domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Good House: Sigourney Weaver quebra a quarta parede em deliciosa comédia dramática sobre vícios

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Filme assistido durante o Festival de Toronto 2021

O humor como mecanismo de cura faz de situações dolorosas um genuíno deleite para a audiência, tornando tênue aquela linha que separa a seriedade de um confronto com a leveza de um humor despretensioso. E Sigourney Weaver se apropria exatamente disso para criar sua própria versão do subgênero coming of age, fazendo de Good House uma história de amadurecimento na melhor idade.



Subvertendo este subgênero mais comum em filmes estrelados por personagens jovens adultos, a dupla de corroteristas e codiretores Maya Forbes e Wallace Wolodarsky tece seus dois dedos de prosa a partir da ótica de uma mulher que, aos 70-e-poucos-anos, ainda peleja para se encontrar como mãe, profissional e mulher. Alcoólatra irremediável, ela é uma corretora de imóveis de uma bela região praiana, cercada por famílias “impecáveis” e cheias de segredos bem guardados. E como alguém que tenta se reerguer, sem se convencer de que a sobriedade é a única opção, ela é um trem descarrilado que – por sinal -, atrai catástrofes e desastres familiares para sua própria confusão.

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Com uma premissa um tanto comum, espera-se que Good House seja aquele indie enfadonho e pouco criativo, que patina em suas reflexões complexas por querer ser conceitual ou sofrido demais. Mas Forbes e Wolodarsky transformam a turbulenta e turva mente dessa bela e confusa protagonista em um banquete interativo e divertido, mesclando vários gêneros a ponto de proporcionar uma espécie de open bar para o público. Explorando a versatilidade de Weaver, a comédia dramática sai da sua zona de conforto com uma trama que tem suas inúmeras lições, mas as oferece sempre regadas por uma dose caprichada de um humor ácido, com muito limão e um dedo de sal.

E Sigourney Weaver se diverte e faz de Hildy Good um caos ambulante, que tenta lidar com seus traumas e fragilidade quebrando a quarta parede, sempre em busca da aprovação da audiência – à medida em que também tenta se justificar a todo momento, tipo uma alcoólatra em estágio de negação que luta contras as reuniões do AA. À vontade com a personagem e com o seu próprio corpo, a veterana rouba a cena para si, entregando uma performance muito mais madura e diferente dos seus trabalhos anteriores. Ao seu lado, a brasileira Morena Baccarin exala sua beleza, ainda que não consiga entregar mais do que já vimos no passado.

Divertida, com um toque reflexivo bem suave, a dramédia possui sua própria sensibilidade, é pontual em sua mensagem e consegue fazer o seu próprio final feliz em meio ao caos que oferece do começo ao fim da trama. Com uma direção simples e pouco significativa, Good House concentra-se em seu roteiro, cheio de obviedades, mas com uma roupagem um pouco fora do padrão. E nas mãos de Weaver, o que poderia ser filme qualquer e talvez esquecível, se torna uma bela vitrine para estampar a grandiosidade dessas atriz, que com o passar dos anos, fica cada vez melhor – como um bom vinho.

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Subvertendo este subgênero mais comum em filmes estrelados por personagens jovens adultos, a dupla de corroteristas e codiretores Maya Forbes e Wallace Wolodarsky tece seus dois dedos de prosa a partir da ótica de uma mulher que, aos 70-e-poucos-anos, ainda peleja para se encontrar como mãe, profissional e mulher. Alcoólatra irremediável, ela é uma corretora de imóveis de uma bela região praiana, cercada por famílias “impecáveis” e cheias de segredos bem guardados. E como alguém que tenta se reerguer, sem se convencer de que a sobriedade é a única opção, ela é um trem descarrilado que – por sinal -, atrai catástrofes e desastres familiares para sua própria confusão.

Com uma premissa um tanto comum, espera-se que Good House seja aquele indie enfadonho e pouco criativo, que patina em suas reflexões complexas por querer ser conceitual ou sofrido demais. Mas Forbes e Wolodarsky transformam a turbulenta e turva mente dessa bela e confusa protagonista em um banquete interativo e divertido, mesclando vários gêneros a ponto de proporcionar uma espécie de open bar para o público. Explorando a versatilidade de Weaver, a comédia dramática sai da sua zona de conforto com uma trama que tem suas inúmeras lições, mas as oferece sempre regadas por uma dose caprichada de um humor ácido, com muito limão e um dedo de sal.

E Sigourney Weaver se diverte e faz de Hildy Good um caos ambulante, que tenta lidar com seus traumas e fragilidade quebrando a quarta parede, sempre em busca da aprovação da audiência – à medida em que também tenta se justificar a todo momento, tipo uma alcoólatra em estágio de negação que luta contras as reuniões do AA. À vontade com a personagem e com o seu próprio corpo, a veterana rouba a cena para si, entregando uma performance muito mais madura e diferente dos seus trabalhos anteriores. Ao seu lado, a brasileira Morena Baccarin exala sua beleza, ainda que não consiga entregar mais do que já vimos no passado.

Divertida, com um toque reflexivo bem suave, a dramédia possui sua própria sensibilidade, é pontual em sua mensagem e consegue fazer o seu próprio final feliz em meio ao caos que oferece do começo ao fim da trama. Com uma direção simples e pouco significativa, Good House concentra-se em seu roteiro, cheio de obviedades, mas com uma roupagem um pouco fora do padrão. E nas mãos de Weaver, o que poderia ser filme qualquer e talvez esquecível, se torna uma bela vitrine para estampar a grandiosidade dessas atriz, que com o passar dos anos, fica cada vez melhor – como um bom vinho.

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