreiro. O gorila gigantesco acaba funcionando como um ponto de conexão humana na trama, fazendo oposição a todo o poder e brutalidade do Godzilla. O uso de câmeras dele é perfeito para quem for assistir ao filme com a expectativa de ver violência à moda antiga. Em outras palavras, a direção não adota aquele esquema de muitos cortes por sequência e também não apela para o plano-sequência. Cada cena dura o suficiente para o público apreciar cada soco, chute, mordida, rajada e machadada sem ser muito extenso ou muito picotado. Fora isso, os confrontos dos monstrões são bem criativos, capazes de extrair o melhor de cada um.

Outro ponto que merece elogios são os efeitos especiais. A tecnologia é tão bem trabalhada que provavelmente vai fazer as crianças acreditarem que o Godzilla e o King Kong existem mesmo, e que a Terra é realmente oca. Toda a ambientação é bem realista, mas sem perder a personalidade, como acontece em O Rei Leão (2019). As expressões faciais do Godzilla, que parece estar gostando mesmo da briga, são maravilhosas, assim como a expressão corporal do Kong traduz com perfeição a saudade de casa e a frustração do gorila. É um trabalho digno de aplausos, ainda mais no embate noturno, que é iluminado pelos neons da cidade, o que rende cenas belíssimas que vão empolgar muita gente. E diferentemente de outros filmes que prometem duelos mirabolantes entre dois personagens icônicos e terminam sem entregar efetivamente um vencedor, Godzilla Vs Kong termina, sim, com um campeão. Mas fiquem tranquilos, fãs do perdedor, vocês também sairão satisfeitos com o final.

Godzilla Vs Kong é um filme que se propõe a mostrar o combate entre os dois monstros mais famosos do cinema para o público curtir a pancadaria, se divertir como nunca, sair enlouquecido para comprar uma camiseta oficial e sair por aí discutindo com seus amigos sobre qual dos dois venceria numa eventual revanche. E gloriosamente é exatamente isso que ele entrega. Não espere ver discussões filosóficas ou diálogos contemplativos sobre a existência humana e como somos o câncer do planeta. Não! É um filme sobre monstros se estapeando e destruindo tudo o que aparece pela frente. Dentro dessa proposta, é uma obra de arte. Dessa forma, seria uma completa injustiça não dar 10 para um longa que entrega com tanta competência exatamente aquilo que prometeu – com direito a uma ou duas surpresas ainda por cima. Porém, essa grande aventura pipoca de ação e ficção tem um único defeito: a duração. Sério, depois de três filmes com duas horas ou mais recheadas de dramalhão besta, justamente o melhor longa do MonsterVerse chega com menos de duas horas. Se mantivessem esse nível altíssimo de ação e pancadaria, poderiam fazer Godzilla Vs Kong ser maior que a versão estendida de O Retorno do Rei que não teria o menor problema. Por conta desse detalhe e considerando toda a ação e diversão proporcionada, a nota para o melhor blockbuster de 2021 até aqui será 9,0.

Godzilla Vs Kong estreia no Brasil em 29 de abril de 2021.

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Mas antes de começar a falar mesmo sobre o filme, é curioso ver como ele acabou sendo impulsionado pela pandemia. Com a ausência de grandes filmes chegando aos cinemas no último ano, a maioria dos estúdios começou a postergar o lançamento de suas maiores produções na expectativa de que a vacina chegasse e chutasse o coronavírus para longe da nossa realidade. Infelizmente, a vacinação ainda não chegou para todos e os cinemas continuam fechados em algumas partes do mundo, enquanto algumas salas até estão abertas, mas funcionando com baixa capacidade. Nesse cenário, o público ficou ansioso por um blockbuster daqueles que faziam a gente pagar caríssimo num ingresso Imax só para prestigiá-lo num telão colossal com som nas alturas e um par de óculos que mais parecia uma máscara de mergulho. Então, na ausência dessa possibilidade, o lançamento de Godzilla Vs Kong no streaming veio como um sopro atômico de esperança para aqueles que não aguentavam mais ver filmes indies, de baixo orçamento ou filmes repetidos na televisão. Nada disso! Agora é um filmaço inédito de centenas de milhões de dólares de orçamento chegando direto na sua casa, o que é incrível. Juntamente a isso, a campanha #TeamGodzilla Vs #TeamKong movimentou o Twitter, criando debates e memes divertidíssimos, e elevando nossas expectativas ao máximo.

