quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | ‘Guardiões da Galáxia Vol. 3’ é um sólido e EMOTIVO encerramento da trilogia de James Gunn

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Crítica livre de spoilers.

Guardiões da Galáxia Vol. 3’ tem uma abertura um tanto quanto diferente dos dois filmes anteriores: diferente da divertida sequência de ação, o público é apresentado a uma construção mais melancólica, que revela a apatia dos personagens principais e a tentativa de seguir em frente após a “morte” de Gamora (Zoë Saldaña) e sua consecutiva “ressurreição” como alguém que não se lembra de suas aventuras com os justiceiros titulares. Vemos Rocket (Bradley Cooper) cantando a clássica canção “Creep”, da banda Radiohead, enquanto Peter Quill (Chris Pratt) se afunda na bebedeira sem qualquer prospecto – amparado pela letargia inexpressiva de Nebulosa (Karen Gillan), que se torna uma espécie de “mãezona” para o grupo.



E esse é o tom que o longa-metragem, encerrando a trilogia de James Gunn iniciada quase uma década atrás, entrega para os fãs antes de se lançar a uma épica narrativa que fala, essencialmente, de identidade, família e sacrifício. Os nossos queridos Guardiões, agora confinados em Luganenhum, estão apenas esperando a próxima ameaça insurgir para que voltem à ativa – marcados por traumas e por uma angustiante sensação de que algo vai errado. Considerando as habilidades ímpares de Gunn como realizador cinematográfico (que incluem também o aclamado ‘O Esquadrão Suicida’), não é nenhuma surpresa que o resultado seja mais do que o esperado e feche com satisfação sólida uma das franquias mais adoradas do MCU – com exceção de alguns pontos que poderiam ter sido mais bem trabalhados.

A verdade é que todos nós já sabíamos que a conclusão da trilogia tomaria um tom mais dramático, mas sem abandonar as clássicas quebras de expectativa já característica do expansivo universo da Marvel. A ideia aqui é focar, a princípio, numa nova configuração que se afasta daquela apresentada no filme de 2014 – apostando fichas em arcos que explorem as minúcias de uma psique abalada, seja de Peter, seja de Gamora, seja de qualquer um dos personagens que aprendemos a amar nesses últimos anos. E, como base para que tudo isso aconteça, nossos heróis são atacados pelo magistral Adam Warlock (Will Poulter), filho de Ayesha (Elizabeth Debicki), líder dos Soberanos – e se veem numa corrida contra o tempo para salvar Rocket de uma iminente morte.

Rocket, como bem sabemos, era um animal silvestre que serviu de cobaia pelo Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji) e seus asseclas a fim de encontrar a raça perfeita que daria uma nova guinada no universo. Entretanto, apesar de sua inteligência invejável e de seu coração puro, Rocket foi deixado de lado e, agora, está sendo caçado por seus algozes para ajudá-los a concretizar planos malignos. E é óbvio que Peter e os outros não deixariam que o amigo fosse sequestrado e, resolvendo enfrentar o Alto Evolucionário, decidem fazer o possível para salvá-lo de um tipo de coma que drena sua força vital hora após hora.

Os pontos altos do filme são cortesia de um elenco de peso e de suas respectivas performances: Cooper faz um ótimo trabalho ao encarnar a história de origem de Rocket e nos guia por um singelo e tocante enredo que nos impede de tirar os olhos das telonas; Gillan rouba os holofotes como Nebulosa (o que não é nenhuma surpresa, considerando que ela se tornou uma das favoritas do público desde sua estreia); Dave Bautista e Pom Klementieff nutrem de uma química impagável como Drax e Mantis, navegando por altos e baixos com uma naturalidade aplaudível – além de servirem como os principais escapes cômicos da história; e Iwuji surge imponente como o Alto Evolucionário em uma atuação odiosa, resgatando elementos familiares de construções vilanescas em uma investida nostálgica, bem-vinda e que faz nosso sangue ferver.

Falar da estética visual é quase desnecessário, visto que conhecemos o estilo de Gunn e de seus colaboradores; a vibrante paleta de cores reflete a alteridade do universo, oscilando entre tons explosivos das principais batalhas e a monocromia de Luganenhum, por exemplo, servindo como espelho da atmosfera que acompanha os protagonistas. Não há muito de novo a se ver por aqui, mas é notável como Gunn permanece fiel ao que já nos entregou e constrói uma linha entre os três longas-metragens.

Todavia, a obra não é livre de erros mais consideráveis, como Adam. O antagonista, que era uma das grandes promessas para a história, não tem qualquer impacto aparente e soa desconectado dos outros; Poulter faz o que pode dentro dos limites impostos pelo roteiro, motivo pelo qual não consegue acertar nem na ação, nem na comédia e muito menos nas breves incursões dramáticas de que se dispõe. Em suma, ele parece jogado em um mar de acontecimentos, eventualmente sendo esquecido até dar as caras em pequenas cenas que não têm muito o que dizer.

