sábado , 7 dezembro , 2024

Crítica HBO | Free Fire: O Tiroteio – Brie Larson e Armie Hammer na produção de Scorsese

Cego em Tiroteio

Antes de ser o gênio da sétima arte como o conhecemos, Martin Scorsese foi um cinéfilo de carteirinha. Tal estigma, o diretor, considerado o maior em atividade, ainda carrega consigo. É justamente por isso que ele, de tempos em tempos, se envereda por descobrir novos talentos e banca-los.

A bola da vez é o britânico Ben Wheatley, que chamou atenção em 2012 com a comédia criminal Turistas (Sightseers), sucesso nos festivais de Cannes e Rio. Wheatley, desta vez apadrinhado pelo icônico cineasta, segue pelo cinema de gênero, dominando bem sua narrativa. Com Free Fire – lançado direto no mercado de vídeo brasileiro – o inglês elenca um timaço num longa que pode ser considerado muita estética sobre substância.



Investindo nos subgêneros do cinema policial e criminal da década de 1970 – o filme se passa em 1978 – Wheatley acerta na mosca o clima (direção de arte, figurinos, maquiagem, fotografia), mas exibe seu calcanhar de Aquiles em uma narrativa ditada por balas acima de diálogos, que demonstra cansaço mesmo em seus curtos 91 minutos de projeção.

Na trama, escrita pelo próprio diretor (em parceria com a esposa e usual colaboradora Amy Jump), dois grupos de criminosos se encontram num galpão abandonado para realizar um negócio quente: um grupo deseja comprar armas e o outro, vender. Devido a um tolo mal-entendido – literalmente uma briga de bar entre capangas dos grupos distintos – a temperatura começa a subir, logo fazendo o chumbo voar.

O elenco, como dito, é recheado de nomes conhecidos, todos obviamente visando a chance de trabalhar com o promissor talento britânico, mas acima de tudo com o lendário Scorsese. Em tela desfilam Sharlto Copley, Sam Riley, Cillian Murphy, Noah Taylor, Patrick Bergin, Jack Reynor e Michael Smiley. Os chamarizes, no entanto, sãos as presenças de Brie Larson – em seu primeiro filme lançado pós-Oscar por O Quarto de Jack – e Armie Hammer (sensação da última temporada de prêmios por seu desempenho em Me Chame Pelo Seu Nome).

Free Fire: O Tiroteio tem como principal fraqueza a definição de seu público-alvo. Explico. Já ouviram a expressão: “este filme foi feito para quem?”, pois bem, ela poderia ser facilmente proferida para o longa de Wheatley. Primeiro, porque para o público adulto, que geralmente compra este tipo de produto, é enérgico demais, como dito, favorecendo a ação ao invés de diálogos para a narrativa, ou desenvolvimento de personagens. O desenvolvimento até ocorre, mas empacotado junto da adrenalina incessante.

E segundo, porque possui a forma de um filme geralmente consumido pelo público mais jovem – este por sua vez encontrará barreira na roupagem da época retratada. Free Fire atinge assim um espaço de vácuo entre públicos. A produção reserva certas similaridades estruturais com a última obra-prima de Quentin Tarantino, Os Oito Odiados – já que se passa em sua grande parte num único ambiente, no qual tipos perigosos se aventuram num jogo de paciência até que aos poucos comecem a explodir.

O fato apenas cria mais curiosidade ao pensarmos como ficaria o material se tratado por gente como Tarantino, ou o próprio Scorsese. Free Fire tinha uma boa ideia e potencial para ter se tornado um marco para o subgênero. O resultado, porém, se mostra apenas um divertido passatempo sem muita ressonância.

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A bola da vez é o britânico Ben Wheatley, que chamou atenção em 2012 com a comédia criminal Turistas (Sightseers), sucesso nos festivais de Cannes e Rio. Wheatley, desta vez apadrinhado pelo icônico cineasta, segue pelo cinema de gênero, dominando bem sua narrativa. Com Free Fire – lançado direto no mercado de vídeo brasileiro – o inglês elenca um timaço num longa que pode ser considerado muita estética sobre substância.

Investindo nos subgêneros do cinema policial e criminal da década de 1970 – o filme se passa em 1978 – Wheatley acerta na mosca o clima (direção de arte, figurinos, maquiagem, fotografia), mas exibe seu calcanhar de Aquiles em uma narrativa ditada por balas acima de diálogos, que demonstra cansaço mesmo em seus curtos 91 minutos de projeção.

Na trama, escrita pelo próprio diretor (em parceria com a esposa e usual colaboradora Amy Jump), dois grupos de criminosos se encontram num galpão abandonado para realizar um negócio quente: um grupo deseja comprar armas e o outro, vender. Devido a um tolo mal-entendido – literalmente uma briga de bar entre capangas dos grupos distintos – a temperatura começa a subir, logo fazendo o chumbo voar.

O elenco, como dito, é recheado de nomes conhecidos, todos obviamente visando a chance de trabalhar com o promissor talento britânico, mas acima de tudo com o lendário Scorsese. Em tela desfilam Sharlto Copley, Sam Riley, Cillian Murphy, Noah Taylor, Patrick Bergin, Jack Reynor e Michael Smiley. Os chamarizes, no entanto, sãos as presenças de Brie Larson – em seu primeiro filme lançado pós-Oscar por O Quarto de Jack – e Armie Hammer (sensação da última temporada de prêmios por seu desempenho em Me Chame Pelo Seu Nome).

Free Fire: O Tiroteio tem como principal fraqueza a definição de seu público-alvo. Explico. Já ouviram a expressão: “este filme foi feito para quem?”, pois bem, ela poderia ser facilmente proferida para o longa de Wheatley. Primeiro, porque para o público adulto, que geralmente compra este tipo de produto, é enérgico demais, como dito, favorecendo a ação ao invés de diálogos para a narrativa, ou desenvolvimento de personagens. O desenvolvimento até ocorre, mas empacotado junto da adrenalina incessante.

E segundo, porque possui a forma de um filme geralmente consumido pelo público mais jovem – este por sua vez encontrará barreira na roupagem da época retratada. Free Fire atinge assim um espaço de vácuo entre públicos. A produção reserva certas similaridades estruturais com a última obra-prima de Quentin Tarantino, Os Oito Odiados – já que se passa em sua grande parte num único ambiente, no qual tipos perigosos se aventuram num jogo de paciência até que aos poucos comecem a explodir.

O fato apenas cria mais curiosidade ao pensarmos como ficaria o material se tratado por gente como Tarantino, ou o próprio Scorsese. Free Fire tinha uma boa ideia e potencial para ter se tornado um marco para o subgênero. O resultado, porém, se mostra apenas um divertido passatempo sem muita ressonância.

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