E a melhor parte disso tudo é que eles conseguem entregar aos fãs um filme do tamanho exato da expectativa criada por esse contexto louco em que vivemos hoje. Sim, Godzilla Vs Kong é puro suco de entretenimento, uma obra de arte do cinema de pancadaria e uma ode aos monstros gigantes das telonas. O roteiro é simples como deve ser. Kong estava sendo observado por uma organização especializada em Kaijus, quando o Godzilla, até então um herói para a humanidade, começa a realizar ataques pelo mundo de forma descontrolada. Então, quando um empresário ricaço convence um geólogo decadente (Alexander Skarsgård) a trabalhar para ele em uma exploração que vai provar ao mundo que a Terra é oca e cheia de túneis que se conectam, o grupo entende que precisam de uma criatura capaz de atravessar essas passagens para seguirem ela e atravessarem junto. Quem é essa criatura? O Godzilla. Como fazer para atraí-lo? Chamando ele para enfrentar um Titã a sua altura. Quem é esse Titã? Isso mesmo, o King Kong. Porrada vai, porrada vem, a história vai se desenvolvendo em um ritmo maravilhoso, repleto de ação e sem perder tanto tempo com o elenco humano.

E isso é um feito e tanto. Nos dois filmes do Godzilla, os momentos em que os monstros apareciam eram fantásticos, mas eles eram meio que pareciam uma recompensa pelo público aturar duas horas de dramas humanos chatos e sem sentido. Aprendendo com os erros do passado, o longa é todo construído em torno dos encontros cheios de ódio dos dois Titãs, que não se gostam, então não se importam de acabarem eventualmente matando o adversário. Com isso, o drama acaba ficando bem dosado, sendo focado na relação entre Kong e a garotinha Jia (Kaylee Hottle), que se comunicam por meio da linguagem de sinais. Mesmo sem falar uma só palavra, a dupla transmite emoções nos gestos e nos olhares. É bem interessante e não ocupa tanto tempo. Fora isso, os humanos estão ali para apenas duas coisas: agilizar a trama com uma piadinha ou ameaça, e para serem esmagados pelos dois gigantes.

Jia e Kong roubam a cena nos momentos de drama.

É realmente importante ressaltar mais uma vez que a decisão do diretor Adam Wingard de botar os humanos como personagens secundários foi a grande chave para o sucesso desse filme. Falando no diretor, ele desempenha um trabalho interessantíssimo ao abordar o Kong tanto como um personagem com camadas, não se restringindo apenas ao lado guerreiro. O gorila gigantesco acaba funcionando como um ponto de conexão humana na trama, fazendo oposição a todo o poder e brutalidade do Godzilla. O uso de câmeras dele é perfeito para quem for assistir ao filme com a expectativa de ver violência à moda antiga. Em outras palavras, a direção não adota aquele esquema de muitos cortes por sequência e também não apela para o plano-sequência. Cada cena dura o suficiente para o público apreciar cada soco, chute, mordida, rajada e machadada sem ser muito extenso ou muito picotado. Fora isso, os confrontos dos monstrões são bem criativos, capazes de extrair o melhor de cada um.

Outro ponto que merece elogios são os efeitos especiais. A tecnologia é tão bem trabalhada que provavelmente vai fazer as crianças acreditarem que o Godzilla e o King Kong existem mesmo, e que a Terra é realmente oca. Toda a ambientação é bem realista, mas sem perder a personalidade, como acontece em O Rei Leão (2019). As expressões faciais do Godzilla, que parece estar gostando mesmo da briga, são maravilhosas, assim como a expressão corporal do Kong traduz com perfeição a saudade de casa e a frustração do gorila. É um trabalho digno de aplausos, ainda mais no embate noturno, que é iluminado pelos neons da cidade, o que rende cenas belíssimas que vão empolgar muita gente. E diferentemente de outros filmes que prometem duelos mirabolantes entre dois personagens icônicos e terminam sem entregar efetivamente um vencedor, Godzilla Vs Kong termina, sim, com um campeão. Mas fiquem tranquilos, fãs do perdedor, vocês também sairão satisfeitos com o final.

Godzilla Vs Kong é um filme que se propõe a mostrar o combate entre os dois monstros mais famosos do cinema para o público curtir a pancadaria, se divertir como nunca, sair enlouquecido para comprar uma camiseta oficial e sair por aí discutindo com seus amigos sobre qual dos dois venceria numa eventual revanche. E gloriosamente é exatamente isso que ele entrega. Não espere ver discussões filosóficas ou diálogos contemplativos sobre a existência humana e como somos o câncer do planeta. Não! É um filme sobre monstros se estapeando e destruindo tudo o que aparece pela frente. Dentro dessa proposta, é uma obra de arte. Dessa forma, seria uma completa injustiça não dar 10 para um longa que entrega com tanta competência exatamente aquilo que prometeu – com direito a uma ou duas surpresas ainda por cima. Porém, essa grande aventura pipoca de ação e ficção tem um único defeito: a duração. Sério, depois de três filmes com duas horas ou mais recheadas de dramalhão besta, justamente o melhor longa do MonsterVerse chega com menos de duas horas. Se mantivessem esse nível altíssimo de ação e pancadaria, poderiam fazer Godzilla Vs Kong ser maior que a versão estendida de O Retorno do Rei que não teria o menor problema. Por conta desse detalhe e considerando toda a ação e diversão proporcionada, a nota para o melhor blockbuster de 2021 até aqui será 9,0.

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