Guardiões da Galáxia Vol. 3’ pode ter seus erros e pode não chegar ao mesmo nível dos capítulos predecessores, mas, com certeza, é um sólido encerramento para essa trilogia. Nossos amados heróis irão deixar saudades – e, apesar do gostinho agridoce de sua despedida, ficamos ansiosos imaginando quando poderemos reencontrá-los.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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E esse é o tom que o longa-metragem, encerrando a trilogia de James Gunn iniciada quase uma década atrás, entrega para os fãs antes de se lançar a uma épica narrativa que fala, essencialmente, de identidade, família e sacrifício. Os nossos queridos Guardiões, agora confinados em Luganenhum, estão apenas esperando a próxima ameaça insurgir para que voltem à ativa – marcados por traumas e por uma angustiante sensação de que algo vai errado. Considerando as habilidades ímpares de Gunn como realizador cinematográfico (que incluem também o aclamado ‘O Esquadrão Suicida’), não é nenhuma surpresa que o resultado seja mais do que o esperado e feche com satisfação sólida uma das franquias mais adoradas do MCU – com exceção de alguns pontos que poderiam ter sido mais bem trabalhados.

A verdade é que todos nós já sabíamos que a conclusão da trilogia tomaria um tom mais dramático, mas sem abandonar as clássicas quebras de expectativa já característica do expansivo universo da Marvel. A ideia aqui é focar, a princípio, numa nova configuração que se afasta daquela apresentada no filme de 2014 – apostando fichas em arcos que explorem as minúcias de uma psique abalada, seja de Peter, seja de Gamora, seja de qualquer um dos personagens que aprendemos a amar nesses últimos anos. E, como base para que tudo isso aconteça, nossos heróis são atacados pelo magistral Adam Warlock (Will Poulter), filho de Ayesha (Elizabeth Debicki), líder dos Soberanos – e se veem numa corrida contra o tempo para salvar Rocket de uma iminente morte.

Rocket, como bem sabemos, era um animal silvestre que serviu de cobaia pelo Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji) e seus asseclas a fim de encontrar a raça perfeita que daria uma nova guinada no universo. Entretanto, apesar de sua inteligência invejável e de seu coração puro, Rocket foi deixado de lado e, agora, está sendo caçado por seus algozes para ajudá-los a concretizar planos malignos. E é óbvio que Peter e os outros não deixariam que o amigo fosse sequestrado e, resolvendo enfrentar o Alto Evolucionário, decidem fazer o possível para salvá-lo de um tipo de coma que drena sua força vital hora após hora.

Os pontos altos do filme são cortesia de um elenco de peso e de suas respectivas performances: Cooper faz um ótimo trabalho ao encarnar a história de origem de Rocket e nos guia por um singelo e tocante enredo que nos impede de tirar os olhos das telonas; Gillan rouba os holofotes como Nebulosa (o que não é nenhuma surpresa, considerando que ela se tornou uma das favoritas do público desde sua estreia); Dave Bautista e Pom Klementieff nutrem de uma química impagável como Drax e Mantis, navegando por altos e baixos com uma naturalidade aplaudível – além de servirem como os principais escapes cômicos da história; e Iwuji surge imponente como o Alto Evolucionário em uma atuação odiosa, resgatando elementos familiares de construções vilanescas em uma investida nostálgica, bem-vinda e que faz nosso sangue ferver.

Falar da estética visual é quase desnecessário, visto que conhecemos o estilo de Gunn e de seus colaboradores; a vibrante paleta de cores reflete a alteridade do universo, oscilando entre tons explosivos das principais batalhas e a monocromia de Luganenhum, por exemplo, servindo como espelho da atmosfera que acompanha os protagonistas. Não há muito de novo a se ver por aqui, mas é notável como Gunn permanece fiel ao que já nos entregou e constrói uma linha entre os três longas-metragens.

Todavia, a obra não é livre de erros mais consideráveis, como Adam. O antagonista, que era uma das grandes promessas para a história, não tem qualquer impacto aparente e soa desconectado dos outros; Poulter faz o que pode dentro dos limites impostos pelo roteiro, motivo pelo qual não consegue acertar nem na ação, nem na comédia e muito menos nas breves incursões dramáticas de que se dispõe. Em suma, ele parece jogado em um mar de acontecimentos, eventualmente sendo esquecido até dar as caras em pequenas cenas que não têm muito o que dizer.

Guardiões da Galáxia Vol. 3’ pode ter seus erros e pode não chegar ao mesmo nível dos capítulos predecessores, mas, com certeza, é um sólido encerramento para essa trilogia. Nossos amados heróis irão deixar saudades – e, apesar do gostinho agridoce de sua despedida, ficamos ansiosos imaginando quando poderemos reencontrá-los.

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